Para
a construção de Philogônio, comecei dando umas
olhadas na
vida dos outros; aquela
coisa básica. E peguei no tranco. Tantas manias, tantas neuroses,
coisas hilárias, outras dramáticas. A
vida em detalhes.
Homem
de físico atarracado, com rosto enorme,
olhos de rato e espertos. Mantinha
seus cabelos pintados, de uma tinta
vagabunda, no
qual pretendia
disfarçar a
ação do tempo.
Ainda trazia, a reboque, um bocão
de trovador.
Criatura desprovida de
traços
agradáveis.
Este era o perfil
de Philogônio Othão, 55 anos, brasileiro, casado, hipocondríaco. E neurótico.
-
Arminda! - gritava ele - toma este calmante aqui...
-
Mas eu tô calma, homem, tô quieta, vendo
minha novela!
- Esta tua novela me dá nos nervos!
Indignada
e de
saco cheio pelas implicâncias, Arminda levantou-se,
apagou a
televisão, bateu a porta do quarto. Sumiu.
Porém,
dentre tantas manias, o
homem era um obcecado colecionador de anéis
de mindinho. Era o único dedo pintado. Coisa que Arminda
odiava, esquisito aquilo.
Philogônio,
sempre trabalhou em farmácias, e tendo
adquirido grande experiência no ramo, não
foi difícil ser chamado para gerenciar uma rede de farmácias.
Faceiro, o hipocondríaco, parecia estar no paraíso! Lá foi ele, com seu mindinho
purpurinado
e com seu horroroso bocão, gerenciar a tal rede. Era
bom articulador. Rodeado de toda alopatia e
homeopatia existente, era
a alegria dos desesperados
.
Mas
nem só a obsessão pelos remédios e hospitais caracterizava
Philogônio: era
o tipo da criatura que todos achavam
esquisita.
Não tinha carisma, nada! Bastante grosso, e machista, ainda colecionava lanternas! Costumava
caminhar em briques à procura de algo bem diferente. Na verdade, serviam, apenas, para iluminar
suas idas e vindas ao banheiro, coisa de maníaco, mas distraidamente direcionava o foco de luz para os olhos adormecidos de Arminda,
dando início a
suas noites de insônia, e apagando os seus sonhos de mulher.
Numa
de suas noites de
insônia, Arminda
ligou seu radinho de pilhas, colocou o fone de ouvido e, no escuro,
foi rodando o dial, subindo a escala indicadora. Num certo momento,
parou numa emissora e achou interessante o leve som pfiurrr,
pfiurrr...
mais parecendo chicotadas numa noite de
vendaval.
Coisa romântica - pensou
ela. Mas, ao
trocar as
estações, percebeu que o ruído
continuava presente em todas as emissoras. Já irritada, desligou a
geringonça, tirou o fone de ouvido e, para
seu espanto, as chicotadas continuavam: pfiurrr...
pfiurrr... Olhou
para o lado e... filho da mãe!
Era ele! Philogônio sonhava e se babava
feliz, acalentado por aquele ruído infernal, que a princípio
encantara a desencantada Arminda.
Hoje
não sei mais de Philogônio; nem por onde anda, e nem o que faz. Mas
deve andar por aí borboleteando com aquele seu bocão,
e refestelando-se com o safado daquele mindinho arrogante,
que nunca desceu pela goela de Arminda.
Arminda? também nunca mais a vi... Deve ter dado no pé...
Coitada.
Boa noite, querida Tais, ah! muito engraçado este tal Philogônio, interessante sua criatividade para o tal personagem. Seu conto é no mínimo, hilário, mas ao mesmo tempo causa pena. Fiquei com dó da Arminda que não podia nem sonhar seus sonhos e teve que viver o sonho dele rsssssss. Devem estar por aí. Beijos!
ResponderExcluirA começar pelo nome, adorei a descrição desse tal Philogônio... Só tu mesmo! Adorei e ri muito imaginando a cena( bem real) do ronco ao lado e o travesseiro babado,rs Arre!
ResponderExcluirADOREI! Lindo domingo! bjs, chica
Sí que era extraño....desde su nombre....Muy creativa y amena presentación, Tais...
ResponderExcluirMe encantó y reí bastante!!!
Un abrazo
Cristina
Amiga Tais, nossa, que bem escrito conto e rir é o que nos faz, isso é difícil em literatura, bem sabes que é mais fácil fazer chorar do que rir!
ResponderExcluirEmbora aqui se possa chorar de pena da coitada da Arminda, pois ninguém merece um Philogônio em sua vida,rsrsrs!
Amei ler, tenhas um lindo domingo!
Abraços apertados!
Quantos casais "Philogônio & Arminda" não conhecemos, não é mesmo? Uma crônica atualíssima e de um humor refinadamente sarcástico, Taís! Valeu mesmo. Adorei!
ResponderExcluirAbraço.
O Conto
ResponderExcluirBastante seja por tudo mais um ponto
Nada se veja em frente aparentemente
Bem mais amigo se levante um conto
O qual seja contido e que não mente.
Que seja bom enquanto dure o desejo
De contar um conto há muito desejado
De se fazer ouvir mostrando um ensejo
Que o conto bem melhor seja contado.
Porém que o desejo se encaixe então
Num tão belo conto que se faça arte
E que espalhe amoque pelo mundão.
E se for possível seja o texto baluarte
O conto que faz a Taís, com emoção
E que a humanidade seduza destarte.
Un buen personaje creado con tu imaginación nos has dejado un relato para pasar un buen rato, un feliz domingo.
ResponderExcluirGostei do humor bem satirizado desta crônica
ResponderExcluirE quantos assim existem não é?
Até uma Arminda não aguente o bobalhão e resolva dar no pé
Parabéns pela crônica soberba Taís
Beijos
Não sei de quem tenha mais pena: se do Philogônio Othão,
ResponderExcluirou da sofredora Arminda.....
Deus os guarde....rsrsrs
Boa semana
Beijo
Oi irmãzinha Taís
ResponderExcluirJá comecei a rir do nome que você arranjou para o personagem Philogônio Othão !!!
Ontão, ou melhor então um cara que mulher alguma aguentaria, nem sei como Arminda aguentou tanto, vai entender. Deus me livre, uma peça deste tipo desfocado que mesmo vivendo com as alopatias e homeopatias não encontrou um remedinho para suas rabugices crônicas. Deve ter ido em busca do reino dos bocões :-)))...
Ótimo e hilário seu conto, estava precisando muito ler algo engraçado e bem escrito.
Beijinhos,
Léah
Lamentable historia que demuestra que solo una madre es capaz de sufrir a un hijo semejante. Lo que no termina de entenderse dentro de la conducta humana es por qué razón se llega tan lejos -como es eso de casarse- con un individuo de tan mal pelaje...Está visto que el amor es ciego aunque esa es una ceguera que termina teniendo cura.
ResponderExcluirInteresante relato. Cordialísimos saludos. Franziska
Esquisito, mesmo! Muito!
ResponderExcluir'Esquisitão', diria a Arminda...
A figura e o carácter burlesco da personagem estão muito bem construídos, Tais. Um conto satírico muito bom.
Sabe sempre bem um pouco de humor, para compensar o mundo
agressivo em que vivemos mergulhados.
~~ Beijo risonho. ~~~~~~~
Ah, que pena da Arminda!
ResponderExcluirPor certo deve estar correndo até hoje desta esquisitice, que ninguém merece.
Muito bom Taís na descrição e montagem deste personagem.
Uma linda semana com paz e amor.
Bjs de paz amiga.
Taisinha,
ResponderExcluirEste teu conto é muito engraçado. Li duas vezes e não deixei de achar graça. O Philogônio não tinha condições emocionais para compreender e muito menos para amar a coitada da Arminda, que deve ter se arrependido de ter casado com esse maluco. Fiz um breve levantamento de algumas pessoas que conhecemos e logo me dei conta de que uma duzia deles compõe essa personagem. Philogônio por certo não será facilmente esquecido. Gostei muito.
Beijinho daqui do escritório ao lado.
Taisamiga
ResponderExcluirSó de uma grande Escritora e grande Amiga podia sair esta estória que é um encanto. Rir é realmente um bom remédio. E num momento péssimo por que estou (estamos) a passar é um lenitivo. Obrigado
Penso que já sabes a desgraça por que tenho passado neste ano bissexto de 2016. SÃO UMAS ATRÁS DAS OUTRAS! Porra! Na NOSSA TRAVESSA podes ler a maldita estória.
Estou muito descoroçoado. Penso até pedir um empréstimo ao banco com quem trabalho para pagar as nossas viagens aos Emirados. Veremos.
Entretanto chegaram as últimas e malfadadas notícias de lá
Entretanto venho infelizmente, dar-te as últimas notícias do EAU
(Agora (23:17 de 27 deste mês de Agosto chega-me a informação de que o meu irmão já está hospitalizado e já tem metástases no fígado e nos rins. Imagino-o na cama do hospital a pensar como a vida é filha da puta. Já terá dito que nunca mais nos vê, a nós e aos sobrinhos e aos sobrinhos-netos...)
Não sei bem o que farei, mas talvez peça um empréstimo ao Banco para ir lá...
A estória completa do que tem sido o nosso ano bissexto de 2016 está publicada na NOSSA TRAVESSA. Desculpa-me a chatice
Qjs do Leãozão
Adorei, Taís, esta história do Philogônio. Bem contada. Ao mesmo tempo comédia e drama...
ResponderExcluirUma boa semana.
Beijos.
Humor sarcástico num belo texto que se adora ler...bj!!!
ResponderExcluirOlá,Tais, boa tarde...
ResponderExcluirverdade, se formos olhar -claro, de forma básica-a vida dos outros em detalhes, a partir disso, iríamos construir/compor diferentes personagens ,até mesmo chegar ao perfil de um Philogônio Othão . E conviver com pessoas sob o mesmo teto é difícil. Conviver com pessoas sob o mesmo teto com manias e esquisitices é mais difícil ainda. As intimidades e manias das pessoas só se revelam sob o mesmo teto. Aliás,quem não tem as suas . Aliás,uma só já é complicado. Aliás, todas ao mesmo tempo e ainda com um "mindinho arrogante"é deveras muito complicado e talvez,seja por isso que a "coitada" da Arminda "deu no pé".
(de lá) Não conseguir "Seguir um Blog novo" ocorre "erro" quando o dono desse blog , adicionou o gadget Seguidores através do HTML e não através do painel ›› Layout ›› Adicionar um gadget etc etc...nesse caso, ele, o dono , se quiser novos seguidores , teria que remover ,adicionar novamente etc etc etc...o sumiço de gadgets foi por causa dessa mudança para a conexão criptografada, alguns scripts de nossos gadgets antigos são provenientes de um servidor que não é seguro - o httP - e sendo o blog httpS, os gadgets" não seguro" param de funcionar< o conteúdo misto> e a plataforma blogger optou por não exibir conteúdo misto ,porque o "não seguro" é capaz de acessar informações do "conteúdo seguro"...sim, eu também , me preocupava,não mais...hoje, faço um post de como meu blog lida com uma possível mudança/dúvida, dou as minhas sugestões ... está lá tudo documentado e sobre , ninguém pode ter a esquisitice de me falar "eu não sabia disso"...
Feliz semana,Belos dias,beijos!
Obrigada, Felis!
ExcluirEntendi. Quanto aos Gadjets 'perfeito', não tinha me dado conta...tinha a ver com o http.
Valeu, amigo, beijo!
Um conto delicioso de ler. Agora, você foi generosa em classificar
ResponderExcluiro Philogônio, como muito esquisito. Ele é um horror e com um
nome próprio muito adequado a sua esquisitice de ser...rss
Arminda acordou do pesadelo Philogônio!...rss
Boa semana com inspirações mais poética, ninguém merece um
Philogônio, Taís!...rss
Beijo.
Oi Amiga, Taís Luso, boa noite !
ResponderExcluirUma companheira aguentar um homem desse, não
deve ser fácil. Até o nome... que horrível !
Coitada da Arminda, vive, certamente, um grande
pesadelo.
Um fraterno abraço, querida, e parabéns pelo texto.
Sinval.
Cara amiga, escritora, Tais, eis uma cronica magnífica. Excelente, mesmo. Parabéns.
ResponderExcluirUm abraço. Tenhas uma linda semana.
Boa noite querida Tais.
ResponderExcluirRecebi a sua folhinha com seu carinho e força, obrigada amiga. Chegando aqui com tal Philogônio e suas manias cheguei ate a sorrir, se me disse-se que hoje ainda conseguiria rir com algo diria que era impossível, mais com sua cronica tão bem escrita me fez esquecer por alguns momentos os percalços da vida. Coitada das Armindas da vida que tem que aturar os Philogonio. Se eu fosse ela iria embora na primeira noite rsrs. Obrigada pelo apoio e gentileza conosco. Lhe desejo um més de setembro cheio de alegrias para você, o Pedro e toda família, que todos fiquem com Deus. Enorme abraço.
Aunque no lo leí en domingo, debo decir estimada Tais que me impresionaste con el personaje, creando risas y una serie de sentimientos muy variados en pleno y muy frío miércoles, aquí en Santiago.
ResponderExcluirTais,IMPECÁVEL!!!
ResponderExcluirUm abração carioca.
Oi Taís que que ótima cronica!
ResponderExcluirAmei a sátira....
Ninguém aguenta um bobalhão desse...
Tem mais é que saltar fora!! rs
Um ótimo dia amiga, Bjs!!!
Mariangela
Esquisito, mesmo! Pudera... carregando um nome assim... estaria condenado, à esquisitice! Nossa!... Me dei conta de que um nome... poderá também condicionar a vida de uma pessoa... :-))
ResponderExcluirAdorei este texto de escrita acutilante e bem humorada!...
Mais um daqueles seus textos, Tais... que sempre me vai buscar um sorriso... :-))
Beijos! Passando por aqui, sempre que der... ainda estarei mais um tempinho, aqui numa local, com alguns condicionalismos de Net...
Continuação de uma óptima semana!
Ana
Uma crônica da vida real irreal que estamos vivendo, minha querida amiga Tais, acho que por sermos seres distintos uns dos outros, seria impossível não existirem estranhos e esquisitos, eu mesmo carrego algumas características do Pholigônio, não posso negar minha introdução ao mundo da hipocondria, levemente neurótico...mas me encantei pela Arminda, coitada, ela é quase um arquétipo feminino que existe em muitos lares, muitos. As pessoas se encontram e se encantam aponto de ficarem juntas, até que o cotidiano as arrasta para um limbo do fim das relações. Não é a regra, mas não está tão distante de nossos olhos e ouvidos, por vezes. Teu humor me deixa sem graça, como os textos do Woody Allen, que abrimos um sorriso, e logo fechamos, pois é como se estivéssemos rindo de nós mesmos, nossas relações, atos, comportamento, o que torna um boa reflexão. A vida como ela é surreal que me impressiona e delicia nas leituras que aqui faço, é esta naturalidade com que o teclado e teu cérebro e coração conseguem tornar um texto redondo, uma leitura enxuta e clara, e esta de uma leveza que se precisa fazer força para carregar. Sempre bom estar por aqui.
ResponderExcluirps. Carinho respeito e abraço.
Amiga Tais, li, reli e sorri. A sua escrita é tão criativa e atenta.
ResponderExcluirUm homem com um nome assim só podia ser esquisito e logo casado com uma mulher com um nome banal, não podia dar certo mesmo ! :)
Adorei!
Um beijinho feliz por estar aqui
em vez de Philogônio, fora ele Ifigénio Protásio e usaria barba e a unha do dedo mindinho teria pelo menos três centímetros para coçar não sei que parte anatómica.(em Portugal é tudo em grande rss)
ResponderExcluirdeliciosa e irreverente "estória", Tais.
beijo, amiga
Que história amiga Taís!
ResponderExcluirCom esse nome Philogônio e tantas manias,a mulher tinha que não gostar dessa estranha criatura.
Adorei.
Bjs,obrigada pela visita e um ótimo final de semana.
Carmen Lúcia.
Uma tragicomédia muito boa de se ler. rsrs
ResponderExcluirNem preciso dizer o quanto aprecio esse estilo de escrita que mistura traços dramáticos e espirituosos, né? E você é nota dez nesse tipo de narrativa, Tais. \o/
Um beijo carinhoso/! Ótimo fds/ =)
Tais
ResponderExcluir"Quando nasce um sapo, logo nasce uma sapa", pelo vistos Philogônio via na mulher a sua sapa. Interessante e hilariante a história.
Veja e comente o post
Cidade de Ouro Preto
http://amornaguerra.blogspot.pt/
BRASIL: SORRISO DE DEUS.
bjs
Também reparei no nome dessa criatura. Ah, até que eu achei um cara simpático. E, no mais, "Toda panela tem sua tampa". Beijos, Tais.
ResponderExcluirUma excelente história, diria uma tragicomédia da vida real, pois há muitos Philogônios por este mundo fora.
ResponderExcluirGostei da sua narrativa, é magnífica.
Taís, tem um bom fim de semana.
Beijo.
Hipocondríaco é difícil de conviver, além de só falarem em doenças, ainda medicam toda a vizinhança!
ResponderExcluirVocê disse tudo com graça, mas real. Seu blog é de muito bom gosto.
Um abraço
Cíntia
São estas e muitas noutroras da sua cronicas que faz-me cativo deste cantinho, onde me deleito de contos como este com narrativas profundas que faz-nos meditar... bj linda!
ResponderExcluirNarrativa deliciosa. De quem sabe o que diz, de quem sabe o que faz. E o mais importante: verossímil. Como "entregou" o Pedro (risos), há uns dez conhecidos que inspiram este hipocondríaco. Aposto que são felizes: cada um fazendo o que lhe apetece.
ResponderExcluirBeijo,
Gostei muito :)
ResponderExcluir"Philogônio & Arminda" existem em todo o lado.
Complicado aguentar assim alguém.
Abraço e brisas doces**