22 de outubro de 2016

PAIS E FILHOS - LYA LUFT





               Aqui não cabe a poesia. Aqui
               ficam à mostra as tripas
               da nossa dor milenar. Aqui
               fala-se de desencontro e impossibilidade,
               onipotência e utopia.
               Aqui se cantam as verdadeiras feridas
               do amor.

               Todos os filhos de todos os pais do mundo
               estão nas trincheiras cotidianas:
               mas temos os braços amarrados,
               e não podemos apertá-los ao peito
               como quando eram pequenos
               e tínhamos a ilusão de que eram nossos.


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 “A gente abre portas, espia, apanha e usa o que ajuda a ver melhor, a respirar melhor.
Muda, deve mudar: volta, pode voltar. Importam a liberdade de ação e à fidelidade à arte – essa que não admite interferências nem faz concessões.” - Lya Luft 

(Poema do livro 'Para não dizer adeus' - pag. 93)





34 comentários:

  1. Boa noite Taís.
    Uma bela e profunda tradução desta relação que parece complexa pelas interferências externas.Aqui não cabe poesia...
    Há que se viajar pelas entranhas e extirpar todo e qualquer mal que venha deteriorar.

    Um belo domingo para uma semana de paz.
    Abraços de paz e luz.
    Bjs

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  2. Acróstico

    Fazemos, mas somos apenas pais
    Inserimos no mundo então se vão
    Lamentar, externando nossos ais
    Há que lembrar: é contrário a razão
    Os filhos sequer retornam jamais
    Suas vidas? sua auto condução.

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  3. Tais
    O poema de Lya Luft que é apresentado, está numa "onda" que convida à reflexão pura.
    Reportando-me, dia 26/11 estarei em João Pessoa a receber Prémio Nordestino de Literatura.
    Brasil - O Sorriso de Deus, tem muito trabalho de pesquisa e destina-se a ser publicado em livro, o que penso será muito necessário, para que os portugueses de hoje, tendo em vista a mentalidade da época, possam saber dar o devido valor ao grande esforço, dos antepassados na exemplar, como nenhuma outra, colonização do Brasil, cuja independência também se associaram portugueses.
    De tudo resultou uma grande identidade entre portugueses e brasileiros.
    Abraços de gratidão

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  4. Lindo,Tais! Daqui ainda, hoje dia de sair do paraíso e vooltar pra selva de pedra...bjs praianos,chica

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  5. Nossa extensão amorosa - nossos filhos e filhos vossos... Quanta indignidade, opressão, desvalia e preconceitos teremos que ver abalroando-os em suas trajetórias de vida! A poesia,realmente, emudece... Mas lá está e, a qualquer momento fará o registro das nossas aflições.
    Abraço.

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  6. Olá, Tais, bom dia..."Lya Luft"...realmente, não existe poesia. Pelo contrário, é extremamente real perceber que aquele que precisava tanto de nossos abraços, carícias, atenções, está voando sozinho, com suas próprias asas. Claro que os tempos são outros e "todos os filhos de todos os pais do mundo estão nas trincheiras cotidianas", mas, e naturalmente,há de se observar nos pequenos milagres do cotidiano, que há ainda uma grande e profunda poesia, pois a realidade não é tão limitada quanto pensamos...Bom domingo,belos dias,beijos!

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  7. Realmente Taís os filhos não são nossos mas gostamos de pensar que sim pois quando somos pais é bem gratificante!
    Eu adoro os meus filhos mas vem cedo soltei as amarras e hoje estou por perto...atenta mas não ansiosa!
    Obrigada pela escolha...bj

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  8. Olá Taís, a Lia Luft tem lugar garantido em nossa estante de livros, é uma referência para Loyde que fez mestrado em linguística aplicada. Então é muito bom ler essa postagem, esses versos da Lia em seu blog. E é claro que esse drama da posse dos entes queridos será sempre tema - o inesgotável tema do amor. Um grande abraço, Loyde manda beijos

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    1. Olá, Antonio, na coluna, no índice de 'Poemas' tenho mais poema de Lya Luft, lindos. Loyde vai gostar, então.
      Meu carinho a vocês, queridos amigos.

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  9. Ouvimos que temos que criar os filhos para o mundo, mas como é difícil deixá-los ser do mundo, sem a tentação de protegê-los, seja qual for a idade deles. Muita paz!

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  10. Querida Amiga Taís, gosto de ler Lya Luft, ela me faz pensar,
    A vida é feita de fases, quando os filhos são pequeninos e dependentes de nós, até para adormecerem, ficamos ansiando para que cresçam a ponto de comerem sozinhos, amarrarem o próprio calçado, dizerem o que sentem...
    Aí, chegam na pior fase a adolescência, ficam impositivos, nada sabemos, somos ultrapassados, é assim que agem. Continuamos querendo que cresçam e fiquem responsáveis e amadureçam.
    Finalmente adultos lamentamos por terem crescido, e ficamos sonhando com o tempo em que eram independentes e precisavam de nós, éramos indispensáveis!
    Querer viver suas vidas ou impedi-los de se libertarem é como prender um pássaro numa gaiola para nos deliciarmos com seu canto e dizer que o amamos, amar é soltar as amarras,abrir as portas da gaiola.
    beijinhos, Léah

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    1. "Querer viver suas vidas ou impedi-los de se libertarem é como prender um pássaro numa gaiola para nos deliciarmos com seu canto e dizer que o amamos, amar é soltar as amarras, abrir as portas da gaiola."

      Oi, Léah, muito bom esse seu comentário, essa do pássaro dá o que pensar... Um beijo, querida amiga.

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  11. Hermoso poema Tais, mi felicitación siempre por tu buen hacer.
    Feliz comienzo de semana.
    Besossss!!!

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  12. Oi, Amiga querida, Taís Luso !
    São algemas da sociedade atual,
    trazendo-nos uma realidade que
    nos deixa impotentes à reação.
    Parabéns e grato por partilhar
    o importante texto.
    Um fraterno abraço.
    Sinval.

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  13. Gosto muito desta autora, sempre favorece boas reflexões. Em relação ao poema, vivenciamos cada fase dos filhos com intensidade, mas temos que estar atentas para deixá-los construir sua própria história.
    bjs

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  14. Olá, Taís
    Gosto muito de Lya Luft. Tenho vários textos e poemas dela gravados, que me são enviados por um amigo brasileiro.
    Amar, não é fácil; amar os filhos... dificuldades a dobrar :)
    Porque os amamos queremos para eles o melhor, o que nem sempre é o melhor para eles...
    SABEMOS que temos que os libertar, mas a sua liberdade por vezes dói fundo...
    Entre o que SABEMOS e o que gostaríamos que acontecesse... vai uma grande distância.
    É difícil mesmo amar os filhos!!!

    Votos de uma semana muito feliz.
    Beijinhos
    MARIAZITA / A CASA DA MARIQUINHAS

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  15. Bom dia Tais.
    Primeiro filhos não é propriedade dos pais nem de ninguém, são seres humanos e nunca devem ser disputados como objeto, como muitos pais os fazem, muitas vezes nem por amor, mas para provocar uns aos outros e com isso, os filhos crescem em um lar sem estrutura e os inocentes no futuro, cresceram sendo indivíduos inseguros. Na minha opinião amor nunca é demais. Mas a uma grande diferença de amar e aprisionar. Quem ama da liberdade e ajuda a colocar as assas nos filhos[as] para verem voar. Quem aprisiona usa o amor como desculpa, faz de tudo para que os filhos não sigam o seu caminho e os torna dependente. E isso é a pior coisa que se pode fazer com o filho, pois pode ate gerar baixa alto estima e ate ódio pelos seus genitores. Tenho um caso desse em família, onde uma mãe passou a controlar a vida da filha ao ponto, de acabar ate com o casamento da propria filha que já tinha três filhos e buscando de todas as formas mante-la dependente dela. Hoje vivem ainda sobre o mesma casa, em andares diferentes, mas as duas são infelizes. A filha não aguenta nem olhar para a mãe, mas só ela sabe o que é ter uma mãe controladora. Pensa em sair de casa,mas agora com três filhos a situaçao é delicada. Ela era um pessoa feliz tinha tudo para ser ainda mais feliz mas quem deveria da liberdade, tentou cortar as assas. Triste situaçao. Diante desse exemplo eu tomo cuidado com a forma que trato a minha filha, moderando as minhas preocupações e deixando ela seguir o seu caminho da maneira que desejar. Ela é livre para voar. Amar é orientar e está presente na vida dos filhos sempre que eles precisarem. mas aprisionar nunca. Filhos não são nossos, foi nos dado por Deus para ajudarmos a eles crescerem e terem a suas proprias vida. Uma feliz semana para você, o Pedro e toda família. Enorme abraço.

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    1. Estás certa, querida amiga, é isso mesmo.
      Foi bom teres contado aqui essa história da família!
      Beijo, uma linda semana pra vocês!

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  16. Oh, minha amiga, como me identifico com este sensível poema.
    "
    ...Todos os filhos de todos os pais do mundo
    estão nas trincheiras cotidianas:
    mas temos os braços amarrados,
    e não podemos apertá-los ao peito
    como quando eram pequenos
    e tínhamos a ilusão de que eram nossos."

    Tenho uma filha no outro lado do mundo e outro a lutar pela independência, sinto e sofro uma inexplicável impotência.
    Gostaríamos tanto que o caminho dos nossos filhos fosse só de flores .
    Embora saibamos que os filhos não são nossos, são do mundo,isso não alivia o nosso sentir.

    Um beijinho grato por mais esta maravilhosa partilha.

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    1. Fê, pelas tuas postagens, dá para ver a imensa saudade, a preocupação que sentes dos filhos estarem longe. Percebe-se bem, amiga. Também tenho preocupações com os filhos, e procuro policiar-me para não ser invasiva na vida deles. Mas é difícil, pois em nós fica cravada a imagem de que precisam de nós, ainda!
      Beijo, querida.

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  17. Olá Tais! Belo e profundo este poema da grande Lya Luft que ora nos ofertas. A liberdade é um direito que jamais deverá ser confiscado. Assim como nós, nossos filhos têm o direito à liberdade.

    Beijos,

    Furtado

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  18. Se sea padre o no, se ve a los niños con todo el amor que uno pueda dar.
    Una buena semana.

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  19. Obrigado pelo seu recente comentário. E aí tem um videopoema meu http://vieiracaladolivrosvideo.blogspot.pt/2016/10/submerso.html Cumprimentos!

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  20. Taisinha,
    Não se pode ter dúvida do talento de Lya Luft como poeta. Como ocorre nos seus romances, ela deixa pouca margem para o que não seja realidade. Ela encara a vida de frente na sua aspereza, sem medo. Nesse seu poema sobre os filhos, ela também não dá margem para sonhos e ilusões. Grande Lya!
    Beijinho daqui do escritório.

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  21. Excelente poema de Lya Luft. Um sentir lúcido que
    evoca sempre a valiosa reflexão!...

    Preciosa partilha, Taís!
    Grata pela valiosa leitura, querida.
    Uma semana luminosa e alto astral!
    Beijo.

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  22. Os filhos: "Aqui se cantam as verdadeiras feridas do amor". Lya Luft, tem uma poética de uma grande sensibilidade, onde encontro muito do que penso.
    Uma boa semana, Taís.
    Um beijo.

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  23. É muito interessante, o modo como LL aborda estas questões.
    De facto, estão melhor preparados para a vida, os jovens que tiveram
    exemplos de coragem, firmeza e determinação, mas não existem regras,
    tudo pode acontecer nessa «arena»...
    Muito pertinente este tema socio-psicológico e o estilo da poetiza revela-se singular e especial.
    Gostei sobremaneira desta reflexão.
    Abraço, querida Taís.
    ~~~~~~~~~~

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  24. Oi, Taís
    Ah! filhos, lindos bebês, crescem e querem voar como pássaros, mas no voo foi doído e voltam para costurar os corações das mães que alegres os abraçam até a nova partida.
    Linda poesia
    Beijos
    Lua Singular

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  25. Um poema do sentir e, ao mesmo tempo, da reação ou posicionamento face a esse estado. Há que amar e deixar voar. Somos mães mas já fomos filhos.
    Excelente partilha.
    Bjo, Taís :)

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  26. Os filhos... sempre ficarão irremediavelmente debaixo das asas da preocupação de todos os pais... dos bons pais... pelo menos...
    Mais uma magnifica partilha, Tais! De um tema sempre actual, e abordado com tanta sensibilidade, de uma excelente autora, pelo que vejo, mas que ainda não tive oportunidade de melhor conhecer a sua obra...
    Beijinho! Continuação de uma boa semana!
    Ana

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  27. Não me imaginava sem filhos, Tais e se nao os pudesse ter gerado com certeza adoptaria. Nunca fui uma mãe controladora; quando chegaram à adolescência, preocupei-me em conhecer os amigos dele e depois de saber que eram boa compmhia dei-lhes sempre liberdade para sairem à noite, avisando sempre quem à primeira queixa, à primeira multa por excesso de velocidade e por alcool, as coisas mudariam; sempre fui muito aberta com eles, conversando sobre tudo sem tabus e com isso fui conquistando a sua confiança; sempre nos contavam as suas coisas, os seus problemas e é assim até hoje; o meu filho vive na região do Doira, a uma hora de distância daqui e todos os dias telefona e conta como vão as coisas dele e familia e nós fazemos o mesmo; não há segredos e eles sabem tudo da nossa vida em todis os aspectos; com a minha filha passa-se o mesmo; mora na mesma cidade que eu e, claro passa cá sempre e quer saber de tudo. Fui sempre muito exeigente no que respeita as responsabilidades, mas nunca os controlei e assim continua. Eles pedem opinião e nós damos, mas não exigimos que a sigam. Por acaso não erramos no juizo que fizemos dos amigos que tinham, pois são os melhores amigos que têm hoje; as companhias têm muita influência no comportamento dos jovens e penso que é asneira controlar, proibir, interferir nas saidas, nas escolhas que fazem, enfim, na eua vida, quando não houver razão para isso; se são corretos, responsáveis, para quê interferir? Para serem iguais a nós, para agirem como nós? Mas eles são diferente, pensam diferente e nunca faremos deles pessoas serenas e felizes se lhes quisermos impor as nossas ideias. O que me importa nos meus filhos é que eles sejam adultos humanos, corretos, respeitadores e verdadeiros cidadãos; se conseguirem isso com certeza voarāo felizes e eu verei aquele voo com grande alegria. Amiga, um tema muito pertinente e que me atrai. Obrigada. Beijinhos
    Emilia

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    1. Corrigindo....avisando que
      região do Douro
      todos
      Exigente
      sua
      diferentes
      Desculpa amiga
      bjos
      Emilia

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  28. Abrir as asas e deixá-voar mas quão grande é esta dor
    Tão tê-los nos braços quando podíamos sentir que eram somente nossos
    Uma partilha espetacular amiga Taís
    Beijos

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Muito obrigada pelo seu comentário
Abraços a todos
Taís