- Taís Luso
Foi
ainda no mês de agosto. Fomos almoçar fora com os filhos e depois aportamos num
alegre recanto de uma cafeteria no parque - defronte ao restaurante. Boa comida e
depois papo de família. Como estávamos do lado de fora, nas mesas
rodeadas por árvores e plantas, ficamos conversando e vendo o
movimento do Brique, com suas antiguidades, artes e gente bonita
passeando. Como é um lugar democrático, ao ar livre,
alguns pobres faziam seu passeio a fim de ganhar um dinheirinho.
Aproximou-se
de nossa mesa um simpático pedinte com uma grande sacola cheia de
latinhas vazias que catava pelas redondezas. Perguntou por nossa
preferência de bebida: refrigerantes ou cervejas? Minha filha disse que gostava de
coca cola. Até então eu não tinha entendido muito bem o que ele
estava fazendo. Sentou-se no chão, cortou a latinha pela metade e
fez uma chaleira pequenina, com tampa, alça e o bico. Tudo muito
rápido. Ficou engraçadinha. Logicamente ela lhe deu um dinheiro, agradecendo.
Olhou
para mim e perguntou alguma coisa que também não entendi; mesmo
assim pegou uma latinha de 'cerveja' tamanho normal, cortou, moldou e
me ofereceu em tamanha miniatura, muito bonitinha. Será que ele me achou
com cara de beberrona? Mas ficou por isso mesmo, até
que me alcançou a latinha.
Elogiei o que fazia e também dei-lhe um dinheiro para
ajudá-lo, agradecendo pelo seu trabalho. O homem saiu contente com o
dinheiro que ganhara e por ver que ficamos
contentes e o elogiamos - o que não custou nada. Disse-lhe que
colocaria em minha cozinha! Sorriu, um largo sorriso! E foi o que fiz, não quero esquecer o valor das coisas simples da vida. Que parecem simples.
Aquela
sua maneira de pedir uma ajuda foi criativa e simpática. Não
incomodou ninguém e ficou feliz por termos feito uma 'troca'.
Acho que ele lucrou mais do que dinheiro, sentiu-se um pouco mais
gente, não passou pela humilhação de ser mais um pedinte,
nos ofereceu algo em troca.
Ficamos
todos muito contentes de vê-lo sair alegre, e com sua sacola cheia
de latinhas para continuar com o seu trabalho artesanal.
Foi uma tarde leve.
Na cozinha, a mini-latinha verde do pedinte.
Um forma original de solicitar o auxílio de terceiros.
ResponderExcluirBeijinhos
Oi Taís,
ResponderExcluirNossa! Que pedinte maravilhoso!Que lindo lugar!
Aqui onde moro tem muitos pedintes. A coisa está preta.
Estava no Youtube, agora que vi seu comentário.
Beijos no coração
Lua Singular
Logran hacer bonitas creatividades, he visto que algunos se dedican a venderlas, es una buena forma de ganarse la vida con sus manos.
ResponderExcluirUn abrazo.
Realmente uma pessoa inteligente no ato de pedir ao usar a sua criatividade!!! Bj
ResponderExcluirSem dúvida, uma bela troca...Ele sem pedir, sem importunar, oferecendo a sua arte... Valeu e o parque sempre lindo! Bela tarde passaram,né? beijos, chica
ResponderExcluir
ResponderExcluirBom dia, querida Taís
Aí ainda é bem cedo, não é?
Ler logo pela manhã esta sua Crónica fez-me sentir leve e pronta para lançar um olhar feliz ao meu redor e transmitir essa felicidade. Apreciei imenso esse homem que prefere transformar a sua condição de pobreza em algo digno e ao fazê-lo consegue momentos de trocas não só pecuniária mas também de calor humano. A canequinha está muito bem na sua estante e isso diz muito de si, minha Amiga.
Tenha um dia Feliz, aproveitando também para, com o seu poder de observação, detectar as coisas simples e bonitas da vida. Aqui estaremos à sua espera para nos fazer parte disso.
Beijo
Olinda
Adorei esta crónica. Mostra-nos que até na pobreza, há dignidade que se tenta preservar, assim como há quem isso entenda e dê valor ao trabalho alheio, seja ele qual for.
ResponderExcluirSe a Tais me permite, darei só uma opinião acerca do título da crónica. O modesto artesão - é assim eu lhe quero chamar - não pediu esmola, pelo que não o considero pedinte. Através da preferência da bebida, ou não, o homem moldava algo da latinha correspondente à mesma, e oferecia-a transformada em bibelot. Lógico que nada é de graça, logo, quem recebe também retribui. :)
Esse bonito Parque faz lembrar o nosso Parque das Nações.
Um beijinho grande e bom resto de semana, amiga Tais.
Querida Janita, 'modesto artesão' têm muitos por aqui, estão espalhados no parque em suas tendas, mas 'pedinte' como esse eu nunca tinha visto! Por isso dei esse título à crônica. Mas agradeço a sugestão, querida amiga.
Excluirbeijo.
Es la realidad de muchos de nuestros países, amiga Tais.¡Qué lindo se ve el parque Farroupilha!
ResponderExcluirUn beso.
Olá, Tais. Sempre me deliciou com as tuas crónicas. Disseste tudo. Este "pedinte" mostra a sua arte na rua, é um ser hunano criativo e merece ser ajudado. Tudo de bom. Bjinhos
ResponderExcluirPedir tem vindo a se tornar uma arte. Também por cá. E não é que resulta!
ResponderExcluirExcelente relato, Taís.
Continuação de uma excelente semana.
Um belo exemplo de inteligência, no fazer e no pedir. Perfeito Taís! Adorei!
ResponderExcluirBeijos e muita saúde e paz para ti e para os teus.
Furtado
Interessante e inédita forma de ganhar a vida. De cabeça levantada. É apenas uma troca.
ResponderExcluirMais uma crónica que se lê com enorme agrado. E a latinha é mesmo uma estrela na cozinha.
Beijinho, querida Taís.
Que bonito, Tais! O mundo passa por um momento em que olhar para as necessidades do outro, observar, compreender, é fundamental. Tudo está conectado, todos têm necessidade de se alimentar, morar, trabalhar, viver em paz. Que os menos favorecidos sejam olhados e tratados com respeito e dignidade, o resultado é bom para todos.
ResponderExcluirQue parque mais lindo todo florido!!
Adorei as latas e as leiteiras, cada uma com certeza com seu significado e história, até estarem aí alegrando sua cozinha.
Abração!
Bom dia, querida Taís
ResponderExcluirQue linda troca!
É gratificante fazermos o bem, não é?
E a latinha ficou uma graça.
Obrigada pela gentil visitinha.
Continuação de uma ótima semana.
Um abraço carinhoso de
Verena.
Tais, minha amiga
ResponderExcluirsabe-se lá quanto talento e inteligência "desperdiçados"
nos milhões de pessoas "descartáveis", em todo o Mundo!...
dá que pensar a sua crónica!
beijo
sem pedir esmola, o bom homem manteve sua dignidade. Um relato lindo
ResponderExcluirBeijos
Quando querem actuam com gentileza até são criativos, o mau é quendo são agressivos.
ResponderExcluirNos canais de San Petersburgo um jovem seguiu o barco e em cada ponte saía-nos ao caminho com gestos de bem-vindos. Claro que quando descemos do barco estava ali para recever-nos num gesto de cumprimentos... mas estendendo a mão.
Abraços de vida, querida amiga
Boa tarde de paz, querida amiga Tais!
ResponderExcluirLugar muito aprazivel entre flores belas.
Tem sido comum essa pratica por set menos invadiva, eu creio. Denota elegancia no ato de pedir. Aqui, fazem flor, bichinhos, outros artesanais na hora. Nao incomodam e conseguem seu intuito sem molestarem.
Ficou um amor a prenda em sua cozinha.
Senti a leveza da tarde como nos narrou que ela foi.
Tenha dias alegres ainda que com temperatura negativa!
Bjm Carinhoso e fraterno de paz e bem
"por ser menos invasiva", desculpe-me, amiga. Bjm
ExcluirMinha mui querida amiga Tais, sempre elevo minha alma ao ler-te, que delícia, que lindo, que humano. Não custa nada, ouvir, entender, agradecer e demonstrar verdadeiramente que gostou, que elogia a atitude nobre do pobre pobre. Tão bom ler, neste mundo cruel e preconceituoso, algo que faz do simples o belo, tornando a vida mais leve.
ResponderExcluirps. Carinho respeito e abraço.
Querida Vizinha / Escritora, Taís Luso !
ResponderExcluirFelizmente, se trata de um artesão e não
de um esmoleiro. Está, assim, preservada a
dignidade do "Artista". Que bom !
Gostei muito da essência do texto, Amiga,
exatamente por isto.
Parabéns e uma ótima semana, com um fraternal
abraço.
Sinval.
Uma nova crônica muito boa. Ideia bem criativa a do pedinte do parque... 👏
ResponderExcluirLindo passeio florido!
Um abraço neste finzinho de quarta-feira...
A tua crônica retrata o “encontro” que tivemos, no último domingo, no Parque Farroupilha, com o jovem homem, que não podia ser tido como um mendigo qualquer, pois não pediu dinheiro ou qualquer outra ajuda, ele fez duas peças artesanais com duas latinhas que tirou de uma sacola, colocou-as na nossa mesa, onde tomávamos cafezinho, e nada pediu; sua atitude digna mereceu esta tua bela e sensível crônica. Parabéns, gostei muito!
ResponderExcluirUm beijinho daqui do escritório.
No sólo se sintió feliz por la aportación económica . También agradeció el rato de conversación y el reconocimiento a su trabajo y el gesto de humanidad de toda la familia. Ellos se sienten aislados en una sociedad en que la mayoría de personas pasan por su lado como si fueran invisibles.
ResponderExcluirNecesitan un rato de conversación. Es muy triste sentirse solo y no poder conversar con nadie.
Besos
Enlazando con su entrada anterior acaba de ofrecernos una crónica de la que todo lector puede sentirse partícipe. A los ignorantes de su tierra, como yo misma, nos ha dado ocasión de conocer algo que nos une. Un parque, un paseo familiar, el bohemio que se gana la vida como puede logrando con ello no entrar en la categoría de mendicante. Puro documental porto-alégrense, Tais.
ResponderExcluirQue interessante. Foi uma forma criativa, aqui na minha cidade muitos mentem e contam histórias gigantes de sofrimento para sensibilizar as pessoas e pedir dinheiro. Esse moço é bem honesto, ganhando dinheiro de forma criativa.
ResponderExcluirMuchas gracias por tu paso
ResponderExcluiry aportacion al blog
Me alegra que te guste
Espero poder leerte mas tus opiniones
sobre mis pensamientos o y poemas
Besos
Nunca vi florido assim
ResponderExcluirNosso Parque Farroupilha.
Que lindo! Que maravilha
Em seu vermelho carmim!
Parte dele está em mim
Dentro d'alma qu'ainda brilha
Por reflexo de uma trilha
Da João Pessoa ao Bonfim
Que eu cruzava sem temor
Para ver o meu amor
Na rua Oswaldo Aranha.
Tudo passa mas se for
Sem ter medo, nem pudor
A nossa alma assanha!...
Muito bom texto e uma lição de humildade, mostrando que todo ser humano tem identidade e amor próprio. Pobre mendigo, se vocês o fizesse invisível em um: "NÃO! MUITO OBRIGADO!" Parabéns! A civilidade e atenção ao próximo não pode ser suprimida a quem nos acerca. Dizem os místicos que há uma lei esotérica universal que diz que só somos felizes quando fizemos alguém feliz. É o tal É DANDO QUE SE RECEBE. Grande abraço! Laerte.
Ele não era um pedinte. Ele prestava serviços em troca de qualquer moeda… Que bonita crónica, minha Amiga Tais.
ResponderExcluirUm bom fim de semana.
Um beijo.
É de facto inusitado.
ResponderExcluirA ideia da oferta antecipada é muito interessante.
São pobres, mas não lhes falta sagacidade. Ele percebeu pelas expressões que não infundia medo, mas compaixão e que não iria ser escorraçado...
Uma triste escola, uma vida dura!!
Gostei de ter partilhado essa tocante vivência.
Que belos estão os ipês do Parque Farroupilha!!
Alegram o vosso inverno...
Não conhecia o parque, fui investigar e fiquei encantada.
Dias bons, caminhadas relaxantes...
Terno abraço, querida Amiga.
~~~
Buona serata
ResponderExcluirGostei bastante do que li minha amiga e aproveito para desejar um bom fim-de-semana.
ResponderExcluirAndarilhar
Dedais de Francisco e Idalisa
Livros-Autografados
Tais ninguém diga que as coisas simples, não tem valor, porque têm, elas partem sempre de uma ideia estimulante. No caso e muito bem, a ideia foi entendida. Por vezes, ideias estimulam outras ideias, no globo que é o mundo.
ResponderExcluirbjs
Olá, querida amiga Tais!
ResponderExcluirGostei muito do relato do teu encontro no parque com o pedinte «artista» da pequena latinha-estrelinha, que brilha no parapeito da janela da tua cozinha.
Há encontros assim, luminosos!
Beijo, Alegria, bom fim-de-semana.
Minha querida Taís,
ResponderExcluirNinguém se torna sábio sem ter algumas vezes falhado. E as nossas falhas nos levam por vezes a ignorar que existem pessoas no Mundo que estão em estado de pobreza monetária, mas, não de pobreza intelectual.
Ninguém se "atira" a viver nas ruas por vontade própria. O primeiro passo é simples: ignorarmos, pois, priorizamos as nossas vidas e nada é mais importante do que conseguirmos manter o nosso equilíbrio e padrão social. Mas, se não existe equilíbrio ao nosso redor, também não teremos paz.
O homem mais simples pode com toda certeza realizar as tarefa mais nobres, estando destinado a enfrentar os problemas e obstáculos, quando nos importamos e ajudamos nossos semelhantes menos afortunados, pois, isso é praticar Deus em nossas vidas.
Beijos e bom final de semana para ti e para o Pedro!!!
OI TAÍS!
ResponderExcluirADMIRÁVEL. COM A DIGNIDADE INTOCADA, ELE OFERECE ALGO EM TROCA E QUE ÓTIMO TER TE ENCONTRADO E AOS TEUS, PARA QUEM SABE SALVAR SEU DIA POIS, PODE TER RECEBIDO MUITOS "NÃO OBRIGADA".
NOSSO PARQUE "FARROUPILHA" É LINDO NOS PROPICIANDO TARDES AGRADÁVEIS NO BRIQUE DA REDENÇÃO.
"PORTO ALEGRE É DEMAIS"
ABRÇS
http://zilanicelia.blogspot.com.br/
Local lindo, esse parque Farroupilha...
ResponderExcluire pobre inteligente e cheio de dignidade...
Beijo e abraço
Que acontecimento lindo amiga. Na simplicidade, aquele ser humano transformou o dia da sua família em um grande exemplo. Saber respeitar o outro. Quantos não dariam atenção aquela pessoa simples e até o mandaria se retirar. Com certeza ele saiu muito feliz pela valorização do trabalho dele. Parabéns! Um belo exemplo o seu. Abraços
ResponderExcluirEu vim trazer-te o meu abraço
ResponderExcluirE agradecer o carinho da sua visita
com comentários lindos.
Obrigado por sua
preciosa amizade!!!
Não existe nada mais lindo
Do que o seu carinho com cheiro de Flor !
Seja sempre bem vinda!
Oi Tais! Penso que quer sobreviver dignamente sempre arruma um jeito para ganhar o sustento, porém, quem sou eu para julgar. Esse homem encontrou um jeito de ser respeitado e isso engrandece a alma. Muito lindo de sua parte e de sua filha ter dado oportunidade à dignidade. Coisas simplices que as vezes nem irá usar, mas deu ao próximo alegria e a recebeu de volta; Parabéns! Estou numa fase muita cansativa de serviço e por isso ainda não atualizei postagem. Obrigado pelo carinho de sempre minha querida amiga. Grande beijo. Boa noite.
ResponderExcluirQue lindo e que bela narrativa! Parabéns!
ResponderExcluirBeijos e ótima semana!
Boa noite Tais,
ResponderExcluirUma história linda de tão real.
Fiquei emocionada.
Uma forma de pedir em troca de trabalhos artísticos, elogiados, e trocando conversação com vocês.
Muito digno esse pedinte, talvez artista reprimido e carente de atenção.
A rua está cheia de gente com valor.
Um beijinho e uma semana muito abençoada.
Ailime
Buona giornata.
ResponderExcluirOlá Taís! Passando para te cumprimentar e desejar uma ótima semana para ti e para os teus.
ResponderExcluirBeijos e muita paz para todos.
Furtado
Muito interessante, muda a característica de pedinte para a troca. Com criatividade fez um trabalho que ofertado recebeu a recompensa dos elogios e do dinheiro. Emociona-me tal atitude. bjs
ResponderExcluirQue lindo encontro Taís!
ResponderExcluirA invisibilidade destas pessoas é o que mais lhes maltrata e a atenção de vocês o fez se sentir gente.
Muito bonita a arte deles com estas latas eu já fui agraciado com suas artes.
Uma semana maravilhosa para vocês e que a paz seja possivel.
Muito bonito o ponto de encontro familiar.
Beijo amiga.
Tais,
ResponderExcluirMais um lindo escrito
e esses encontros sempre
resultam em aprendizado.
Bjins
CatiahoAlc.
Tais
ResponderExcluirQue gesto bonito e uma maneira peculiar de pedir, mas dar algo em troca.
Por vezes pode não ter valor, mas o gesto é tão bom e gratificante para quem recebe e para quem dá.
Uma crónica excelente e que gostei bastante de ler.
Beijinhos
:)
Gostei muito da miniatura e de tida publicação.
ResponderExcluirBoa noite Tais.
ResponderExcluirQuê bela forma de se tornar uma troca Achei lindo a arte e criatividade dele. Feliz semana. Beijos.
Adoooro o Brique!
ResponderExcluirJá vi umas pessoas que fazem artesanato com latinhas. Muito legal ter essa habilidade!
Obrigado Taís, o seu já consta da minha lista de blogues.
ResponderExcluirBoa semana
:)
Uma forma interessante, cativante de conhecer como algumas pessoas se relacionam com a vida, com delicadeza. Gostei muito!
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