Crônica
do amigo e escritor Cesar Cruz.
Retirada
do livro A Idade do Vexame. Confesso que fiquei em dúvida se
deveria trazê-la ao meu blog – se não pareceria oportunismo meu, pelo
fato de meu nome estar em sua crônica. Pensei por algum tempo... e decidi por postá-la.
O
MAIOR AMOR DO MUNDO
- por
Cesar Cruz -
Dia
desses, a amiga Tais Luso, escritora também, dirigiu-me um e-mail
que dizia: 'Cesar, escreva mais coisas bonitas como essas!'
As
coisas bonitas a que a Tais se referia são os textos que escrevi
sobre a minha filha Michele. Lendo o e-mail da Tais, fiquei pensando
que bonitas mesmo são as coisas que ocorrem dentro de mim quando
olho pra carinha da minha filha, quando penso nela durante o dia,
quando a observo dormindo, naquela paz que para mim caracteriza toda
a plenitude da inocência dos ingênuos.
Perto
disso, as coisas que escrevo não significam nada. São insípidas e
inodoras, tamanha a distância que tem do real sentimento que as
produz. É então que compreendo quão incapaz sou para materializar
essas inexplicáveis emoções, inapto para transformar em letras e
rases esse meu imenso amor. E isso é duro para um escritor.
Nos
dias em que escrevia este texto, por uma incrível coincidência, dei
com um poema que me consolou. Descobri que não estou sozinho na
dificuldade de expressar certos sentimentos. Há companhia ilustre!
Veja o que escreveu Fernando Pessoa:
O que sinto, na verdadeira substância com que sinto
É absolutamente incomunicável
É quando mais profundamente o sinto Tanto mais incomunicável é.
'Absolutamente incomunicável', seja para os mestres, seja para os pobres mortais.
Mesmo consciente desta incapacidade, me sinto compelido a falar, escrever, bradar! Quero poder dizer a você que me lê, que aquele pequeno pedaço de chocolate que dorme ali naquele berço (enquanto escrevo este texto aqui no sofá da sala), naquele quarto, cobertinha com sua mantinha, sob os cuidados da gente, como eu poderia imaginar, ou ao menos supor, que pudesse impactar tanto a minha vida?
Só
sabe quem vive... Alguém já disse isso, é um fato. Só compreende
verdadeiramente as coisas quem passa ou passou por elas, seja o que
for.
O
louco amor que um homem tem pelo seu filho, quem não tiver um filho
jamais compreenderá. Estou convicto disso, pois até pouco tempo eu
mesmo achava que sabia como era.
Não
sabia.
A
Michele me comove de forma especial. Emociono-me ao olhar para aquele
seu pequeno rosto, liso, redondo, sorridente. Sentir aquele seu
cheiro tão bom. Parar para apreciar aquelas suas mãozinhas
gordinhas, curiosas, que em tudo mexem; aquela sua expressão doce,
aquele seu dedo que vive na boca... Não chupe o dedo, filha! Puxo
seu dedo repentinamente e ela ri pra mim. Ri um sorriso que eu sou
incapaz de descrever a você como é... O riso do filho da gente.
Quem é pai me entende, acho. Às vezes acho que não. Nesses momentos que acho que não, julgo que meu amor pela Michele é o maior amor do mundo, e que ninguém tem um igual ao meu lado. Isso deve ser injusto da minha parte. Não tenho de fato como medir o amor dos outros pelos seus filhos.
O
que sei é que ergo a minha menina no colo e algo se enche dentro de
mim! Surge uma bolha de inexplicável contentamento e plenitude,
enorme e morna. Acho que é isso o amor. Essa sensação física de
preenchimento, de quase não caber dentro de si próprio.
Então
quero beijar e apertar a Michele, mantê-la nos meus braços,
espremida num abraço sufocante para senti-la colada a mim. Não
quero mais soltar. Dá um nó na garganta e um amor tão grande no
peito, que chego a chorar um chorinho disfarçado, sem ninguém ver.
Nessas
horas quem acaba chorando é ela, porque o papai apertou demais.
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Visite seu Blog: Os Causos do Cruz
(In
Cesar Cruz. A idade do vexame. São Paulo: Pontes, 2011,
p.149-151)
Sensacional.Lindo demais e expressa ,verdadeiramente, todo o amor, enorme que temos pelos filhos. Lindo de ler e que bom que trouxeste aqui! Parabéns aos dois e um beijo pra Michele também! chica
ResponderExcluirOii Taís, que amor mais lindo desse pai, e que sorte a dela ter um paizão assim tão apaixonado! Belas palavras! Bjoooss
ResponderExcluirBom dia,Taís!
ResponderExcluirFizeste muito bem em compartilhar!!!Que LINDO!!Este amor move a vida da gente,nos torna menos egoístas,mais tolerântes e receptivos.
Só quem vive a experiência de ter um filho sabe.Muda tudo!
Beijos!
E o Cesar ainda tem a cara de pau de dizer ‘que tem dificuldade em expressar sentimentos’...
ResponderExcluirDeu, sim, pra dimensionar o tamanho desse amor lindamente descrito. Talvez porque eu já o tenha medido a palmo por aqui...
Sinto-me também, como ele, incapaz de definir esse amor, que, teoricamente, brota do nada. Sem laços chamados ‘naturais’, mas que é tão real que parece ter nascido com a gente.
Meu aplauso especial vai pra vc, amiga, que postou essa crônica emocionante!
Meu parabéns vai para o César, esse paizão moderno que não tem vergonha de dizer que chora de tanto amor pela filha querida. Um amor que de tão grande, transborda.
Meu beijo vai pra Michele. Menina de sorte!
Olá, amiga Taís!
ResponderExcluirO amor que sentimos por nossos filhos é, deveras, indelével.
César escreve muito bem e conseguiu expressar com louvor seu sentimento por sua filhinha, Michele. Sua gramática é admirável.
Obrigado por compartilhar conosco esse texto magnífico!
Abraços.
Estes amores, que quem tem sente bem e sabe como é, dão esta sensação de preenchimento e plenitude descritas com o fervor de pai apaixonado..."o riso do filho da gente", pra mim, sintetiza o amor que universal, e tão individual...
ResponderExcluirQue boa escolha compartilhar conosco, Tais...filhos são tesouros preciosos, e logo maism, nesta manhã, casa-se minha caçula...meu coração e mãe (insone...rs) está repleto de esperança de que ela construa uma vida feliz...acho que em momentos da vida como este que vou reviver, um filme passa na cabeça da gente, e isso mostra um pouquinho do amor que sentimos, e que o tempo só faz deixar melhor!!
Um abraço ao César, e um beijo a ti, com carinho e admiração!
Que crônica linda, daquelas de aquecer o coração. E a gente, mãe e cheia de orgulho, de suposições e incertezas, pensando que esses rompantes são sentimentos só nossos...
ResponderExcluirParabéns, amiga, pela postagem da crônica linda de viver. E mais. Parabéns pela interação tão gostosa que você tem com as pessoas que conhece, pelas palavras de incentivo distribuídas de graça.
Parabéns ao César pelo amor enorme com que permite a sua vida ser preenchida.
Beijo enorme =)
Fê Coelho
Tais,
ResponderExcluirCesar tem toda razão: não há como materializar um amor dessa proporção, afinal, ele bem lembrou, é O Maior Amor do Mundo e as palavras não são capazes de alcançá-lo!
Da mesma forma que o escritor, me pego olhando para minhas crianças dormindo... como dizer o que passa por dentro da gente nessa hora?! Não há como, é maior do que nós... mas é um sentimento tão bom e tão pleno que nos completa num instante, nos preenche e transborda tantas vezes em lágrimas mansas e gratas.
Realmente, só entende quem tem um amor desses na vida. Parabéns, Cesar, por ser PAI com letras maiúsculas, por amar e demonstrar esse amor todos os dias para seu "pedacinho de chocolate". Michele crescerá segura sabendo que tem alguém por ela nesta vida,e isso não tem preço.
Obrigada por compartilhar essa mensagem tão bela, Tais. Beijão pra você!
Tais, que presente você nos ofereceu postando o texto dele! Lemos em cada frase um sentimento ímpar e encantado. Mágico e verdadeiro. E delineado em uma escrita primorosa. Bjs.
ResponderExcluirMuito interessante o Blog !
ResponderExcluirMuito difícil encontrar na “ blogosfera “ espaços originais e bacanas como este !
Deixo aqui meu espaço, caso queria dar uma olhada, seguir...
http://www.bolgdoano.blogspot.com.br/
Muito Obrigada, desde já !
Sou pai e avô e garanto que entendo o auitor perfeitamente.. tenho experincias muito proximas das dele. Ser pai é um provolegio que muito "homens" depreciam. Colquei homens entre aspas par diferenciar dos HOMENS que realmente cuidam de seus filhos e os amam profundamente.
ResponderExcluirOlá Taís,
ResponderExcluirAinda bem que você postou! É mais que um texto. É um depoimento escrito com coração. Nós, mães, não temos a dimensão do amor dos pais. Somos meio egoístas,eu acho, como se o nosso amor fosse maior que o deles. Um belo ponto de vista. Eu costumo dizer que quando temos filho, o nosso coração deixa de ser nosso. Bate e vive por eles. Um feliz domingo!
Tais
ResponderExcluirAntes de mais nada, preciso te dizer que talvez tenha sido eu o oportunista ao usar o seu nome nessa crônica! Pense nisso! ahaha!
Obrigado, amiga escritora, por me prestigiar aqui no seu blog tão bem frequentado. Reconheço aqui duas amigas com quem não falo faz tempo: a Sueli e a Suzy. Um beijo para elas, e beijos a todos os demais, pelo prestígio.
A simpática Marilene, inclusive, ainda se deu ao trabalho de ir ao meu blog ler as patacoadas que eu escrevo, e comentar! Obrigado, Marilene!
bjos a todos os queridos amigos,
e um especial para vc, Tais, que sempre me apoia.
Cesar
Esse é um tipo de amor para o qual palavras são insuficientes, somente quem sente sabe a delícia que é.
ResponderExcluirBeijos
Oi Taís!
ResponderExcluirÉ lindo este amor incondicional e quando ele é assim tão belamente descrito é que percebemos a verdadeira noção de seu tamanho, de sua intensidade. Lindo sentir! que bom que compartilhou!
Beijinhos e uma linda semana!
oi querida amiga
ResponderExcluirposso te dizer que levoa semana para ler teublog?porque amo cada pesacinho e tento decifrar cada frase, cada palavra de varias maneiras e as vezes fico bem triste, mas na maioria alegre,infantilmente alegre quando te leio EU SOU!!! obrigada amiga por estares aqui junto da gente .......bjkas
malu