Tais Luso
Já começaram os beijinhos, os abraços e simpatias. Mas já sabemos que, após as doze badaladas retornaremos à realidade.
Políticos, promessas, campanhas e carreatas... tudo de novo.
Hoje, pela manhã, abri o jornal e puft! Lá estava o infeliz outra vez, fotografado no parque numa alegria de dar inveja. Voltou; deu as caras. É a mesma turma; a turma do Balão Mágico.
Tem carreata, tem buzinaço, tem beijinhos, cafezinho no boteco, tem criancinha no colo, tem blábláblá, muita simpatia, promessas infinitas e muita coisa mofa.
E não adianta emigrarem para outro partido, os problemas estão nas pessoas. Se não estiverem nas pessoas, então estão na nossa cultura, no sistema... deve ser culpa do solo, do céu, do mar, dos peixes, dos cometas... É uma encrenca!
Tenho é de arranjar fôlego para esperar pelas carreatas, rever centenas de Cinderelos, pegando suas mulheres, filhos, mães, sogras, tias, empregadas e simpatizantes das candidaturas e vê-los partindo em fila indiana, buzinando, abanando e tumultuando as ruas, rumo às vilas, em carros abertos e acompanhados pelo vice e seus assessores.
Isso tudo num trajeto árduo, em mangas de camisa e sob um sol escaldante. Coitados.; não cansam de enviar abraços e esgarçar sorrisos à população levando pirulitos, bonés, camisetas, chaveiros, broches e mil promessas. Com a mão no coração jogam amor pra todos os lados.
Essa gente se preocupa muito com os pobres, com os doentes, com os analfabetos... Jamais esquecem dos pirulitos! Andam quilômetros, e não esquecem dos abraços aos descamisados, das criancinhas no colo e do cafezinho descontraído no boteco da esquina. Tudo pelo social; que gente desapegada, que coisa mais linda.
Procuram, com sofreguidão, por buracos, crateras, crianças barrigudas e cheias de vermes, esgoto a céu aberto e doente agonizando por falta de medicamentos. Montanhas de lixo nos lugares mais indesejados fazem parte do esquema, numa promessa, veemente, de remoção urgente.
Há anos isso é mostrado no ‘Horário Político Gratuito’, via TV, com os dedinhos em V - de vitória -, durante nossas refeições. Aliás, isso não é novidade, almoçamos e jantamos assistindo gente de barriga furada no HPS ou vomitando os bofes nas filas do SUS. Não satisfeitos, ainda, estimulam nosso apetite mostrando os postos de saúde bucal, criados em vários cantos, com gente escovando os dentes, passando fio dental, ou arrancando os dentes com a mais avançada tecnologia implantada durante suas gestões. E, para engolirmos a comida, a gente faz que não vê, tentando enganar nosso cérebro... Infelizmente pegamos o hábito de ver noticiosos nas horas das refeições.
Nos parques e nas ruas, os candidatos exibem uma imagem forte, unida e vencedora formando uma corrente de braços entrelaçados, como se fossem para uma batalha campal. Coisa muito interessante.
E neste andar, neste triste andar, ainda há tempo para comerem um kit cachorro mais refrigerante, por R$ 1.99. A luta pelo voto é intensa e o povo necessita ver seu candidato comer cachorro, a única refeição do dia! São iguais, são “povão”, são irmãos de fé, todos acreditando em fazer do Brasil o país do futuro.
Lembro-me: eu era embriãozinho e já ouvia “Brasil, o país do futuro”. Ta difícil de chegarmos nesse futuro!
Bem, mas ao final de muitas jornadas exaustivas, mas de grande valia, nossos cinderelos retornam aos seus comitês para logo à noite irem ao debate via TV.
E nós, pobres iludidos (ou pobres e iludidos), na verdade estamos ávidos para assistirmos a um “reality show”, com candidatos astutos e destrambelhados.
Porém na mais ingênua esperança, acreditamos que deste debate sairá o nosso Salvador, aquele que nos dará paz, saúde, segurança e felicidade.
E neste ano, com inúmeros recursos, com tecnologia de última geração a coisa vai ser linda demais. Eles ficarão ‘show’ num telão de plasma. Talvez consigamos ver suas almas!
Por outro lado, nós nos sentiremos mais coitados do que já somos.
Políticos, promessas, campanhas e carreatas... tudo de novo.
Hoje, pela manhã, abri o jornal e puft! Lá estava o infeliz outra vez, fotografado no parque numa alegria de dar inveja. Voltou; deu as caras. É a mesma turma; a turma do Balão Mágico.
Tem carreata, tem buzinaço, tem beijinhos, cafezinho no boteco, tem criancinha no colo, tem blábláblá, muita simpatia, promessas infinitas e muita coisa mofa.
E não adianta emigrarem para outro partido, os problemas estão nas pessoas. Se não estiverem nas pessoas, então estão na nossa cultura, no sistema... deve ser culpa do solo, do céu, do mar, dos peixes, dos cometas... É uma encrenca!
Tenho é de arranjar fôlego para esperar pelas carreatas, rever centenas de Cinderelos, pegando suas mulheres, filhos, mães, sogras, tias, empregadas e simpatizantes das candidaturas e vê-los partindo em fila indiana, buzinando, abanando e tumultuando as ruas, rumo às vilas, em carros abertos e acompanhados pelo vice e seus assessores.
Isso tudo num trajeto árduo, em mangas de camisa e sob um sol escaldante. Coitados.; não cansam de enviar abraços e esgarçar sorrisos à população levando pirulitos, bonés, camisetas, chaveiros, broches e mil promessas. Com a mão no coração jogam amor pra todos os lados.
Essa gente se preocupa muito com os pobres, com os doentes, com os analfabetos... Jamais esquecem dos pirulitos! Andam quilômetros, e não esquecem dos abraços aos descamisados, das criancinhas no colo e do cafezinho descontraído no boteco da esquina. Tudo pelo social; que gente desapegada, que coisa mais linda.
Procuram, com sofreguidão, por buracos, crateras, crianças barrigudas e cheias de vermes, esgoto a céu aberto e doente agonizando por falta de medicamentos. Montanhas de lixo nos lugares mais indesejados fazem parte do esquema, numa promessa, veemente, de remoção urgente.
Há anos isso é mostrado no ‘Horário Político Gratuito’, via TV, com os dedinhos em V - de vitória -, durante nossas refeições. Aliás, isso não é novidade, almoçamos e jantamos assistindo gente de barriga furada no HPS ou vomitando os bofes nas filas do SUS. Não satisfeitos, ainda, estimulam nosso apetite mostrando os postos de saúde bucal, criados em vários cantos, com gente escovando os dentes, passando fio dental, ou arrancando os dentes com a mais avançada tecnologia implantada durante suas gestões. E, para engolirmos a comida, a gente faz que não vê, tentando enganar nosso cérebro... Infelizmente pegamos o hábito de ver noticiosos nas horas das refeições.
Nos parques e nas ruas, os candidatos exibem uma imagem forte, unida e vencedora formando uma corrente de braços entrelaçados, como se fossem para uma batalha campal. Coisa muito interessante.
E neste andar, neste triste andar, ainda há tempo para comerem um kit cachorro mais refrigerante, por R$ 1.99. A luta pelo voto é intensa e o povo necessita ver seu candidato comer cachorro, a única refeição do dia! São iguais, são “povão”, são irmãos de fé, todos acreditando em fazer do Brasil o país do futuro.
Lembro-me: eu era embriãozinho e já ouvia “Brasil, o país do futuro”. Ta difícil de chegarmos nesse futuro!
Bem, mas ao final de muitas jornadas exaustivas, mas de grande valia, nossos cinderelos retornam aos seus comitês para logo à noite irem ao debate via TV.
E nós, pobres iludidos (ou pobres e iludidos), na verdade estamos ávidos para assistirmos a um “reality show”, com candidatos astutos e destrambelhados.
Porém na mais ingênua esperança, acreditamos que deste debate sairá o nosso Salvador, aquele que nos dará paz, saúde, segurança e felicidade.
E neste ano, com inúmeros recursos, com tecnologia de última geração a coisa vai ser linda demais. Eles ficarão ‘show’ num telão de plasma. Talvez consigamos ver suas almas!
Por outro lado, nós nos sentiremos mais coitados do que já somos.
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