- Augusto dos Anjos
O homem por sobre quem caiu a pragaDa tristeza do mundo, o homem que é tristePara todos os séculos existeE nunca mais o seu pesar se apaga!Não crê em nada, pois nada há que tragaConsolo à mágoa, a que só ele assiste.Quer resistir, e quanto mais resisteMais se lhe aumenta e se lhe afunda a chaga.Sabe que sofre, mas o que não sabeÉ que essa mágoa infinda assim, não cabeNa sua vida, é que essa mágoa infindaTranspõe a vida do seu corpo inerme;E quando esse homem se transforma em vermeÉ essa mágoa que o acompanha ainda!
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EU E OUTRAS POESIAS / Augusto de Carvalho Rodrigues dos Anjos
- Porto Alegre: L&PM 2007, pg 95
Oi Tais!
ResponderExcluirQue tristeza! Não existe nada pior que a mágoa, esta que corrói, corróe o amor, transforma o coração em grande ferida!
Uma ótima escolha amiga!
Beijos, uma linda tarde!
Mariangela
Perdão Taís, mas você tocou no meu poeta predileto, então coloco aqui poesia que fiz inspirado por ele:
ResponderExcluirPastiche de Augusto dos Anjos
Clausura
Naquele claustro de salas silenciosas
De paredes úmidas e úmidas arcadas,
Abóbadas sombrias, feias, tenebrosas,
Na vastidão silente, sérias e caladas.
Vagueiam tristemente murchas rosas
Guardando cinzas de vidas passadas,
Freiras e monjas, sóbrias e tristurosas
Escondendo suas almas mal amadas.
E à noite, quando rezam na clausura,
No segredo das orações misteriosas,
Nem sombra da mais leve de ventura.
Só as arcadas romanas e misteriosas
Veem as tais prisioneiras com candura
Entendendo que isso as faz corajosas.
O Homem
ResponderExcluirInspirado em Augusto dos Anjos
Hoje velho, fico revivendo minha infância,
Que parece distante, existiu em outra era
Talvez mais pura, mais honesta e sincera
Que, agora, à velhice oferece substância.
Claro, lhe fornece douração, tal distância,
Acrescenta até alguma dose de quimera
Que, parece, é talvez algo que se espera
Nada do gênero angustioso de dar ânsia.
Toda maturidade será portanto um misto
De infância e mocidade, porquanto existo
Enquanto momentos bons e ruins somem.
Fazendo de mim quem sou, exatamente
Um animal racional o qual pensa e sente
Em outras palavras, fez-me um homem.
O mar
ResponderExcluirO avesso de Augusto dos Anjos
O mar é alegre sob qualquer critério;
Cada cor abrandada revela a doçura,
Da coberta de espuma sua brancura
Até pontuais marés e seu gesto sério.
Ah! dirão, e a profundeza de mistério,
Cujo fundo se encontra àquela lonjura
De amplidão imensurável e tão escura
Do tamanho de um inteiro hemisfério?
Quando à mente tais questões tragas,
Pense na água, não apenas nas fragas,
De modo que qualquer dúvida se esvai.
Refletindo a luz do avermelhado poente
O poeta transcende pelo que vê e sente,
Linda escola do soneto e do poeta, era assim, poeta tinha de escrever as tristezas e as dores da alma, as mágoas eternizadas!
ResponderExcluirAmei ler amiga Tais, também ando num rebusque de coisas que falam do passado, pois comparando tudo, vemos que o passado está tão presente, nossa!
Abraços linda amiga, amo poder ler suas postagens que me atraem!
Taísssssssss! Saudades amiga! Saudades daqui!
ResponderExcluirGuria, que inferno, quando eu tenho tempo, mal tenho conexão! Ódio!
Mas que maravilha é passar por aqui e dar de cara com um dos meus poetas favoritos. :))))
Não vou entrar no "mérito" de ficar "pregando" contra a mágoa, por achar que não convém.
Gosto muito de autores que vão fundo na ferida, que não escrevem só o mais do mesmo que o senso comum quer ouvir para "se consolar". Eu gosto de leituras tristes e até mórbidas e perturbadoras!
E percebi que nosso gosto literário é muito parecido!
Beijos minha querida e um ótimo ano de 2016 para ti! :)))))
Apesar da mágoa grande, linda poesia e escolha! beijos, lindo e feliz fds! chica
ResponderExcluirTão triste!
ResponderExcluirÉ um bocadinho a humanidade.
Um beijinho e um bom fim-de-semana:)
Triste e sofrido.
ResponderExcluirBeijinhos
Maria
Confesso o meu desconhecido acerca deste poeta, mas a sensibilidade tocante e dolorosa deste seu soneto fez-me ficar curiosa da sua obra.
ResponderExcluirUm beijinho grato
Fê
La angustia la mayoría de las veces nos impide funcionar correctamente.
ResponderExcluirUn saludo
Tão verdadeiro, tão antigo, mas tão atual é esse soneto!
ResponderExcluirNossos poetas, traziam os sentimentos mais profundos em seus versos.
Uma literatura rica, que foi legada ao brasileiro e é tão pouco "explorada"
no meio acadêmico, nas universidades...Dos melhores, Augusto dos Anjos! Obrigada, Taís, pela partilha. Meu abraço.
MUY MELANCÓLICO!!!
ResponderExcluirABRAZOS
olá Taís: Os poetas da época falavam com muita dor à respeito de suas vivências, por isso este poema a pesar de lindo é tão contundente.
ResponderExcluirBom final de semana, beijinhos,
Léah
Magnífico soneto lleno de sentido y reflexiones filosóficas. Un buen poeta es, sin duda. Gracias por compartirlo. Un abrazo y gracias por sus comentarios en mi blog.
ResponderExcluirOi, Tais!
ResponderExcluirObrigado pelo brinde na excelente companhia de Augusto dos Anjos!
Pra ficar na memória:"E quando esse homem se transforma em verme
É essa mágoa que o acompanha ainda!"
Beijão e bom fim de semana!
Triste é chegar-se a não ter mais esperança e apenas cultivar tristezas e mágoas... A carga fica muito mais pesada de ser levada...
ResponderExcluirAbraço.
Final contundente e verdadeiro.
ResponderExcluirBeijokas, Taís!!!
Oi Taís, mágoa tão belamente descrita por Augusto dos Anjos, pesa toneladas no peito. Dor mais ingrata!
ResponderExcluirBeijos
Um poema forte, uma alma sofredora. Ele fez parte de minha vida estudantil, embora, na ápoca, tivesse dificuldade para entender essas manifestações poéticas (rss). Uma excelente escolha. Atualmente, ficam esses grandes escritores relegados a segundo plano. Bjs.
ResponderExcluirUm soneto reflexível, com sua profundidade de dizeres que faz-nos ver o quanto a vida muita das vezes prega-nos peças, fazendo desta fardos adicionais..... Contudo confesso que amei... Assim como estes e outras por ai a fora de Augusto dos Anjos nos faz sempre refletir no acaso dos acontecimentos.... big bj linda...
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