O
homem no desemprego
é
um homem amordaçado.
Esconde
grito contido.
Por
isso parece calado.
O
homem no desemprego
rumina
áspero ódio.
O
tempo boceja inútil
sem
agendas ou relógios.
O
homem no desemprego
não
tem passagens ou malas.
Move-se
num vaivém
qual
uma fera na jaula.
O
homem no desemprego
parece
perdido no espaço.
Manearam
suas pernas.
Imobilizaram
seus braços.
O
homem no desemprego
é
um habitante no limbo.
Diga
qual diferença
entre
segunda e domingo?
O
homem no desemprego
é
o mais só entre os sós.
Sabe-se
mutilado, ferido
mas
desconhece o algoz.
O
homem no desemprego
é
um homem no exílio.
Não
tem idioma nem pátria.
É
um trem fora dos trilhos.
O
homem no desemprego
é
um náufrago na tábua.
Ou
um peixe asfixiado
num
turvo aquário de mágoas.
Ao
homem no desemprego
congelaram
sua imagem.
O
tempo rola seu filme
mas
ele ficou à margem.
Ao
homem no desemprego
o
alambique destila
a
salvação pelos copos
e
o triste roteiro das filas.
___________________________________
Luiz
Coronel
nasceu
em Bagé / RS, em 1938. Bacharel em Direito, Sociologia e Política,
reside em Porto Alegre, onde trabalha como diretor de publicidade.
Criou e dirige a Exitus, empresa de publicidade. É compositor
musical, possuindo diversos prêmios como letrista nas Califórnias
da canção nativa.
Com
mais de 50 obras recebeu prêmios no Brasil, Espanha e México. Com
traduções para o inglês e alemão.
Sempre
ligado à comunicação e à cultura, há 20 anos é presença
constante nas redes de comunicação gaúchas participando na
condição de colunista e poeta que sucede Mário Quintana, em edições
semanais de poemas no Correio do Povo desde 1996. Na Rede Pampa participa de
programas televisivos semanais, na RBS escreve como colunista na
coluna Pampeana do jornal Zero Hora. Luiz Coronel foi o patrono da 58ª Feira do Livro de Porto Alegre.
- Um Girassol na Neblina / Exitus ed. 1997 pág 62
Olá, Tais,
ResponderExcluirPoema que descreve na perfeição o que é um desempregado: um "náufrago" - bastaria essa quadra para definir o poema como perfeito, mas o autor percorre todas as nuances de emoções mal digeridas por uma criatura que se vê no desespero, na rua sem saída que é o desemprego - como doença cruel a dizimar todo o ser, célula a célula. A sensação de não ser, a incapacidade de participação activa na vida, tudo para o que foi preparado, o que o dignifica que o faz levantar todos os dias pela manhã, tudo isso lhe é tirado: preferível a morte rápida, porque esse é um morrer lento, sem direito a morfina.
um bjo amigo
Um mal que está assolando muita gente do meu país... e do seu, Tais!...
ResponderExcluirE que não me parece ir regredir nos próximos tempos, infelizmente... politico... vive discutindo sobre emprego e investimento, por aqui... e nenhuma solução de concreto me apraz ver que se vá conseguir...
Durante anos, na Europa, os empresários visaram apenas o lucro fácil... e a Europa se desindustrializou... optando pela mão de obra barata de muitos países asiáticos...
A Europa estagnou no crescimento económico... e os países asiáticos... vêem-se agora a braços com uma produção... que se calhar a grande maioria dos seus habitantes... não terá capacidade para adquirir... e o mundo continua sobrevivendo... de crise em crise... procurando-se o lucro, nos mercados especulativos... e com isso... comprometendo a restante economia, que continua funcionando, apesar de tudo...
Um poema que aborda de uma forma magistral, este grande flagelo dos nossos dias...
Beijos! Bom fim de semana!
Ana
Amiga Tais, a escolha do poema veio a calhar em uma época que o que mata é mesmo o terrível mal do desemprego.
ResponderExcluirPior de tudo é que, muitos vão fazer entrevistas e até se saem bem, mas ao negociar os salários é que se percebe que, em época de crise todos querem se aproveitar, querem pagar metade do valor que este ganhava,(é pegar ou largar) coisa de louco isso, sei disso, conheço pessoas que estão enfrentando essa situação!
Boa reflexão por aqui, sempre nos dá essa possibilidade, a de pensar!
Abraços linda amiga!
Que mais posso acrescentar, querida Tais?
ResponderExcluirE esgotaram o assunto! Resta-me concordar!
Grande abraço.
Jorge
Um poema que é um grito de dor e revolta!
ResponderExcluirObrigada pela partilha! Bj
Um homem desempregado sente-se um parasita,principalmente se
ResponderExcluira mulher também trabalha.
E quantos estamos vendo em nosso amado Brasil que não conseguem um trabalho,até àqueles que possuem um nível de cultura acima do que pedem,mesmo assim são rejeitados.
É uma verdadeira lástima,pois aí aparece a depressão e torna-se um homem inútil.
É uma pena vermos tantos desempregados,mas temos que ter fé que tudo será mudado.Quem Sabe!
Adorei ler Taís.
Bjs e um lindo final de semana.
Carmen Lúcia.
Acróstico
ResponderExcluirDemitido recente de seu trabalho
Elementar que tenha perdido chão
Seu pensamento, pois nada valho
E meu futuro será todo escuridão.
Mas, por qual meta então batalho?
Porque não sei donde tirar meu pão
Represento eu o trabalhador falho?
E minha vida toda é uma negação?
Gasto, já sou carta fora do baralho?
Ando por aí sem rumo ou direção?
Decerto nesta vida não vejo atalho
O que desejo é uma nova função.
Um poema muito sensível e muito lúcido de Luiz Coronel. Obrigada pela partilha.
ResponderExcluirBeijos.
É uma triste realidade, onde o cidadão, quase sempre, não tem culpa nenhuma! Bom o seu companheiro de letras, querida Taís!
ResponderExcluirGrande abraço.
Essa triste realidade vem acontecendo em número assustador e os pobres desempregados mostram um rosto sem cor desfigurado pela dor e desolação de não poder por na mesa o abençoado pão
ResponderExcluirGrande sensibilidade do poeta
Uma linda nova semana minha amiga
Beijos
Pobre desempregado!E cada vem mais deles nessa nossa realidade! Linda poesia, gosto muito do Luis Coronel! beijos, tuuuuudo de bom, linda semana! chica
ResponderExcluirMuito legal estas postagens apresentando escritores e pessoas que fazem a diferença e agregam cultura à nossa nação. Parabéns neste poema da realidade triste de um exercito de pessoas que vivem nesta margem, sem sua moral, sem sua paz, sem sua vida.
ResponderExcluirHoje um especial abraço amiga e que a nova semana seja de paz e abençoada para voces.
Bjs de paz.
Desculpe-me pela demora desta visita, andei muito ocupado com milhares de afazeres, mas em fim aqui estou a desfrutar-me deste lucido poema no qual traz a tona o fantasma do desespero que assola num todo os continentes fortes e os menos desfavoráveis....
ResponderExcluirComo disse Carmen... Um homem desempregado sente-se um parasita,principalmente se
a mulher também trabalha.
E quantos estamos vendo em nosso amado Brasil que não conseguem um trabalho,até àqueles que possuem um nível de cultura acima do que pedem,mesmo assim são rejeitados.
É uma verdadeira lástima,pois aí aparece a depressão e torna-se um homem inútil.
big bj em seu coração...
Mana não conheço o poeta, isto é sua obra. O poema mostra uma triste realidade,que é infelizmente a de muitos brasileiros.O poeta dissecou todos os pontos de dor e desespero que o desemprego causa numa pessoa.
ResponderExcluirbeijinhos, Léah
... o tempo que rola tal filme... estressa-nos em pensamentos decepcionantes diante do que cada um recebe... Plantamos todos, mas na colheita... quanta diferença! Resta a depressão e o descrédito da nossa capacidade!
ResponderExcluirNão conhecia o autor. Realista ao extremo e situado nos acontecimentos atuais. Obrigada pelo post!
Abraço.
É a triste realidade que cada vez atinge mais pessoas.
ResponderExcluirGostei deste poema está muito bem elaborado.
Um abraço e boa semana.
Aqui continuamos a sofrer desse mal, infelizmente. A crise continua em toda a Europa e Pprtugal, por mais que tente não consegue que a economia saia da estagnação, continuando desemprego em elevado número. Com o Brasil está a acontecer o mesmo e vai demorar para que as coisas voltem ao que eram. Este poema retrata com perfeição o sofrimento de um desempregada, Tais, a dor que deve sentir não tendo um pão para colocar na mesa dos filhos. Enquanto fiz voluntariado na loja social vi pessoas irem lá pedir alimentos, com lágrimas nos olhos; marido e mulher tinham emprego, perderam-no os dois e , sem familia que os pudesse ajudar, viram-se obrigados a pedir auxilio na segurança social, Muito, muito triste. E, olhando esse girassol, digo-te que é a flor de que mais gosto, talvez pq se assemelhe ao ser humano; feliz ergue a cabeça para o sol, dando ao amarelo das sua pétalas um brilho fantástico; mas, se o sol se vai, se fica sem luz, baixa a cabeça, triste, parecendo que nada o ssduz. Não é assim o ser humano? E o desempregado? De certeza que para ele não há sol, não há luz e nada, nada o seduz.Amiga, um poema triste, real, mais que faz doer e muito. Beijinhos e até breve
ResponderExcluirEmilia
n
Essa é a glória do poeta! Extrair poesia da dor, do desamor, das mágoas, dos sentimentos tristes como esse tema maravilhosamente explanado pelo Luis Coronel. Parabéns, beijos querida
ResponderExcluirUm país que está perdendo valores....
ResponderExcluirBjbj Lisette
Um homem no desemprego
ResponderExcluirÉ um triste homem olvido
Lindo, adorei.
Beijos no coração
Minicontista2
Um homem no desemprego vive uma triste situação.
ResponderExcluirUm abraço,
Élys.
Cara amiga Tais, este é o nosso grande Luiz Coronel, que dispensa comentários, fazendo uma bela descrição poética de um tema muito triste. Estive desempregado por duas vezes, menos mal que por pouco tempo, e mesmo assim foi bem desagradável.
ResponderExcluirUm abraço. Tenhas uma linda semana. Ah, depois de alguns dias enfarruscados, eis uma linda tarde de sol.
UN TEXTO MUY, MUY REFLEXIVO Y TRISTE...!
ResponderExcluirABRAZOS
Gloriosas palavras poéticas. Belíssimos textos. parabéns
ResponderExcluirOi Tais
ResponderExcluirObrigada pela visita
Beijos
Lua Singular
O desemprego diminui, desvaloriza e deprime o homem. Uma amarga experiência do passado que carrego na bagagem.
ResponderExcluirAbraços,
Furtado.
Olá, Tais. bom dia.
ResponderExcluirGostei do poema do Luiz Coronel, versando sobre a triste realidade que cada vez atinge mais pessoas. E para combatermos essa triste realidade, é importante, não só cobrarmos os Governantes, como é uma questão de manter o bom astral, nutrir a autoestima e encontrar a motivação necessária para seguir em frente, apesar de tudo...Belos dias, beijos!