4 de junho de 2008

O LEILÃO DE 'DONA LILY MARINHO'

Lily Marinho / obra de Ismailovitch em 1961

- Taís Luso de Carvalho
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Devido ao anúncio do leilão da dona Lily - e que leilão! - resolvi conhecer a viúva do Roberto Marinho mais de perto, a fundo... E fui abrindo vários jornais e me enfronhando nos blogs... Se existe maneira rápida de se saber de alguma coisa, é num blog jornalístico idôneo.

Ela, a ‘dona Lily’, nasceu na França: filha de pai inglês e mãe francesa, foi miss Paris em 1936. É... ela estava com tudo em cima: linda e educada, a fina flor européia! Olhem a foto de dona Lily, retratada por Ismailovitch em 1961, em óleo sobre tela!

Mas, cada um tem a Lily que merece... Ou o Roberto Marinho que merece... Ou o leilão que merece? Sei não, fiquei tão estarrecida com esse leilão que confundo as coisas. Não sei mais quem merece o quê.

Mas mulher inteligente taí, sabe fazer dinheiro! Por que dona Lily ficaria com uma cômoda, em jacarandá, que foi vendida por R$ 491 mil? Por que ficaria, dona Lily, com um aparelho de jantar que foi vendido por R$ 100 mil, e que pertenceu ao feioso D. João VI? Por que ficaria com um banco português, feito da madeira carvalho, lindo, mas duro pra caramba e vendido no leilão por R$ 50 mil? Por que ficaria com um conjunto de licor, de Baccarat, que foi vendido por de R$ 56 mil? Ou com um Portinari (Flores) que o lance inicial foi de R$ 500 mil... Ou estatuetas da dinastia Tang (618-906)... E a arte barroca de dona Lily? O que era aquilo, meu Deus! Fiquei louca. E as pratarias, os candelabros italianos, vitorianos e George III, coisas do século XVII ?

Confesso que estou meio tontinha com o valor das coisas da dona Lily. Excelentes artistas fazem parte de seu acervo. Dando uma espiadinha vi que tem bom gosto... Estavam lá obras de Visconti, Anita Malfatti, Djanira, Pancetti, Portinari, Di Cavalcanti, Guignard, Volpi, Serpa, Frans Krajcberg, Tomie Ohtake, Manabu Mabe, Iberê Camargo, Heitor dos Prazeres, Bruno Giogi...

Dona Lily é mulher de sorte: seu primeiro casamento foi com o empresário Horácio de Carvalho, dono do antigo jornal Diário Carioca, dono de 20 fazendas, um apartamento em Copacabana e dono de uma mina de ouro. E seu segundo marido, Roberto Marinho, dono da Rede Globo de Televisão e sei lá mais de quê.

O que foi vendido no leilão da dona Lily foi fruto do primeiro casamento, segundo minhas fontes jornalísticas. Disse, ela, que tomou essa decisão para evitar brigas de família: ‘não quero briga após a minha morte’. Sábia, essa dona Lily... Ela não sabe a zorra que são esses nossos inventarinhos tupiniquins... Mas dona Lily sabe quanto pesa.

Todas as suas preciosidades foram transportadas em 20 caminhões até Copacabana. As vendas foram divididas em 5 noites festivas: a noite das artes; a noite das pratarias; a dos cristais e porcelanas e a noite dos objetos de devoção e arte nacional. Feito o pacote.

Dona Lily, aos 87 anos parece ótima de saúde, teve gás para se preocupar com os 7 leilões realizados em Genebra, Nova Iorque e Rio de Janeiro. Seu patrimônio foi avaliado em R$ 30 milhões. Será? E este montante vai para um ‘fundo gestor’ de um Banco que abastecerá, creio que por longuíssimos anos, seu filho e seus netos.

A grande dama vendeu quase tudo; dizem, as boas línguas, que ela ainda ficou com uns conjuntinhos de esmeraldas. Quanto à sua coleção de jóias - entre elas um colar com quatro fileiras de diamantes, e com peças iguais às da Rainha da Inglaterra - foi vendida por US$ 11 milhões, em Genebra, pois aqui no Brasil não haveriam compradores para tanto. Como é muito extensa a lista que foi leiloada, dei só uma ‘palhinha’, mesmo porque o leilão já ‘era’.

Dizem que dona Lily ficou muito contente com o resultado dos mais de R$ 30 milhões esperados com a venda... Eu fiquei tri de feliz, também: só não entendi a caneta do leiloeiro: uma ‘bic’... que batia no lugar do martelo: dou-lhe uma...dou-lhe duas... dou-lhe três!!! Vendido o lote 306, por R$ 491 mil... A cômoda!! E foi a primeira que saiu deslizando pelo salão...
Sem dúvida, foi o leilão do ano. Ou dos anos, penso.
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5 comentários:

  1. Anônimo11:41

    Esta soube empregar a sua beleza com dividendos.Mais que os seus bens materiais, seu cérebro é que vale muito.

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  2. Mas você acha - assim como a Maggi- que ela soube usar a beleza?
    Beleza se usa?
    Um abraço!

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  3. tais luso16:41

    Olha, Rose, o que eu acho, ou achei na época que escrevi, está na crônica acima. Agora, a pergunta que fazes se 'beleza se usa', é outra questão que não coloco neste quadro aí, na crônica do leilão.

    O caso - à parte - sobre a beleza: achas que ninguém usa a beleza para vários fins? Que muitas pessoas não conseguem o que querem usando sua beleza física?
    Rose!!!

    bjos, volte sempre.
    tais

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  4. olá TAIS realmente a beleza de lily é ofuscante mesmo ela sendo já nos dias de hoje uma senhora, mas ainda belíssima, vc não teria esta foto dela em tamanho grade não de busto, se tiver mande paro meu e-mail, pois sou um fão em condicional dela, quanto as imagens barrocas estou tentando ter um bom resultado.Assim que resultado desejado te mando um a foto, claro se vc quiser ver o resultado, abraço

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  5. Elisa Chaves; Manaus12:09

    Muitos são os dons... Uns usam a inteligëncia, outros usam a simpatia, outros usam o dinamismo. dona Lyli juntou várias qualidades e formou uma imagem de mulher bonita, forte e inteligente, aproveitando assim todo o seu carisma para se fazer presente em meio a uma sociedade que sente preconceito com mulheres bonitas, que acham que para ser inteligente é necessãrio ser feia.

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Abraços a todos
Taís