- Tais Luso
Não sou muito modernosa quanto ao
quesito educação dos filhos. Sou um pouco conservadora. Nem tanto
cá, nem tanto lá. Fiquei no meio termo, usando meu bom-senso. Não
acho que um chinelo tenha a capacidade de endireitar alguém, nem
mesada cortada, nem autoritarismo ou terrorismo doméstico.
Deu para educar com firmeza e amor sem
colocar os anjos na guilhotina. Mas o 'não é não', seja na voz, no olhar, na postura. E o resto da formação fica por
conta do ambiente em que os filhos são criados e também as heranças
genéticas da parentada toda. Herda-se alguma coisa estranha. Nada é perfeito.
Mas o que vejo agora é muita
frouxidão. As crianças se
atiram e rolam
nos
supermercados,
batem pé na rua,
abrem o berreiro nos restaurantes, interditam os shoppings, choram no lotação, gritam porque
querem – e os pais gritam
porque
não querem. E fico olhando para os pais. Forças opostas exibindo o conflito que deveria ficar em
casa. Odeio
gritos: grito de Goooool, de bêbado, de dor... fico desatinada. Meus pais não gritavam, falavam manso, eu conseguia pensar.
De uns anos pra cá é muita
filosofia, um papo desnecessário, muita explicação de todos os
porquês, coisa que criança nenhuma está a fim de ouvir. Menos
papo. Criança precisa de limites, firmeza, disciplina. Criança
sente o comando sem violência - logicamente com amor e carinho.
Há muitos anos dei uma passada, à tarde, na casa de minha mãe. Estava lá sua amiga, uma psicóloga e seu filho de três anos. Que tragédia! Fomos preparar um chá na cozinha e quando voltamos eu não
sabia se atendia minha mãe, quase enfartando, ou se dava uma
'gravata' naquela criança, de sapato sujo - pulando feito louco - num sofá branco e novo.
- Não faz assim, filhinho,
a titia não vai gostar…
Foi algo dito tipo 'não faça, fazendo'. Minha mãe e eu saímos de órbita, ficamos olhando a cena para ver onde chegaria, já que o
sofá virou um lixo. E
a criança continuou,
com o berreiro que Deus lhe
deu, até
que caiu do sofá e fez um galo na cabeça. A
situação piorou, pois
a mãe entrou em crise.
Crise de culpa por ter
contrariado o filho.
Juro
que me deu um negócio estranho.
Criança contrariada fica
traumatizada!
O
tal 'não' deixaria
traumas no filho. Nunca
esqueci daquela cena,
uma mãe completamente
apática e sem noção.
Meus filhos podiam andar entre
cristais que nada acontecia: ensinei a não quebrar nada, a fazer
carinho nos objetos ao envés de jogar longe, tipo criança surtada.
E passavam a mãozinha de leve, acariciando o vaso antigo, a jarra de
cristal... Tão fácil. Na casa dos outros ficavam sentadinhos no sofá,
não demoliam e nem botavam fogo na casa de ninguém. Sabiam se comportar. Hoje, adultos e formados.
Por isso não entendo certas normas na educação atual. Sempre serei contra qualquer ato violento ou gritos na educação
de um filho. Mas dar limites é obrigação dos pais e tenho certeza que meu pensamento sempre será esse.
Ainda bem que meus filhos estão pra
lá de criados.
Criados com amor por pais dedicados.
_____________________________
Criados com amor por pais dedicados.
_____________________________
Não dá mesmo pra entender! vemos verdadeiros monstrinhos em nome da educação sem limites, onde pais tem medo de dizer não aos "anjinhos"... Haja saco pra aguentar!!rs
ResponderExcluirbeijos, chica
Todos os compêndios psicopedagógicos + os filosóficos... não deram conta de uma única coisa que "os pais" esqueceram de fazer: - cuidar, criar e educar o seu filho. Delega-se para as escolas, fazem uma agenda de atividades extracurriculares para os filhotes e, "o cuidar familiar" se perde na total falta de relacionarem-se.
ResponderExcluirAbraço.
Taís,
ResponderExcluirTai um assunto que geralmente rende pano prá manga. Concordo cem por cento com você. Nunca bati nos meu filhos que hoje são cidadãos úteis à sociedade, têm famílias bem estruturadas, são trabalhadores, não usam drogas, não bebem e nem fumam. Semana passada, meu filho mais velho, que tem um filho postiço, me disse: Pai, quando o João (seu filho postiço) quer fazer birra recebe um NÃO bem definitivo tal como você e a mãe faziam comigo. Ele fica meio emburrado - cinco minutos, no máximo - e vai para o quarto "pensar". Logo em seguida está tudo bem, e ele me considera mais que o pai biológico dele.
Eu acho que apesar de não sermos nenhumas sumidades em educação infantil, minha mulher e eu, educando-os de maneira tradicional, isto é, sem ser pais bobões dominados que só dizem SIM; e sem ser dominadores tiranos que traduzem educação como PORRADA, conseguimos um bom resultado. Podemos dormir tranquilos o sono dos que cumpriram sua missão neste Planetinha azul.
Agora um soneto prá você:
Educar é dar exemplo
Sim, concordo com a cronista Taís
Porque educar não é meter a mão
É educar com firmeza como ela diz
Mais exemplo da familiar formação.
Pois pai e mãe cada um é aprendiz
Portanto nada de moderna frouxidão
Senão depois vem que foi que eu fiz?
Como fora então alguma explicação.
Tal pepino se torce bem cedo o petiz
Mais que presente, da-se-lhe atenção
Pra que no futuro não seja ele infeliz.
Tampouco na vida seja um bobalhão
Contudo saiba onde colocar seu nariz
Graças a ter entendido que não, é não.
Ola Taís, um tema bom este a educação modernosa e as crianças danosas. Danosas sim cheias de direitos e nenhum deveres. E assim entrem por esta sociedade sem saber de limites. Eu um menino do mato lá do interior das Gerais,tinha todos os limites e sabia bem o que significava ultrapassa-los. Este exemplo citado eu já vi com uma irmã na condição de sua mãe, mas ela na maior pegou o menino pelos braços como um saco de laranja em botou no chão numa boa e ele não morreu, nem traumatizou, mas soube que aquela tia não falava, ela fazia, rsrs. Dentro da série não gosto: detesto criança mal educada, que grita, fala palavrão e faz aquela birra de rolar no chão.
ResponderExcluirMas sei que hoje a educação está perdendo para a complacência.
Um bela cronica do cotidiano.
Uma semana que esteja bela para você e um Setembro florido fora e dentro.
Carinhoso abraço amiga.
Beijo de paz.
Tais, educação dos filhos? Tudo parte dum princípio, mesmo quem tem vários, há temperamentos diferentes, mas é possível encaminhá-los num rumo, até sem usar a força. A força tem de estar na ordem estabelecida. E não bastam ordens, é preciso exemplos,
ResponderExcluirAbraços
ResponderExcluirMinha querida amiga Tais, como disse nosso amigo Jair Lopes, é um tema e tanto,, mas que nas tuas palavras e ensinamentos se tornou leve e curioso, embora trate de trauma, como a própria palavra diz já é um problema...não contiver o riso na hora do menino de sapato sujo pulando no sofá novo rs, tu e tua mãe tendo um troço. Não tenho filhos e acho que nunca os terei, mas tenho sobrinho que os considero amigos e eles também e nessa de amizade vou dizendo o que eu acho, a escolha é deles, mas não sou pai, mas acho que me preocupa mais com eles que seus pais. Sempre fui uma criança que ouvia, embora criado boa parte de minha infância por meus avós, recebi uma ótima educação (estranho né ? avós sempre estragam a criança ). Aprendi cedo a lidar com o não, e isso não me fez mal, pelo contrário, ajudou a formar minha noção de realidade. Existe uma geração que promete tudo para seus filhos, tudo que não tiveram na sua infância, inclusive são abolidos os nãos, tão fundamental na educação de uma criança, mesmo porque, acredito que as crianças querem alguém para sinalizar perigo, crinaça quer e precisa ouvir NÃO. Os tempos modernosos de hoje, educação liberal, pais ausentes, as crianças cada vez com mais liberdade, e cada vez mais cedo...querida Tais, quase não dá para parar de escrever, tão bom tá o papo. Mas acredito ser um bom resultado da educação que recebi. Bom demais estar aqui.
ps. Carinho respeito e abraço.
Pois então, cara amiga Tais, eu também não gosto de gritos e também acho que há muita frouxidão, atualmente, na condução do trato dos filhos. Limites são necessários, sim. Métodos infalíveis não existem, acho que necessário é seguir a fórmula ' caminho do meio", isto é, nem muito ao mar nem muita à terra.
ResponderExcluirUm abraço. Tenhas uma linda tarde.
Oi Taís,
ResponderExcluirNão mandei meu filho não casar, quando ele se sente contrariado fecha a porta do quarto e eu bato na porta e ele abre e me a as costas. Aí fico louuuuuca e lhe digo: enquanto você comer da minha comida, etc..., tem que me respeitar. Só fecha a porta depois que eu dormir. Pô tem 32 anos!!!!
Beijos
Dorli Ramos
Taisinha, esta tua crônica está muito bem escrita, tanto do ponto de vista formal como do ponto de vista substantivo. Quando falas no método de criação dos filhos, chego a pensar que o famoso psicanalista infantil, o francês Andrè Berge, assinaria embaixo.
ResponderExcluirBeijinho.
Não suporto também, Taís, a frouxidão com que os pais
ResponderExcluirfalam hoje com os filhos... Ah! Credo, nem é bom falar...rs.
Você arrasou de novo, menina!
Beijão!
...........filho de psicóloga..???? Já detesto de há muito.....
ResponderExcluirMinha ex...era psicólogo por tudo e nada...e deu no que deu.
Não me queixo dos meus filhos.....,mas é agora que têm os seus
e sabem o que a vida custa. Não digo que gosto de ver....mas me alegra um pouco...
A sorte...é que já não ando cá para ver os nossos países governados por eles,
pois os exemplos já são péssimos.....
Mas agora não me calava.......Xau Taís.....Estes seus temas polémicos.....!!!!!!
Abraço
UN TEMA MUY POLÉMICO. EXCELENTE PLANTEAMIENTO.
ResponderExcluirABRAZOS
A disciplina é a mãe do êxito.
ResponderExcluirA disciplina é a parte mais importante do sucesso de uma criança.
Belas palavras... Confesso que me deu vontade de come-las pelo alto grau de verdade contidas em cada uma das suas belas escritas, sendo esta uma delas...
Obrigado pela visita no meu espaço e pelas belas palavras lá deixado... Bj de carinho no coração..
200% de acordo!!
ResponderExcluirHoje as crianças mandam nos pais, nos professores, em tudo! É um exagero. Essas terias da traumatização têm muito que se lhe diga!
Tem que haver regras e limites, mas muitos pais passam tão pouco tempo com os filhos, que não se dão a esse trabalho, porque educar dá trabalho e sobretudo é preciso exemplo, bom exemplo.
Como professora, hoje em dia, após também andar por vezes um pouco perdida em teorias tolas, que nos eram impostas, digo muitas vezes aos alunos "Porque quem manda aqui sou eu!". Por vezes explico porque têm de fazer isto ou aquilo, outras vezes, quando me dizem que este ou aquele não faz assim...eu respondo com a minha autoridade! Os alunos calam-se, fazem e no fundo, mesmo pequenos, confiam na minha autoridade. É disso que eles precisam muito, ainda: autoridade, firmeza, orientação. Paralelamente, o espaço necessário para irem fazendo as suas escolhas, errando, acertando, mudando, imaginando...enfim, crescendo com equilíbrio, onde as frustrações também entram, porque elas fazem parte da vida.
Educar não é fácil, nada fácil!
Gosto sempre de ler as suas excelentes crónicas!
Um bom fim-de-semana:)
Amigaaaaaaaaaaa! Saudades! Finalmente consegui vir até aqui! Ufa!
ResponderExcluirEsse teu texto me lembrou de uma Pedagoga que certa vez disse em uma palestra: Estão confundindo Construtivismo com Destrutivismo.
E não é querer falar mal, mas psicólogo é destrutivista pra carai... Tudo, exatamente tuuuuudo é "traumatizante". E o que acontece depois, no futuro? Pessoas TOTALMENTE despreparadas para a vida, porque afinal, a melhor professora do mundo que é ela, vai te dar muitos NÃOS na tua cara e nem vai se importar de quebrá-la quantas vezes forem necessárias até que tu aprenda a virar gente.
Psicologia está criando pessoas despreparadas para o futuro. Se alguém tiver experiências diferentes com isso, me perdoe, mas na minha vivência não é o que percebo.
E não, tua forma de educação não é conservadora. Um dos professores e maiores filósofos da educação, o Dr. Mario Sergio Cortella concorda 100% contigo.
Até vou indicar este vídeo para que veja, se ainda não viu. Achei perfeita a alusão que ele faz dos pais e a criança em um restaurante.
https://youtu.be/FNEN3eJ8_BU
Muitos pais (e principalmente psicólogos) precisam com urgência assisti-lo!
Beijos minha amiga e um excelente findi pra ti! :))))
Rivotril com Coca-Cola
Ótimo, Tais! A minha também foi criada assim. Citarei apenas um episódio da minha adolescência só pra ilustrar. O filho do vizinho uma vez subiu no telhado da casa vizinha e sentou bem no meio, no capote, como se dizia e ficou jogando telha por telha no chão, isso as 17:00, a dona da casa horrorizada chamou o pai, ex militar, na reserva. O pai implorava pra ele descer quase chorando, e ele dizia, lembro bem: - Vai me dar aquela bicicleta da Monark tigrão, não? (toda listrada , fundo amarelo imitando a pele do tigre, linda!) e o pai dizia: - Final do mês! e ele retrucava, autoritário: - Amanhã! Enquanto jogava mais telhas no chão. Conclusão: Ele só desceu com a promessa que no outro dia ganharia a tal bicicleta, e ganhou, o pai comprou as telhas quebradas e pagou pra alguém colocar. Esse menino, Tais, cresceu e se tornou um marginal fino! Suponho que acostumado a ter tudo nas mãos por papai e mamãe, cresceu e na hora que queria ia lá nas coisas alheias e pegava. Simples assim! Beijos!
ResponderExcluirAbençoado final de semana!!!!! Bjkssssss
ResponderExcluirBoa tarde Tais.
ResponderExcluirCriei a minha filha com amor, limites e bom exemplo, hoje eu tenho uma filha em muito bom caminho. A mãe dos meus sobrinhos é psicologa, nem por isso ela educa as crianças com não me toques, sem agressão de nenhuma forma, muito dialogo sempre , ele são uns anjos, em casa faz a festa , mas em sociedade são extremamente elogiados. Comigo ainda mais comportados, logico que pinta o sete , mas sem nada que não seja normal para a faixa etária deles. O que falta dos pais de hoje é saber que os filhos devem ser ensinados, para que no futuro a vida não precise ensinar-los. Uma excelente postagem, com um assunto que deveria ser bastante abordado. Um feliz dia. Abraços.
Não é necessária a filosofia norte-americana "quando vai dialogar, leva o porrete"? O que não justifica um guri pulando de sapatos numa poltrona, livremente.
ResponderExcluirBeijos
Olá, Tais.
ResponderExcluirTema difícil e controverso, esse da educação.
Concordo plenamente com você. Essas teorias dos "traumas" roçam o ridículo - e já têm uns bons tempos, não é coisa de agora, já deu bem para ver que não são desculpa para a falta de educação e verdadeira ditadura que alguns filhos usam com os pais.
bj amg