21 de fevereiro de 2017

PEDIDO DE ADOÇÃO - ADÉLIA PRADO



Estou com muita saudade
de ter mãe,
pele vincada
cabelos para trás,
os dedos cheios de nós,
tão velha,
quase podendo ser a mãe de Deus
— não fosse tão pecadora.
Mas essa velha sou eu,
minha mãe morreu moça,
os olhos cheios de brilho,
a cara cheia de susto.
Ó, meu Deus, pensava
que só de crianças se falava:
as órfãs.



 Referência: Oráculos de Maio- ed Siciliano/São Paulo 1999. - pag 59
____________________________________


Adélia Prado é um dos mais importantes nomes da poesia feminina brasileira do século XX. A escritora trabalhou como professora por mais de 20 anos antes de se dedicar à carreira literária.
Nascida em 1935 na cidade de Divinópolis, Minas Gerais, Adélia Luzia Prado Freitas é filha do ferroviário João do Prado Filho e de Ana Clotilde Corrêa. Com a morte da mãe, em 1950, Adélia escreve os primeiros versos. Depois, no ano seguinte, começa o curso de Magistério e passa a lecionar. Formou-se também em Filosofia anos mais tarde. Além de poeta é contista, romancista e cronista.
Casa-se em 1958 com José Assunção de Freitas, com quem teve cinco filhos. Nos anos 70, enviou seus poemas para o crítico literário e poeta Affonso Romano de Sant’Anna, que manda para Carlos Drummond de Andrade que sugere a publicação dos escritos de Adélia e que faz, inclusive, elogios à autora no Jornal do Brasil. Assim, o livro Bagagem é lançado em 1976 com a presença de convidados ilustres, como Juscelino Kubitscheck e Clarice Lispector. O coração disparado, de 1978, ganhou o Prêmio Jabuti.
Obras / Poesia:
A Lapinha de Jesus - 1969 - em parceria com Lázaro Barreto
Bagagem - 1976
O Coração Disparado - 1978
Terra de Santa Cruz - 1981
O Pelicano - 1987
A Faca no Peito - 1988
Poesia Reunida - 1991
Oráculos de Maio - 1999





36 comentários:

  1. Muito obrigado pela informaçäo.

    ResponderExcluir
  2. Que linda escolha,Taís! Adoro Adélia! Muito legal! bjs, chica

    ResponderExcluir
  3. Uma autora que não conhecia...
    Gostei imenso do poema!... Maravilhosa partilha, Tais!
    Beijos! Continuação de uma óptima semana!
    Ana

    ResponderExcluir
  4. Belíssimo poema(e de profunda dimensão)!!! Parabéns pela escolha para homenagear Adélia Prado.
    Bjo, Tais :)

    ResponderExcluir
  5. Querida Amiga você acertou em cheio, sua sensibilidade sempre fala alto, por isso você sempre acerta. Ler Adélia Prado, é acalmar a alma, e estou com os nervos à flor da pele precisando de um lenitivo em forma de poesia. Obrigada amiga por seres assim.
    beijinhos, Léah

    ResponderExcluir
  6. Que lindo poetar de Adélia Prado.
    Obrigada por nos compartilhar essa bela escolha e a biografia dela.
    Bjs Taís.
    Carmen Lúcia.

    ResponderExcluir
  7. Adélia Prado me deixa sem voz e sem palavras. Obrigado por nos brindar com este post.

    ResponderExcluir
  8. Tais
    Desconhecia Adélia Prado, vou anotar nome deste vulto da poesia brasileira, de que com prazer, estou a tomar conhecimento. E aprecei a forma, aparentemente, simples de escrever poesia.
    Obrigado pela divulgação.

    ResponderExcluir
  9. Gostei da poesia, assim como gosto da pintura de Mary Cassat...
    A boa poesia não dispensa refinada sensibilidade e sentires profundos.
    Agradou-me sobremaneira conhecer uma poetisa de valor reconhecido por Drummond de Andrade, educada numa família proletária e com formação psicológica, pedagógica e didática.
    Nasceu a 13 de Dezembro, tal como a minha filha.
    Um ótimo destaque a esta mineira, proeminente figura da cultura brasileira.
    Vou colocá-la na lista de livros a adquirir e ver se a consigo encontrar.
    Dias de Carnaval muito calmos e felizes, no sossego do seu lar...
    ~~~ Beijos, querida amiga ~~~

    ResponderExcluir
  10. Parabéns pela escolha do poema intrigante e muito profundo sobre a maternidade ou falta dela de Adélia Prado.
    Já tenho lido vários poemas seus e todos têm um grande dimensão humana.
    Noto também a escolha cuidada da bela pintura.

    Um beijinho

    ResponderExcluir
  11. Uma escolha brilhante.
    Beijinhos
    Maria

    ResponderExcluir
  12. Boa noite, amiga Tais, gosto muitíssimo de Adélia Prado, e sua escolha de poema é emocionante. A figura de mãe sempre é bem vinda, e aqui ficou perfeita.
    Grande abraço!

    ResponderExcluir
  13. Su poema me gusta, gracias por participar, un abrazo

    ResponderExcluir
  14. Boa noite Taís.
    Uma Adélia que não conhecia na sua partilha, mas sempre gostei das inspirações dela.Aqui muita emoção.
    Abraços na boa semana.
    Bjs de paz amiga.

    ResponderExcluir
  15. UN POEMA MUY SENTIDO, PERO HERMOSO.
    ABRAZOS

    ResponderExcluir
  16. Tais, este poema me levou às lágrimas.
    A escolha reflecte a tua sensibilidade.
    Não conheço a obra de Adélia Prado, mas vou procurar.
    Obrigada por partilhares versos tão belos.
    Beijo, amiga.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Em tão poucas linhas ela toca fundo, na essência, no que é fundamental na construção de nossas vidas...E com tanta simplicidade, gosto disso.
      Beijo, querida.

      Excluir
  17. Não conhecia e gostei da beleza e intensidade deste poema! bj

    ResponderExcluir
  18. Adélia...
    Já gostava tanto e com esse poema amei!
    Também tinha vontade de ter mãe
    E aos 14 fui presenteada é bom d+!

    Bjinho😘

    ResponderExcluir
  19. uma belíssima escolha, Tais.
    de uma "humaníssima Humanidade" tão belo Poema.

    gostei muito.

    beijo, minha Amiga

    ResponderExcluir
  20. Ótima escolha, bela Tais. Adélia vai se tornando um mito. Já vi e revi seu depoimento no "Roda Viva", muito lúcida!
    Abraço carioca.

    ResponderExcluir
  21. Cara amiga Tais, o que eu mais gosto na Adélia é a condução leve do discurso poético mesmo em se tratando de temas densos.
    Um abraço. Tenhas uma boa noite.

    ResponderExcluir
  22. Não li muito, mas gosto da poesia da Adélia Prado.
    Uma grande poeta, sem dúvida.
    Bom fim de semana, amiga Taís.
    Beijo.

    ResponderExcluir
  23. Não conhecia esta escritora, mas gostei muito desta sua simplicidade na construção de um poema com uma mensagem profunda. Tenho mãe, sou mãe, mas às vezes sinto-me órfã, órfã de a sentir presente, órfã de carinho, e, pensando bem, órfã de mãe; chega uma epoca da vida em que a idade avançada dos nossos pais nos obriga a trocar de posições e isso é muito dificil. Publiquei há tempos um texto com o titulo " nunca estamos preparados para sermos pais dos nossos pais " mas temos que o ser e, assim sendo, por muito que me custe fiquei órfã de mãe e pai e adoptei mais dois filhos; fizeram um pedido de adopção e eu e o meu irmão aceitamos, embora com receio de não conseguirmos ser os pais que eles precisam nesta fase dificil. Tentamos! Obrigada, querida Tais, por nos dares a conhecer esta poeta que nas suas palabras denota muita serenidade e humanidade. Beijinhos
    Emilia

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Querida Emília, você tocou em algo penoso: sermos pais dos nossos pais. Difícil, penso que nunca estamos preparados, pois enquanto eles vivos estão, queremos se apenas filhos. Nossa cabeça não muda de repente. Tentei ser, não sei se meu desempenho foi bom. Quando se foram, chorei pelos pais que perdi. Fiquei com pena deles, fiquei com pena de mim, da filha que perdeu seus pais...Da filha órfã.
      Veja como é difícil! Mas precisamos tentar. Sempre aprimorar...Pra mim, agora é tarde.
      Beijo, minha querida.

      Excluir
    2. Tais, porpmais que façamos, quando eles se forem
      , vai ficar sempre em nós a pergunta, será que fizemos tudo o que podiamos?. É inevitável! É fácil ser pais de crianças, é gostoso, mas ser pais dos nossos pais? Muito, muito dificil, primeiro pq os amamos demais e segundo porque vemos a tristeza deles ao constatarem que estão na recta final. Visitei durante uns tempos uma senhora muito amiga da minha mãe que me dizia com muita tristeza, ao contar coisas que viveu com ela : " o que nós eramos e o que hoje somos..." Faleceu há uns 6 meses. Como ela sempre pediu, sem ficar acamada a dar trabalho aos filhos; tem doze filhos, ficou viúva muito cedo; trabalhou muito para criar tantos filhos, fazendo trabalhos domésticos e agricolas, mas, educou-os tão bem que, na velhice, não lhe faltou nada e o carinho era bem visivel. Via nos olhos dela que estava muito acarinhada. Tenho a certeza que fez o seu melhor, Tais e eu e o meu irmão ( ele, pois está pertinho, é quem mais cuida ) vamos ter a mesma dúvida. Beijinhos, amiga e um bom fim de semana
      Emilia

      Excluir
    3. É isso mesmo, Emília, a gente sempre pensa que poderia ter feito mais, mais... Que poderia até ter espichado a vida deles se tivéssemos levado em 10 médicos para comparar opiniões. É difícil soltar nossos pais e filhos.
      Até hoje penso que minha mãe poderia estar aqui se fosse atendida imediatamente na emergência (AVC). Fiquei de mãos com ela o tempo todo...indagando, chamando...Depois subi para CTI com ela até seu último minuto. Ficou tudo muito nítido em minha cabeça.
      Beijo, querida.

      Excluir
  24. Oi Tais
    Uma escritora com uma simplicidade ímpar, não a conheço, mas gostaria de ter um livro dela. Sabe como?
    Uma linda noite saudades
    Minicontista2
    No Lua Singular escrevi: Chuva de diamantes, gostaria que lesse.
    Dorli

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Oi, Dorli, Adélia Prado é uma escritora de peso, está em todas as livrarias do Brasil. Dê uma olhada nas livrarias da sua cidade. Como é poeta, cronista, contista e romancista, não tem como não figurar nas livrarias.

      Veja esse site, acho que você vai gostar de conhecê-la mais. É site de confiança.
      Beijo, querida.
      http://www.releituras.com/aprado_bio.asp

      Excluir
  25. Oi querida
    Gosto muito desta escritora e este tema é delicado. Quando os pais envelhecem e os papeis são trocados, ou mesmo quando nossos pais já se foram, este sentimento nos toma vez por outra.
    Não conhecia este poema específico e vou registrá-lo pois é um otimo impulsionador para futuros trabalhos com grupos.
    Bjs
    Bom feriado.

    ResponderExcluir
  26. No conozco la escritora, pero gracias por compartirla Tales luso.
    Recuerdo a mi mama recien fallecida, llamarme "mama"...
    Un gran abrazo, amiga.

    ResponderExcluir
  27. Agradeço a divulgação, pois não conhecia e gostei dessa alta sensibilidade no verso.
    Também gostei, e muito, DAS ARTES.
    Abraços de vida, querida Tais

    ResponderExcluir
  28. Belíssima homenagem, Tais! Adélia foi uma excelente poetisa e não é tão badalada quantos outros poetas menores que ela, a meu juízo. Ela escreveu uma releitura do "E agora José" que ficou melhor que o original. Ela diz - e agora José... Você que é certinho... Você é um homem do reino dos céus! Não lembro bem da letra, mas é bom, o poema. Grande abraço e bom carnaval. Laerte.

    ResponderExcluir
  29. Bom dia Tais.
    Não conhecia a escritora. Achei o poema dela bem profundo. Os anos vão passando e no decorer da vida,os papéis se invertem ou deveriam inverter para todos. De filhos bem criados vamos nos tornando órfãos de pais e se cuidadores com muito orgulho. Meus pais sempre foram minha vida e eu a deles. Fui filha e também agir como mãe deles oa cuidando até o fim com o mesmo amor e zelo que fui criada. É como recompensa recebir de Deus uma filha abençoada. Emocionante o poema. Gostei da linda partilha. Um feliz final de semana para vocês. Abraço.

    ResponderExcluir
  30. Querida amiga Tais:
    No conocía a Adélia Prado, quizás por la distancia no he oído hablar de su obra en España. También al ser mujer conlleva un mayor esfuerzo de conseguir ser conocida internacionalmente.
    En su biografía veo que además de una gran escritora, poeta, cronista, etc. creó una gran familia con cinco hijos.
    Gracias por publicar y darme a conocer a esta interesante mujer.
    Un fuerte abrazo

    ResponderExcluir
  31. Gracias, una interesante mujer con
    una interesante trayectoria. Tomo nota.

    Besos

    ResponderExcluir


Muito obrigada pelo seu comentário
Abraços a todos
Taís