- Affonso Romano de Sant'Anna
De que riem os poderosos?tão gordos e melosos?tão cientes e ociosos?tão eternos e onerosos?
Por que riem atrozescomo olímpicos algozes,enfiando em nossos tímpanosseus alaridos e vozes?
De que ri o sinistro ministrocom sua melosa angústiae gordurosa fala?Por que tão eufemísticoexibe um riso políticocom seus números e levíticos,com recursos estatísticosfingindo gerar o gênesis,mas criando o apocalipse?
Riem místicos? ou terrenos?riem, com seus mistérios gozosos,esses que fraudulentosse assentam flatulentosem seus misteres gasosos?
Riem sem dó? em dó maior?ou operísticos gargalhamaos gritos como gralhasaté ter dor no peito,até dar nó nas tripasem desrespeito?Ah, como esse riso de ogreempesteia de enxofreo desjejum do pobre.
Riem à tripa forra?riem só com a boca?riem sobre a magreza dos súditosfamintos de realeza?riem na entradae riem mais- na sobremesa?
Mas de tanto riem juntospor que choram a sós,convertendo o eu dos outrosnum cordão de tristes nós?
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Affonso
Romano de Sant'Anna nasceu em Belo
Horizonte MG/Brasil - 1937.
Poeta, crítico e professor de literatura e jornalista. Ainda
pequeno, muda-se com a família para a cidade de Juiz de Fora, Minas
Gerais, onde inicia seus estudos e se aproxima da literatura ao
frequentar as
bibliotecas públicas. Começa a carreira jornalística em 1953,
publicando críticas de cinema e teatro no Diário Comercial e na
Gazeta Mercantil.
De
família protestante, em 1954, viaja por
diversas cidades mineiras pregando o Evangelho em favelas, hospitais
e presídios. Em
1962 o bacharela-se
em letras neolatinas na Universidade Federal de Minas de Minas Gerais
e publica seu primeiro livro de ensaios, O Desemprego do Poeta.
Organiza, com outros poetas mineiros, a Semana Nacional de Poesia de
Vanguarda, em Belo Horizonte, em 1963.
Em
1964 obtém o grau de doutor pela UFMG, com
apresentação de tese sobre o poeta Carlos Drummond de Andrade (1902
- 1987). Casa-se com a escritora Marina Colasanti, e
em 1970, vai residir no Rio de Janeiro. Ministra cursos na
Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro - e na
Universidade Federal do Rio de Janeiro. Como
professor convidado, dá aulas de literatura e cultura brasileiras em
universidades da França, Alemanha e Estados Unidos. Assume a
presidência da Fundação Biblioteca Nacional em 1990. Um ano
depois, cria a revista Poesia Sempre, importante veículo de
divulgação da poesia nacional no exterior. É nomeado, em 1995,
para o cargo de secretário-geral da Associação das Bibliotecas
Nacionais Ibero-Americanas. Também
colaborador assíduo da imprensa em toda
sua carreira jornalística, escreve textos para os jornais O Globo,
Folha de S. Paulo, Jornal do Brasil, Jornal da Tarde, Correio Brasiliense e O Estado de Minas. Tem poemas traduzidos para o
espanhol, inglês, francês, alemão, polonês, chinês e italiano.
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Sant’Anna,
Affonso Romano, 1937
Poesia Reunida: 1965-1999 / Porto Alegre, LM&M Pocket – 2004
Apoio biográfico – Itaú Cultural
Linda poesia e nos faz bem refletir... Há tanto poderosos que riram anos e anos, achando que poderiam enganar pra sempre... Espero que o povo possa rir por último, rir melhor!!! beijos, chica ,lindo fds!
ResponderExcluirNão conhecia Affonso Romano de Sant'Anna; fico sempre maravilhada com pessoas dotadas artística e pessoalmente. O poema escolhido, rico em forma e conteúdo, revela a sua sensibilidade social e a sua irritação perante a desfaçatez com que agem os "poderosos".
ResponderExcluirGrata por esta partilha, Tais.
Bjinho :)
Amei sua postagem, bem escolhida, reflexão, eis o que há para quem sabe se possa um dia poder sentir que todas as coisas ruins acontecem para melhorar!
ResponderExcluirAcabei de chegar de lá do espaço do seu marido, muito bom poema por lá, também nos faz pensar!
Quem sabe esteja chegando o tempo de passar tudo a limpo, quem sabe?
Que possamos ainda dizer que valeu todas as limpezas e faxinas, que seja mesmo uma boa faxina e que possa deixar lições!
Abraços linda amiga!
Os poderosos riem das nossas caras,como se fossemos bobos da corte e assim aceitaríamos as peripécias como eles o faziam para agradarem sua alteza,mas acho que o espetáculo acabou e só nos resta esperarmos para que fechem as cortinas da podridão,dos corruptos e ladrões.
ResponderExcluirQue o Pai olhe por todos nós.
Adorei a crônica Taís.
Bjs-Carmen Lúcia
Um excelente poema, uma critica à sociedade de elitista e consumista, de um poeta que infelizmente eu não conhecia.
ResponderExcluirEstou de volta amiga.
Um abraço e bom fim de semana
Um poema emocionante que nos tem muito para dizer! Bj
ResponderExcluirLA IGUALDAD SIEMPRE UNA UTOPÍA.EXCELENTE CRÍTICA. GRACIAS POR COMPARTIR.
ResponderExcluirABRAZOS
TAIS
ResponderExcluirAmiga, adorei este maravilhoso,
audaz e corajoso poema.
Já sabemos de que riem os poderosos. O ministro ri, dos incautos cidadãos que o acreditaram. E os demais, riem da
pobreza que exploram.
Felicito-a
Um beijo
Alvaro
De que riem esses poderosos
ResponderExcluirQuando, as vezes, estão a sós?
Acho que não riem de seus gozos
Porque riem apenas de nós.
Que poema lindo, cheio de sentimento e reflexões!!!
ResponderExcluirUm bom fim de semana!!
Leio e reflito muito com a obra desse autor que você, Tais, sabiamente, escolheu tal poema que reflete toda a realidade que vemos estampada ante nosso olhar, que se horroriza diante de tamanho cinismo e desfaçatez... Até quando?
ResponderExcluirAbraço.
Taisinha, por este poema, "De que riem os poderosos", já é suficiente para se saber que AFFONSO ROMANO DE SANT’ANNA é um grande poeta. Claro que melhor será, para os amantes da poesia, que não o conhecem ainda, ler outros poemas do poeta. Affonso Romano sempre participa de muitos eventos culturais, muitas vezes acompanhado de MARINA COLASSANTI, jornalista e escritora de talento, com quem o poeta está casado há algumas décadas. Interessante notar que os temas sociais sempre estiveram presentes na poesia do poeta e na prosa de Marina, sua mulher. Um exemplo dessa preocupação com os problemas sociais é esta poesia, que tu agora publicas, "De que riem os poderosos", um poema digno do poeta. Esse é um poema para mais de uma leitura. Como não gostar?
ResponderExcluirUm beijinho daqui do escritório.
Um excelente poema.
ResponderExcluirE que não dá nenhuma vontade de rir, porque o tema é bem atual.
Não conhecia nada do poeta, mas vou procurar mais.
Bom fim de semana, amiga Taís.
Beijo.
Tivemos - em Portugal - um 1º Ministro muito risonho... As gargalhadas que trocava com os seus Vice-presidentes - mesmo durante as sessões - decerto ficaram nos anais da nossa Assembleia da República. Totalmente subserviente aos ''grandes'' da Europa, espartilhou os portugueses em impostos e numa absurda contenção que paralisou ao máximo a economia...
ResponderExcluirEu perguntava pelos blogues amigos:
- De que se riem eles?!
Não conhecia este poema. Como lamento!
Havia famílias a serem despejadas de apartamentos - que tinham estado a pagar - para outros menores, a fim de começarem um novo pagamento e os bancos a lucrarem.
Ouço dizer que passam por uma crise tremenda... Avalio-a pela nossa em que o desemprego atingiu proporções inacreditáveis, mas como bem diz, só quem a vive e sente é que pode avaliar.
Gostei muito do realismo e assertividade deste poema.
Inteletuais como estes, destemidos, frontais e íntegros são indispensáveis em qualquer democracia, pois são a voz dos que ''não possuem voz na matéria''...
O Brasil não está completamente pobre, quando tem valores como Affonso Romano de Sant'Anna.
Querida Amiga, louvo esta oportuna postagem de intervenção cívica.
~~~ Beijo ~~~
Boa tarde, amiga Tais,
ResponderExcluirque bela e acertada escolha para postar, para nós, seus leitores.O poeta, AFFONSO ROMANO DE SANT’ANNA, nos deu de presente um poema excelente, uma crítica da sociedade, podemos até compará-lo a Gregório de Matos Guerra, que nasceu em Salvador,em 1636 tinha a alcunha de Boca do Inferno, era advogado." De que riem os poderosos",reflete o que vivemos hoje. Obrigada por compartilhar conosco, Tais! Beijos!
En mi opinión, a mi me parece que los poderosos se rien muy poco: no es gente alegre como podría pensarse sino muy amargada por la desmedida ambición: cuanto más tienen, más desean. No dejo de reconocer que el poema sea muy bueno. Gracias por compartirlo.
ResponderExcluirSaludos cordiales. Franziska
Mais um autor para mim desconhecido, e que adorei descobrir, por aqui...
ResponderExcluirDe que riem os poderosos?... Talvez riam da miséria que causam... para seu próprio benefício... no entanto... um dia sempre acabam encontrando outro poderoso... que se ri mais do que ele... e que se acabará por rir dele...
Eles enganam-se e esganam-se a eles mesmos, entre si... um dia o seu império acaba por cair...
Por cá... isso vem acontecendo com políticos e banqueiros de renome...
E calculo que por ai... face aos últimos acontecimentos... envolvendo o Presidente... a coisa também não seja muito diferente... um pequeno exemplo... de que também o reinado dos poderosos... na maior parte das vezes... também não dura para sempre...
Beijos, Tais! Bom domingo!
Ana
Buena reflexión poética.
ResponderExcluirFeliz domingo.
Ótimo texto do Affonso Romano de Sant'Anna - Grande poeta brasileiro!
ResponderExcluirAproveito o comentário para te responder a pergunta que você fez no meu blog. Eu e a Musa somos vegetarianos mas, eventualmente comemos peixe. A nossa saúde de um modo geral melhorou muito. Tomamos suco verde com sementes germinadas todo dia, é uma maravilha! Um grande abraço, Loyde manda beijos
Oi Taís minha querida amiga
ResponderExcluirEspetacular a sua escolha para este momento que estamos vivendo em nosso país.
A política esfacelada, os governantes desmascarados e o povo bombardeado pelo caos que os afoga até o fundo do poço. De que riem os poderosos?? Talvez da nossa passividade, da nossa cordialidade por aceitar o sofrimento e não procurar alternativas equânimes que possam tirar o país desse caótico embuste
Uma semana de paz e bênçãos. Beijos! ¸.`★•¸.`★•¸.♥♥♥♥♥
Olá Taís!
ResponderExcluirSempre li muito o Affonso. Aqui uma de suas inspirações sócio-politica de bela triste realidade e que nos parece irreversível. Como se para nós ela fosse sempre atual.Uma ótima partilha para ilustrar o terrível momento que passamos e que o brasileiro ainda assim faz piadas sem imaginar que nisso tudo pode haver um retrocesso da democracia. Chega ser nojento o que despejam os delatores com cara de bonzinhos.
Sua ilustração está ótima Taís.
Grato por trazer este maravilhoso escritor numa especie de engajamento perfeito.
Uma semana maravilhosa de menos susto.
Bjs de paz amiga.
Bom dia Taís! Este poema contundente e crítico de Affonso Romano de Sant'Anna, é muito apropriado para estes tempos...
ResponderExcluirA imagem é comovente.
Uma boa semana, minha Amiga.
Acho que eles riem por instintivamente saberem que seus risos têm os dias contados. E ri melhor quem ri por último.
ResponderExcluirSabe o ditado "quem ri por último, ri melhor", espero ansiosa por isso...
ResponderExcluirBjs e ótima semana querida.
https://palavrandoels.blogspot.com.br/
Cara amiga Tais, bem lembrado, pois o Romano é um erudito; talentoso poeta e jornalista conceituado.
ResponderExcluirUm abração. Tenhas uma ótima semana.
Querida Taís,ótima escolha é bem o retrato esculpido e encarnado dos políticos do nosso país esse poema, e pobre de nós com tudo isto acontecendo. Parece que estamos sob uma avalanche de detritos caindo sobre nossas vidas!
ResponderExcluirbeijinhos, Léah
Pienso Tais que el hermoso poema fue seleccionado por ti en referencia a la realidad política de tu país, la que cada día nos da sorpresas de asombro.
ResponderExcluirUn beso austral.
Olá Tais!
ResponderExcluirBem amiga, este poema é um deslumbramento. Não conhecia o poeta. Vou pesquisar.
Quanto à foto, uma vez mais escolheste a perfeita - dói só de olhar.
Para ver, ler e reflectir.
Beijo.
Riem os poderosos, enquanto o povo chora, mas, felizmente, muitos já tremem e de certeza que estão a perder o sono. Cada dia, Tais, chega uma novidade mais " suja " que a anterior, mas acredito que depois desta limpeza vai nascer um outro Brasil. Amiga, obrigada por nos dares a conhecer este senhor; não o conhecia. Beijinhos e tudo de bom!
ResponderExcluirEmilia
Se estou bem, o RESTO que se dane! Eis aí o lema de muitos poderosos que, atualmente, principalmente aqui no Brasil, rastejam a procura do poder que em função da ganância, da desonestidade e da falta de vergonha, os abandonou.
ResponderExcluirBelo poema do grande Affonso Romano Sant'Anna. Ótima escolha! No dia 13/03/2012, postei um poema dele no Arte & Emoções, conforme abaixo:
FASCÍNIO
Casado, continuo a achar as mulheres irresistíveis.
Não deveria, dizem.
Me esforço. Aliás,
já nem me esforço.
Abertamente me ponho a admirá-las.
Não estou traindo ninguém, advirto.
Como pode o amor trair o amor?
Amar o amor num outro amor
é um ritual que, amante, me permito.
Beijos, muita saúde e paz para ti e para os teus.
Furtado
NÃO O CONHECIA, VOU PROCURAR POR MAIS DE SEUS POEMAS. ESTE É MUITO BOM E BEM DE ACORDO COM NOSSO MOMENTO. GRATA PELA PARTILHA. BJS
ResponderExcluirBoa tarde, porque se riem os poderosos? o seu rir é pelo seu poder com obtenção de benefícios pessoais sem responsabilidade para com os outros, ignoram o povo, ignoram que todo o ser humano tem o direito há dignidade, governar é ser responsável pelo bem estar do povo, criar politicas essenciais como as sociais, educação, habitação, saúde e justiça para o mesmo, não existe democracia sem constatação, o povo tem dever de contestar e de responder nas urnas com o seu voto.
ResponderExcluirTorna-se incompreensível como é que o Brasil com uma população de mais de 200 milhões, uma riqueza natural das mais ricas do mundo, com políticos sérias pode ter uma economia das mais fortes do mundo ao serviço do povo, ao contrario tem umas das maiores percentagens de extrema pobreza.
Continuação de boa semana,
AG
Oi, Taís Luso, boa noite !
ResponderExcluirO questionamento do Poeta arranca, de
minhas entranhas, uma única resposta:
Eles riem enquanto podem, ou são
permitidos...
Belo texto, muito oportuno para o momento.
Um carinhoso abraço e grato por compartilhar.
Sinval.
Tais, a pouco postei em blog coisa parecida: "Quem deve a Deus, paga (não se pode usar o futuro ou condicional) ao diabo. Veja a sensibilidade do grande poeta - riem, mas à apoteose da ópera, choram sozinhos como choram os desgraçados. "A toda ação corresponde uma reação igual e contrária em direção e de mesmo sentido." Belíssima postagem! Parabéns! Grande abraço. Laerte.
ResponderExcluirAbres tantos interrogantes con este poeta que no conocía y que tan bien da en la diana, que me gustaría tener respuestas para todos. De lo que sí estoy segura es que los personajes que nombra, de mística, nada. Terrenal. Y ya es mucho decir.
ResponderExcluirBesos, Tais.
Belo esse poema, já conhecia.
ResponderExcluir... quem ri, por último, ri melhor!
https://blogloveinred.blogspot.com.br
Parabéns amiga Taís pela escolha tão oportuna deste excelente poema do talentoso Affonso Romano de Sant'Anna.
ResponderExcluirAcredito que os poderosos riem-se de nós, pois somos culpados deles estarem no poder !
Beijinho e bom fim de semana
O Toque do coração
Tais
ResponderExcluirconheço algo de Affonso Romano de Sant'Anna, mas este ainda não tinha lido.
é um poema que tem várias nuances, e eu acho que os poderosos até são falsos até no rir, porque algumas vezes é uma máscara e nem sabem do que riem.
uma boa escolha.
um bom fim de semana.
beijinhos
:)
Um poema de Affonso Romano de Sant'Anna bem oportuno! O poema e a imagem desarrumam a paz e a alegria. Absolutamente necessário, digo eu.
ResponderExcluirBeijo, Taís.