Tenho
medo. A tarde é cinzenta e a tristeza
do
céu abre-se como uma boca de morto.
Tem
o meu coração um pranto de princesa
esquecida
no fundo de um palácio deserto.
Tenho
medo. E me sinto cansado e pequeno
refletindo
a tarde sem meditar sobre ela.
Na
cabeça doente não cabe um menino
sonhando,
assim no céu não caberá uma estrela.
Nos
meus olhos, no entanto, uma pergunta existe,
um
grito em minha boca e a boca não grita.
Não
há órgão que escute minha queixa mais triste
abandonada
em meio à terra infinita!
Vai
morrer o universo em sua calma agonia
sem
a festa do sol e o crepúsculo verde.
Agoniza
Saturno e sua pena me enlia,
a
terra é fruta negra que o céu nunca perde.
E
pela vastidão do vazio vão às cegas
as
nuvens que entardecem, são barcas perdidas
que
esconderam estrelas rotas nas adegas.
Cai
a morte do mundo sobre a minha vida.
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Pablo
Neruda – Crepusculário / L&PM – pg 115
Pablo
Neruda – 1904/1973 nasceu no sul do Chile, na cidade de Parral
onde morou até a morte de sua mãe. Seu nome verdadeiro era
Ricardo Eliecer Neftalí Reyes Basoalto. Nada
lhe foi indiferente. Entregou-se ao ritmo da vida e foi seu
intérprete. Amou e foi amado. Seus poemas de amor são um dos
legados mais perfeitos, emocionaram e emocionam várias gerações.
Admirado internacionalmente (é personagem do filme O Carteiro e o
Poeta), recebeu a consagração definitiva com o Prêmio Nobel de
Literatura em 1971. Sabidamente
um dos mais importantes poetas dos tempos modernos, deixou uma
extensa obra, com mais de 50 livros, que foram traduzidos para vários
idiomas, tendo uma vendagem superior a um milhão de exemplares.
Atingiu
um dos mais altos patamares da poesia do século XX.
MUCHAS GRACIAS POR COMPARTIR ESE HERMOSO PEDAZO DE POESÍA.
ResponderExcluirABRAZOS
Linda poesia, bela escolha trazer Neruda! Gostei e a tela perfeita e linda também! bjs, lindo fds! chica
ResponderExcluirMaravilhosa partilha Taís!
ResponderExcluirBj e bom fim de semana.
Rui
Acróstico
ResponderExcluirPois o poeta já desde bastante cedo
Abre o coração para exprimir melhor
Belas palavras nos relatam o segredo,
Liberar do peito a ansiedade maior
O doloroso sentimento de vil medo.
Nada diferente dalgum homem normal
Enlutado pela violência que grassa
Regularmente exposto a refinado mal
Um vate como Pablo, fala pela raça
Diz exatamente essa verdade afinal
Assim atingindo todos nós, toda massa.
Lindo amiga Taís,e obrigada por nos compartilhar.
ResponderExcluirAdoro tudo que vem de Pablo Neruda.
Bjs-Carmen Lúcia.
Olá, querida Taís.
ResponderExcluirTudo o que me chega de Neruda me encanta! Este poema lindo, não o conhecia e adorei. Nele nos revemos; no medo e na solidão imensa, perdidos na vastidão sem fim deste mundo misterioso que é a nossa alma.
Obrigada pela partilha.
Comecei a interessar-me mais pela obra do escritor, após ter visto o filme "O Carteiro de Pablo Neruda", versão do título em português (de Portugal). Gostei tanto que o vi duas vezes num curto espaço de tempo.
Gostei muitíssimo desta postagem. Adoro poesia, sabia? :)
Um beijinho e o desejo de um feliz fim de semana.
Ah...esqueci de referia a tela belíssima de Giovanni Strino, aquilo a que podemos chamar: «a cereja no cimo do bolo».
ResponderExcluirOutro beijinho!!
Unos versos buenos de los que he disfrutado unos momentos.
ResponderExcluirUn abrazo.
Taís, aprecio sobremaneira Pablo Neruda, já o homenageei no meu blogue e penso voltar a celebrar a sua poesia tão peculiar, quanto bela.
ResponderExcluirGostei muito da postagem, porém, não estou de acordo com o que diz sobre o filme O Carteiro, penso que o livro foi escrito por alguém que, ou não gostava do Poeta, ou não gostava de comunistas.
A história é pura ficção e suponho que o autor nunca conheceu o escritor, mas tenho a certeza que conhecia muito mal a sua obra. Eu não a conheço a fundo, mas conheço o suficiente para ter a certeza que o Poeta jamais esqueceria a amizade que tinha estabelecido com o carteiro e o casamento que apadrinhou; esquecimento esse que deprimiu o carteiro e contribuiu para a sua morte.
Essa história ficcionada em nome de Pablo Neruda é uma grande maldade magnificamente interpretada por excelentes atores...
O nome do Nobel muito tem contribuído para o sucesso de um filme anti-comunista, quem diria!
Pablo Neruda foi uma pessoa de convicções muito coerentes.
Como referi, apreciei muito a postagem, é sempre um prazer ler os seus poemas.
Beijos, querida Amiga.
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Foorrrte! Poema belíssimo! Um dos mais bonitos que li em minha vida. Adorei! Beijos!
ResponderExcluirTAIS,
ResponderExcluirparabéns pela escolha!!!
Se você reparar (lógico que reparou!) quando ele diz:"Cai a morte do mundo sobre a minha vida",está fechando o que enfatiza em duas estrofes no inicio deste magistral poema:Tenho medo!
Medo da morte,Tais é bom que a esqueçamos , mas fica e vai, volta e nos perturba, como nesta obra prima de um dos maiores pensadores de todos os tempos.
Pablo Neruda!!!
Um abração carioca.
PAULO,
Excluirvocê reparou como são lindos os poemas que falam da morte? É perturbador, sim, mesmo quando queremos esquecer. Mas sempre vejo os poetas falarem com respeito, com intimidade e alguns até com carinho. Ganhamos a vida, mas não plenamente, uma nuvem há de rondar... Parece que faz parte da nossa trajetória não esquecê-la...
Beijo.
TAIS,
Excluirsubscrevo integralmente!
Um abração carioca.
Taís:
ResponderExcluirsus poemas de amor son una auténtica maravilla.
Beijos.
Um dos grandes escritores do século passado.
ResponderExcluirPara ler e reler, seja prosa ou poesia.
Bom fim de semana, Taís.
Beijo.
Gosto imenso de Neruda. Lembro que no dia da sua morte, estava em Luanda, e me fartei de chorar. Gosto da sua escolha.
ResponderExcluirUm abraço e bom fim de semana
Neruda, dispensa comentários... Sempre condiciona ótima introspecção...
ResponderExcluirExcelente escolha, Tais!
Abraço.
Sabes que amo poesia, até pelas nossas afinidades, e como não deixar de amar Pablo Neruda. Amei, amei.
ResponderExcluirBeijinhos, Léah
Fantástico e sempre querido Pablo Neruda!
ResponderExcluirMe fez lembrar do dia em que emprestei meu livro de poesias dele e nunca mais o tive de volta!
Beijos e bom fim de semana, Tais!
Taisinha, Pablo Neruda produziu uma obra extensa. Muitos de seus poemas têm por tema problemas sociais, que eram vistos por ele sob o prisma do socialismo e pelo comunismo, que foi implantado na Rússia por Lênin (mais tarde União das Repúblicas Socialistas Soviéticas). Mas extensa obra poética de a poesia de Neruda foi muito mais longe. No ano de 1940 Neruda começou a escrever um poema épico, para o qual levou elementos da flora, da fauna, da história, da mitologia e das lutas políticas da América Latina. O seu livro "Alturas de Machu Picchu", inspirado nas civilizações pré-colombianas, viria tornar-se o centro do épico Canto Geral (1950). Às vezes fico a pensar se depois da "Queda do Muro de Berlim" Neruda ainda escreveria poemas em defesa do socialismo. Jean-Paul Sartre não se manteve comunista por mais de trê anos, quando se desfiliou; isso se deu antes de de 9 novembro de 1989 (Queda do Muro). O poema desta tua postagem, "Tenho medo", é um dos grandes poemas de Neruda. Belíssima postagem.
ResponderExcluirBeijinho daqui do escritório.
Comparto plenamente este hermoso homenaje a un compatriota poeta, gran poeta chileno...
ResponderExcluirGracias Tais por compartir bello reportaje
Boa tarde, querida Tais, sempre tive e continuo tendo grande admiração pela obra de Neruda.Não conheço toda a sua obra, assisti ao filme que você mencionou acima, maravilhoso. O poema nos sugere a morte, a solidão. Excelente escolha.Obrigada por compartilhar tão rico tesouro.A tela impactante! Bj.
ResponderExcluirNeruda foi um grande poeta, e teve medo de si mesmo. No meio do lago ideológico, já não pode voltar à margem de partida, ficando a nadar em círculos no lago para não saltar em margem alguma. Talvez por isso foi grande do ponto de vista sociológico; mas gosto é gosto, e do ponto de vista literário, como artista do verso, comparado a outros da mesma língua, eu, encontro em outros, mais talento. Desculpe-me a franqueza que poderá afrontar seguidores, mas nesse espaço democrático, creio que possa expor minha opinião pessoal que pode ser tacanha, mas é o que acho. Grande abraço. Laerte.
ResponderExcluirOi, Laerte, fique à vontade, aqui é um espaço democrático para todos os amigos. Cada um com sua opinião! Asseguro-lhes o direito de gostar ou não. Eu gosto muito da poesia de Neruda. Grande nome do mundo poético.
ExcluirAbraços do sul, amigo.
Cara amiga Tais, realmente, o Nobel Neruda é um grande poeta chileno, sul americano, mundial. Tive um fascínio grande por Neruda durante minha adolescência, mas quando soube que o chileno também era político perdi um pouco do entusiasmo que sentia. Gosto de escritores, poetas, artistas, enfim, criadores de artes isentos; mesmo assim não posso deixar de reconhecer o grande talento de Dom Pablo.
ResponderExcluirUm abraço. Tenhas uma linda semana.
Oi, Dilmar, Neruda deixou 50 livros com lindos poemas, a fase onde se envolveu com política também não gosto, foi uma posição ideológica que não emplaco. Basta o que estamos passando no Brasil... Porém, postei porque considero bela, mas separei o poeta do político. Obrigado, amigo, uma ótima semana pra você.
ExcluirComo não gostar deste poema de Pablo Neruda se ele nos remete para uma reflexão sobre as inquietações de quem vive com o medo preso aos dias?
ResponderExcluirUma boa semana, minha Amiga Taís.
Um beijo.
Tais Luso
ResponderExcluirO grande poeta Pablo Neruda dispensa apresentações. Apetece aprender com ele os segredos da poética das palavras, pelo menos. Gostei de ficar a saber mais da sua biografia.
Bjs
São maravilhosos os poemas de Pablo Neruda, e este não poderia ser diferente.
ResponderExcluirBoa semana,
http://mylife-rapha.blogspot.com
This is a very nice contribution.
ResponderExcluir/ I have a problem with the blog, I do not see new posts from the blogs I watch /
I wish you a nice evening.
Uma escolha absolutamente brilhante.
ResponderExcluirBeijinhos
Maria
Este é um dos belos poema da extensa obra desse grande Senhor que foi Pablo Neruda de quem eu gosto bastante e volto a ele com muita frequência.
ResponderExcluirUm abraço e boa semana.
Andarilhar
Dedais de Francisco e Idalisa
Livros-Autografados
Oi, Taís Luso !
ResponderExcluirAs obras deste Mestre já fazem parte do infinto
universo literário...
Parabéns pela escolha e grato pela partilha.
Uma feliz semana.
Sinval.
Pablo Neruda, nunca é demais falar dele.
ResponderExcluirGostei muito deste seu post.
Desejo que se encontre bem.
Bjs.
Irene Alves
Grande poeta, Pablo Neruda! Como é bom ler poemas assim...
ResponderExcluirJá conhecia, gosto muito! A propósito, mais um belo poema, dele, claro!
http://blogloveinred.blogspot.com.br ♥
Olá Tais,
ResponderExcluirBela partilha! Um poema forte e muito lindo.
Não conhecia e adorei a oportunidade de ler.
A poesia de Neruda me encanta.
Ótima semana!
Beijo.
Pocas veces un poeta ha plasmado la desolación de su miedo ante conflictos interiores que no sabe resolver, como Neruda en las metáforas de este verso.
ResponderExcluirEsas nubes vagando por el vacío como barcas perdidas, escondiendo estrellas rotas en sus bodegas...
Oi....
ResponderExcluirAmo Pablo Neruda.
É conflitante quando o nosso olhar, percebe entre o belo, o céu e a terra, parte do inferno que permeia a existência. Ter medo é parte de nossa essência que aprendemos a domar ou sermos dominados, mas tudo passa.
Felicidades mil.
Bom dia amiga!
ResponderExcluirQue bom foi começar o dia lendo este belo poema do GRANDE Pablo Neruda.
Excelente escolha, Tais. Do poema e d'"O Velho Capitão".
"Cai a morte do mundo sobre a minha vida." - cada palavra está no lugar certo. Belíssimo!
Beijo.
(Sem medo, peço-te mais.)
Grande poeta!
ResponderExcluirE esse poema é intenso e belo.
E começar o dia com poesia é dádiva
Um beijo minha querida
Obrigada 😘🙏🏻
Voltei para ver as novidades.
ResponderExcluirAproveito para lhe desejar um bom fim de semana, amiga Tais.
Beijo.
Tenho sempre fome para ler os seus poemas.
ResponderExcluirUm grande poeta
Abraço
A pesar de tener en casa una edición de sus obras completas, había olvidado este poema terrible. Es un grande entre los grandes. Un acierto.
ResponderExcluirFelicitaciones por recordarlo. Afectuosamente. Franziska
Como chileno es un honor, Tais, ver en tu blog una semblanza y un dramático poema de Neruda.
ResponderExcluirAfectuosos saludos.
Neruda sempre Taís e aqui uma bela partilha de sua arte e pensamento em tempo.
ResponderExcluirLi um tanto bom de Pablo Neruda e na época incluindo Juro que vivi, viajei pelos outros dois famosos pablos .
Valeu Taís.
Bjs de paz amiga.
Amiga: penso que não deve haver ninguém que não tenha já lido Pablo. Delicia e emociona a sua poética. Intenso e profundamente humano, também ele tem o direito a ter medo, ainda que o passe apenas na criação poética.
ResponderExcluirGrata pela partilha.
BJ
Boa noite Tais.
ResponderExcluirAmiga estou colocando em dias as postagens que estava ausente. Um poema belíssimo, so os forte admitem te medo. Quanto a temer a morte, acho que quando se teve uma vida bem vivida, agindo de acordo com a consciência que se realizou o que se desejava e não prejudicou ninguém, nada a temer, muitos ao entrar na velhice a esperam com paz. Uma feliz noite para vocês. Abraços.
Uma partilha magistral, de um dos maiores autores do século XX...
ResponderExcluirBelíssima escolha, Tais! Não conhecia o poema... pelo que será um daqueles, para eu ler e reler...
Beijinhos
Ana
Um poema magistral que me toca particularmente neste momento da minha vida.
ResponderExcluirUm grande, grande Homem!
Um beijinho e boa semana amiga Táis
O Toque do coração
Excelente poema de um poeta com uma ternura que se entranha.É um sedutor.
ResponderExcluirBoa escolha, Taís!
Beijinho.
¡Qué dulce suena leer a Neruda
ResponderExcluiren portugués!
Uma delícia,
Moito obrigada a vocé,
beijos e abraços
Aprecio muito Neruda e este é um belo e nostálgico . Grata pela partilha.
ResponderExcluirEsse dom de Neruda em calar fundo com sua poesia, sua sensibilidade, sempre me encanta a cada verso seu que leio. Belíssima postagem Tais, demonstrando assim, a tua enorme sensibilidade também! abraços, ania..
ResponderExcluir