- Taís
Luso
Há poucos dias, passei por
detrás de um móvel aqui de casa e vi algo pequenino no chão. Me
agachei para ver mais de perto. Era um filhote de lagartixa, tão
pequenina, tão sozinha e desprotegida que resolvi deixá-la onde
estava. Fiquei com pena de enxotá-la. Ficaria muto solitária. E a
elegi como a mascote da casa, afinal, nenhum mal faria, e quando
crescesse, ajudaria a limpar a casa: fora os invasores! E ali
ficou, quietinha, talvez com medo de mim, e tentando sobreviver.
Abandonada. Não tinha mais de dois centímetros. Era quase transparente.
Fechei as janelas e saí dali.
No dia seguinte voltei ao lugar, olhei para o chão e o bichinho
ali. Me agachei, peguei e vi que tinha morrido, ficou durinha, e
fiquei com muita pena, tanto é que não a esqueci. Não sei o que
houve, talvez alguém passou por ali e pisou no bichinho, sem vê-lo.
Era uma vida. Uma guerreira tentando sobreviver num mundo hostil.
Por que vim para o computador
escrever sobre esse bichinho? Por que estou segurando minhas
emoções?
Revirei minhas memórias. Tudo
tem a ver com várias perdas recentes dos nossos animaizinhos de
estimação. Os sentimentos se interligam. Escrevo hoje sobre a
lagartixa, mas sobre os nossos animais, que perdemos não faz muito,
não consegui escrever nada. Jamais conseguiria um texto à
altura daquele amor, tanto da parte deles como da nossa família. E também senti que jamais eu conseguiria suportar uma narrativa
maior. Um amor tão verdadeiro não
precisa de muito espaço.
Até uma notinha basta para se juntar às
minhas memórias.
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Meu carinho a todos.
É tão frágil o bichinho
ResponderExcluirE um ou outro se lixa
E está ali, pobrezinho
A pequena lagartixa
Taís querida,
ResponderExcluirsempre bom vir aqui. A sua história me remeteu a algo que aconteceu comigo. Se me permite vou contá-la rapidinho. Quando minha avó faleceu fui a "fortona". Cuidei da minha mãe e da minha tia que naquele momento precisavam mais que eu. Minha avó foi uma pessoa muito importante na minha vida. Morou conosco durante praticamente toda minha infância. Passado alguns meses uma amiga perdeu a avó e ninguém conseguia entender o meu choro, afinal aquela senhora não era nada minha. Mas eu sabia que aquele momento foi muito importante para que eu me permitisse chorar tudo que eu não pude com a minha vozinha querida.
Um dia, um pequena frecha se abre e eis aí a nossa chance de deixar o coração falar...
Grande abraço minha amiga
Leila Rodrigues
TQÍS, DE UMA SIMPLES LAGARTIXA( MAS QUE ME ASSUSTA SEMPRE!), FOSTE ATÉ A SAUDADE DOS TEUS BICHINHOS.Essa é dolorida sempre e nem gosto de lembrar... bjs ainda praianos,chica
ResponderExcluirTais é muito difícil quando falamos sobre perdas dos nossos animais de estimação.
ResponderExcluirUm adorável cão que pegamos com três meses e durou até completar 16 anos,quando partiu choramos muito e até hoje (foi em 2008)não dá para esquecê-lo.
Gostei muito do seu texto,apesar de não gostar muito de lagartixas.rs
Bjs-Carmen Lúcia.
Sinto muito pelos seus animais! Também passei por estas perdas, e é exatamente como se agente estivesse perdendo alguém da família. Foi para mim...
ResponderExcluirFicamos tão sensíveis, que basta alguém nos esbarrar que o choro arrebenta. Basta andar pela rua e ver alguém com um cachorrinho e a gente já chora.
Jurei que nunca mais teria cachorros. Não cumpri meu juramento, graças a Deus.
Olá, Taís. Também passei por perda de meus animais e sei o que é. Sinto muito pelos seus...
ResponderExcluirMas na vida a gente vem para ir ganhando e perdendo.
Ficamos tão sensíveis nessas ocasiões, que se esbarrarmos em um galho de árvore já é o suficiente para fazer a gente chorar. E acho que é bom chorar.
O melhor é deixar esvaí-las pelas margens como você o fez e tornar-se uma discreta conversa com os amigos.
ResponderExcluirAbraços, Taís!
Aconteceu-me a mim já varias vezes e sei do que falas. Um dia deu um ataque num canário, retirei-o do viveiro, enquanto rebolava no chão, libertei a fêmea que estava em apuros. Ficou junto dele até morrer duas horas depois. Entrou no viveiro dando a notar um estado de solidão.
ResponderExcluirEles fazem falta, este mundo é deles.
Bjs
Ah... as perdas dos nossos animais de estimação são sofridas! Pois é assim, respeitar a vida, e amar-los tanto, tanto, que nem dá pra mensurar o quanto....Resta-nos guardá-los na lembrança e enxugar alguma lagriminha se por vezes teima em voltar. Emoções, belo texto!!! Bjs.
ResponderExcluirIrmãzinha, quando essas perdas acontecem sempre morremos um pouco também. Para quem ama animais eles ficam muito humanizados e passam a ser membros da família, todos aqui em casa somos amantes incondicionais de animais e sofremos muito não só com a morte deles, mas muito mais em ver os que não nos pertencem sendo mal tratados, com fome e frio. Deus que me perdoe mas pego uma raiva tão grande desses seres humanos, que maltratam esses bichinhos que chego a desejar que morram para libertar os pobres animais.
ResponderExcluirSeu texto me emocionou, sua piedade pela lagartixa mostra seu grande coração. Lágrimas de saudades por nossos bichinhos levam muito tempo para secar.
Um abração afetuoso,
Léah
Um texto cheio de emoção. Às vezes delegamos nos animais que perdemos, todas as perdas das nossas vidas. Aconteceu com a lagartixa que a sensibilizou por ser frágil... Gostei muito.
ResponderExcluirUm beijo.
Minhas emoções também tropeçam neles mas sobretudo nas "cobritas" que volta e meia cruzam meu caminho!
ResponderExcluirBj amigo
Um texto de uma grande sensibilidade.
ResponderExcluirEu tenho um enorme respeito por todos os seres vivos.
Todos devem sentir a dor, o abandono...os maus tratos!!!
Sei também amiga, o que é a perda "dos nossos animais, dos nossos
queridos amigos" e quanto sofro quando isso sucede, ficando sem
possibilidade de escrever após o acontecimento.Tenho as fotos de
todos os animais que tive ao longo da m/vida, guardadas como as
da família.
Um beijinho de muita amizade.
Irene Alves
Em adolescente, mantive por vários dias, atrás do frigorífico
ResponderExcluirum ratinho muito amoroso, dos que parecem de brinquedo com as
grandes orelhinhas muito redondas...
Com medo da falta de higiene, só contei ao meu pai onde estava,
depois dele prometer e jurar que não lhe faria mal algum.
Animais de estimação são como pessoas de família, inesquecíveis.
Gostei muito do seu 'post', Taís.
Para nós começa o verão, para vós o inverno...
Então, que seja para vós, um inverno feliz.
~~~ Um abraço luso. ~~~
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As perdas sempre nos causam um grande abalo emocional
ResponderExcluirE a sua narrativa está permeada de emoção
Muito tocante esse amor pelos animaizinhos e como é fácil compreendê-la
Por vezes faltam-nos palavras para expressar uma homenagem para aqueles que tanto amamos
Uma semana iluminada
Beijos
Querida Taís,
ResponderExcluirCompreendo profundamente este teu sentir, o amor dos nossos
animaizinhos de estimação é de uma partilha do amor puro,
incondicional e pertencem na inscrição de um espaço
especial da memória, a memória da alma!...
Beijo e abraço solidário.
Senti a mesma identificação ao lê-la!
ResponderExcluirBeijinhos, bom dia :)
compreendo, cara amiga, a perda dos animais de estimação é algo muito doído, porque o animal é parte da família.
ResponderExcluirUm abração. Tenhas um bom dia, nublado por enquanto, talvez à tarde surja o sol...
Olá Tais! Ao ler esta tua bela crônica, lembrei-me de um querido cão Pastor Alemão que criei. Quando alguém, mesmo brincando, elevava a voz para qualquer um de nós da família, ele já começava a rosnar. Rsrs.
ResponderExcluirBeijos,
Furtado.
Seu texto me emocionou. Tive uma experiência com a perda de uma cachorra, já faz algum tempo. E conclui que é muito difícil deixar ir. Principalmente quando somos muito ligados a eles. Até hoje sinto falta dela. Muita paz!
ResponderExcluirBoa noite Querida Tais.
ResponderExcluirNem quero imaginar a sua dor ao perder seus animais de estimação. Pois com toda a sinceridade amo mais Lila a cachorrinha do que muitos até familiares. É uma parte da gente. Nossa melhor companhia. Deve ser uma experiência terrível. A minha filha tinha perdido uma chamava-se Laira. Ela gritava mãe tira essa dor de mim. Mas ficamos com ela apenas dias. E a nossa Lila tem dois anos, dorme com a gente etc. Por isso fico triste pela perdas de vocês. Imagino como deve doer a saudade. Quanto a indefesa largartixa, sou sensível da mesma forma sua. Não gosto de matar nem formiga. Fico as vezes observando as formigas trabalhado em grupo e isso me fez não matar mais nem insetos. O seu relato emocionante nós mostra mais uma vez à sua humanidade e sensibilidade. Um feliz São João para você , o Pedro e toda familia. Enorme abraço.
Nunca tive animais de estimação, mas entendo o amor que se tem por eles; são muito mais fiéis que certos humanos; no Brasil tive uma fila brasileiro que veio para casa depois do desmame e foi criada connosco; morreu de velhice, mas já eu morava em Portual; ficou com o casal que me comprou a casa. Aqui moro em apartamento e considero que nenhum animal seria feliz criado assim, por isso não tenho A minha filha tem um cahorrinho e já me afeiçoei a ele; é um encanto, e será uma dor grande quando um dia se for. Quanto aos outros animaizinhos que nos aparecem em casa, em geral não mato, a não ser aqueles mais nojentos, por exemplo, barata ou centopeia e neste caso não me aflijo nada, pego no insecticida e pronto. Tais, obrigada pela partilha das tuas emoções e fica bem. Um beijinho
ResponderExcluirEmilia
Minha querida amiga Tais, não me surpreendo esta emoção a flor da pele que com maestria consegue nos contar, pensei num conto do Caio Fernando Abreu em havia uma lagartixa morando num quadro no apartamento do personagem, que ele chamava carinhosamente de Keykendal, uma famosa marca de meia na época. Não existe mais esta preocupação, ou pelo menos, cada vez mais rara, a preocupação com o próximo, uma lagartixa, um mendigo na calçada, uma criança descalça...e nestas pequenas poções, ela era bem pequena, que podemos ver a imensidão do amor que existe dentro de nós, dentro deste coração cuja a dona é minha amiga Tais...E essa coisa de amor, amar, eu experimentei e te contei com meu cão Teimoso, que achei e adotei, tem minha mãe que não sei como vai ser viver sem o amor dela. Mas o bichinho era pequeno mesmo, mas teu coração não.
ResponderExcluirps. Carinho respeito e abraço.
Ps2Querida amiga Tais, obrigado, mil vezes obrigado por se fazer presente em momentos tão tristes e bobos, pois não deveríamos pensar assim, mas eu penso, e isso é verdadeiro, ainda bem que não quero morrer de verdade. Obrigado sempre por tuas palavras, não pude ir na Chica ainda agradecer também. Deus gosta de mim, nunca me deixa só e trás sempre os melhores amigos.
ps3 Tenho a impressão que é mais de uma vez que faço este comentário, acho que sonhei...
Oi Taís, posso sentir o que voce passou e passa com estas perdas, porque na realidade eles se tornam parte de nós. EM criança morando lá num cantão das Gerais, tive vários bichos e entendia a partida deles. E quando vim para a selva de pedra com suas regras de exclusão de animais, deixei de te-los. Mas acho tão lindo este amor, esta dedicação.
ResponderExcluirBonita expressão do seu belo sentimento.
Um carinhoso abraço amiga.
Bjs de paz no seu coração.
Emocionada fiquei eu agora...Lindas suas letrinhas...linda sua emoção e a sua transparência no contar... beijos querida Taís !
ResponderExcluirQuando amamos os menores insetos estamos alcançando os maiores universos! abração
ResponderExcluirVocê me emocionou com o seu doce texto, Taís
ResponderExcluirA dor da perda de um bichinho é mesmo enorme...
Ainda hoje, sinto falta do meu Pepi(poodle) e do meu gatinho Xixo.
Fique bem, querida.
Um beijinho gelado de
Verena e Bichinhos.
Querida Taís,
ResponderExcluirConseguiu com esta texto emotivo acerca da pobre lagartixa, envolver e envolver-nos na dor que é perder um animal de estimação.
Muitas vezes o que não dizemos diz mais do que mil palavras.
Um beijinho solidário e amigo
Oi, querida Amiga, Tais Luso !
ResponderExcluirPosso, sim, medir o tamanho da tua bela sensibilidade.
Salvei um filhote de passarinho, um sanhaçu, em condições
idênticas a tua lagartixa. Cuidei dele por seis anos...
ainda estou sofrendo muito. Tornou-se meu grande amigo.
Parabéns pelo lindo texto e por esse generoso coração.
Um carinhoso abraço.
Sinval.
Esse coração de manteiga......!!
ResponderExcluirBeijo
Que lindeza de prosa, galega. Aqui no nordeste esse bicho a gente chama de "vibra", que só sai a noite e fica nas paredes geralmente comendo insetos. Lagartixa é aquela dos quintais, do muros, maior pouca coisa e cinzenta. Entendo o que quer dizer sobre o respeito a vida, independente que seja do tamanho de uma formiga, elefante, baleia, inseto... Vida é vida. Acho que já te contei da historia das baratas que eu só mato dentro de casa, na rua não, deixo que entre na casa do vizinho... Pois é. Beijos!
ResponderExcluirA sua generosidade é o reflexo da sua alma de criança que jamais te deixará envelhecer!
ResponderExcluirAs pequenas criaturas da nossa infância, os animais de estimação, viverão conosco em todos os tempos!
Beijos, amiga Tais!
Por vezes, uma coisa leva a outra, e tudo se interliga cá por dentro...
ResponderExcluirA morte de um bichinho indefeso, originou lembranças de outros bichinhos de estimação... que fizeram parte da sua vida, por bom tempo...
Não faz muitos anos, perdi um rouxinol do Japão, que tive durante 20 anos, e que me fez imensa pena...
Foi-me oferecido num dia de Natal... e morreu num dia de Natal...
De alguma forma... tudo nesta vida, sempre se interliga...
Beijinhos
Ana
Como eu te entendo, minha querida Tais.
ResponderExcluirMas o que está aí dentro saltará, daqui a um tempo, cá para fora, em forma de palavra assente em sentimento.
Tenho dois textos: um de meu gato (que não é o único, mas que virou palavra) que eu amei de paixão e outro de um pequeno cão, tão pequeno quanto foi a sua vida. Mas há uma outra palavra que tem que ser escrita e que, depois de tantos anos já passados, ainda está a ser levedada, ganhando coragem de ser amassada no sentimento e saltar para fora, para, de alguma forma, aliviar a dor que ainda vive. Sei, tenho consciência, que, para alguns, estes sentimentos são ridículos, mas... sentimento não é para ser entendido nem justificado é para viver, segundo a capacidade da alma.
Um bj no seu coração