Taís Luso de Carvalho
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Estava chateada com o meu problema e fui atrás de consolo: coloquei no Google Fobia por Dentistas. Para minha surpresa vi um exército na mesma situação. É sempre um alívio quando constatamos que não estamos sozinhos, que somos um pouco normais. Que nossa anormalidade é normal.
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Estava chateada com o meu problema e fui atrás de consolo: coloquei no Google Fobia por Dentistas. Para minha surpresa vi um exército na mesma situação. É sempre um alívio quando constatamos que não estamos sozinhos, que somos um pouco normais. Que nossa anormalidade é normal.
É nessa hora, a do atendimento odontológico, que afloram nossos traumas, que desnudamos nosso inconsciente, que regredirmos à infância. Ao entrarmos num consultório nossa pressão arterial sobe: é a primeira manifestação. Depois vem a transpiração e tudo desemboca numa taquicardia. Falo de mim e da legião dos traumatizados.
Sofro a síndrome da broca; sou submetida às brocas de baixa rotação e de alta rotação. Esta última é lenta, mas profunda, vai direto na caixa craniana! Tudo estremece, são minutos de terror: de um infinito e torturante terror! E ainda ouço que meu problema édelicado. Bota delicado nisso, doutor!! Tenho a impressão de que tenho o problema mais delicado do mundo! Lembro da última vez em que saí do dentista: sonhei que não tinha dentes! Que aflição, que agonia!! Óh, my God...
A minha geração ficou com o pacote do trauma: suor, sangue e lágrimas. E meus filhos são saudáveis, não têm problemas com dentistas, brocas, aparelhos e toda a tecnologia para embelezamento. Não sei como saíram assim.
No meu tempo de criança o dentista fazia tudo; o famoso três em um. Mas atualmente otratamento é um luxo: temos especialistas em endodontia, ortodontia, periodontia, implantodontia, odontopediatria, dentística restauradora, implantes, branqueamento, alinhamento. Tudinho, beleza pura. E, alguém disposto a gastar, entra num consultório com os dentes do Zé Bicudo e sai com os dentes da Cicarelli.
Mas, assim fui construída, não tem mais jeito. E não me queixo mais: contento-me a responder a clássica pergunta quando estou com a boca aberta:
- Tá tudo bom?
- Ahaaaaaaa... Tudo bom, doutor, moleeeeeeeza, adoro broca!
- Tá tudo bom?
- Ahaaaaaaa... Tudo bom, doutor, moleeeeeeeza, adoro broca!
Meu primeiro dentista chamava-se Samuel; Samuel, o infeliz. Isso foi aos 8 anos; no século passado. Era um homenzinho baixo, gordo, pesado, mãos enormes segurando um alicate apavorante. Pegou o tal alicate e se veio. Levou meu dente deixando uma cicatriz para sempre. Mas já morreu, o doutor faz tudo. Samuel... Viva o Samuel!
É muito simples de entender essa questão: os traumas acontecem quando somos pequenos e indefesos; quando tudo tem uma dimensão desproporcional. Talvez o homem não tivesse mãos tão grandes, não fosse tão enorme! Mas ninguém fica traumatizado por esporte. A imperícia aliada à falta de psicologia gera o desastre. Foi o que aconteceu. E, nessa idade, certas coisas calam tão fundo que se tornam quase irreversíveis.
Mas reconheço que hoje temos profissionais excelentes; capazes, delicados e com certa psicologia; uns, até bastante. Embora se esforcem para demonstrar que hoje não existem mais problemas, diria que existem sim, doutores: só existem! O medo está no inconsciente; ele se manifesta antes de irmos ao consultório; começa na marcação da consulta.
Faço força pra acreditar que estou indo para uma festa: de boca aberta, cheia de algodão, prestes a levar uma anestesia, e com aquele cachimbo sugador pra lá e pra cá, como se eu estivesse numa dança de salão do programa do Faustão. Tem dado certo, apesar de sofrer por antecipação...
Estou consciente que não há alegria que sempre dure e mal que nunca acabe. Acho que estou em processo de recuperação: posso dizer que estou nas mãos de dentistas excelentes. Na vida, tudo depende de nossas escolhas: podemos ter sorte se não esbarrarmos com um Samuel...
Acredito que passei por algumas tempestades, mas estou já numa fase de mais tranquilidade. E, se tenho de ir, vou. Mas nada tão cem por cento...
legal.gostei muito so seu blog...........ate achei o meu rabalho de portugues..TALLES DE OLIVEIRA SANTOS
ResponderExcluirTALLES.22@HOTMAIL.COM
é dificil conviver com isso todos os dias, principalmnte há dez anos.
ResponderExcluiro meus dentes da frente estão resistindo, mas já começam a criar caries os de trás estão quase todos estragados, mas não consigo ir ao dentista. Já pensei até em suicidio.
Bom passei aqui só pra desabafar. tenho 23 anos e desde os 13 convivo com esse fardo. choro todos os dias e tenho vergonha da minha fobia. é dificil...
Tambem parei aqui por este problema: dentista.
ResponderExcluirQuando tenho uma dorzinha: começo com ansiedade, noites sem dormir, uma dôr e vergonha que sinto por ter este medo. Procuro alguma forma de ir ao inconsciente e apagar esta imagem errada.
Ja fui ao dentista mas apanhei terror... agora preciso tratar dos meus dentes e nao onsigo: por exemplo meus dentes doem de mês a mês. Doeu me tanto no Mês de Dezembro que tive de levar uma injecção para acalmar.outro medo...
Vou vvivendo até dar...
PARA 'O MUNDO CONTRÁRIO':
ResponderExcluirAmigo, nada é tão importante como a vida, e por ela vale a pena enfrentar nossas dores, e superar nossos traumas. Lute, quem sabe não conseguirá? Isso chama-se superação, e somos capazes, sim.
Abraço, tente!
tais
Hoje passei a noite em claro. Sofri dores imensas. Tenho vontade de amigar-me da cadeira do dentista mas quando chega ao momento recuo.
ResponderExcluirHoje não fui trabalhar. Hoje nao fui estudar. Hoje nao fui entregar um livro à biblioteca. Hoje morri.
Outra noite em claro: tenho a cara inchada.
ResponderExcluirQue fiz eu....
Olá. Muito obrigado pelas suas palavras.. psicoterapia..em Sao Miguel Açores? Duvido que exista...
ResponderExcluirOlá. Também tenho fobia por dentista e como muitos também tenho algum problema odontológico, ha algum tempo tentando resolver o meu problema resolvi fazer hipnoze "oque não recomendo a niguem porquê além de caro não adianta muito" oque não resolveu muita coisa; Dai então começei a procurar uma solução na net, foi quando eu descobri a odontologia hospitalar. Começei um tratamento no HC em São Paulo e acredito que meu problema será resolvido. A todos que estão nessa situação dificil eu indico a odontologia hospitalar ela também é feita pelo SUS. Boa sorte a todos ! Belo Blog.
ResponderExcluirEste comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirPessoal com fobia de dentistas, como muitos de vocês já comentaram hoje em dia a Odontologia evoluiu e temos condições de tratar casos como o de vocês de uma forma profissional com associação de técnicas além de sensibilidade e psicologia, o mais importante é enfrentar o medo e buscar um profissional que compreenda e trate desse tipo de problema. Caso tenham interesse minha clínica é especialista em tratar pacientes com esse perfil. Acessem www.akaki.odo.br Teremos muito prazer em atendê-los e ajudá-los a voltar a sorrir!!! Um grande abraço Dr.Luiz Akaki
ResponderExcluirOlá Tais!
ResponderExcluirGostei muito de ter encontrado o seu blog. Matérias interessantes, muito bem redigidas, algumas com um delicioso toque de humor!
Mas essa trata de um assunto muito sério que é a fobia por dentista. Quantas pessoas sofrem desse mal, e é sempre bom saberem que não são os únicos. Isso deve dar certo alívio e vontade de vencer esse "monstro" do medo.
Parabéns pela bela iniciativa!
fiquei mais aliviado quando percebi que outras pessoas possuiem o mesmo medo que tenho, sou professor, tenho uma boa renda mas muitos dentes careados e outros ja na raiz, tenho vergonha de abrir a boca e mostrar o estrago,sem falar na anestesia e acessorios. beijos e muita força para nós.
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