11 de fevereiro de 2017

LEMBRANÇAS - O VESTIDO

Obra de Márcia Marostega / RS - Brasil

          - Taís Luso
    
 Há poucos dias tive uma intoxicação alimentar, perdi as forças para vir ao computador. Fiquei deitada, muito enjoada, parecia que ia morrer. Mas a cabeça não parou de pensar. Morrer cheia de ideias. E comecei a trazer recordações. Encontrei lá nos escombros da minha caixa-preta, pequenas lembranças que fazem a vida dos mortais mais leve. Não sou descendente de rainha ou de alguma dinastia chinesa. Bem que gostaria de festejar 65 anos de reinado, morar num palácio e com milhares de chapeuzinhos charmosos enfeitando minha cabeça. Mas como não sou amiga de chapéu, nada feito.
Lembrei, para passar o tempo, de uma viagem que fiz com meus pais para o Rio de Janeiro. Tinha 15 para 16 anos – faz muito tempo.
Minha mãe e eu resolvemos torrar o dinheiro do meu pai pela Av. Copacabana. Uma Copacabana ainda charmosa. Lá pela metade da avenida, gostei do vestido de uma loja, linda era a estampa, e um colorido de bom gosto!
Compramos. Saímos felizes. Lembro que também comprei sapatos e outras coisas. Mas adorei aquele vestido, nunca o esqueci. E lembro da minha surpresa no dia do meu aniversário de 16 anos.
Convidamos os parentes, as amigas do colégio, vizinhas etc. Foram chegando com seus presentes e, de repente, surge um pacote na minha frente, com a mesma estampa do meu vestido!!! Olhei o pacote... e nele dizia o nome de uma rede de lojas de departamentos bem conhecida - aqui no Brasil. A estampa do papel de presentes era o meu vestido... Inacreditável! Comprei o vestido no Rio de Janeiro e o papel apareceu em Porto Alegre!!
Caramba!! No dia seguinte dei o vestido para a filha da nossa empregada. Mas com pesar, pois continuei a achar a estampa linda. Mas nunca sairia embrulhada no pacote de presente de lojas conhecidas!
Depois de tantos anos, continuo a lembrar daquele vestido, mas agora com uma imagem saudosa de uma época que não volta mais. É engraçado como as coisas desagradáveis que acontecem em períodos de nossas vidas, anos mais tarde se modificam totalmente. Acho que a vida não nos leva muito a sério, nos devolve os fatos em lembranças hilárias para ver se aprendemos alguma coisa! 
 Se aprendemos a levá-la com mais leveza.


42 comentários:

  1. Imagino a tua cara e que bom que a vida ensina...Hoje não ficarias sem o vestido ,né? Mas naquele tempo!!! rs Ainda bem não era o papela que envolve o papel higiênico, rs... Gostei! Melhoraste bem? Te cuida! bjs, chica

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  2. MUY BONITA REMEMBRANZA.
    ABRAZOS

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  3. Acróstico

    Vestidos têm sua própria vontade
    E, por vezes, se vestem de pacote
    São ávidos de mostrar identidade
    Tanto na altura como no decote
    Indo de meia boca a potestade
    Deixam-te parecer de camisote
    Ou a verdadeira real majestade.

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  4. As inacreditáveis surpresas que a vida nos prepara.
    Oh Taís imagino o seu desapontamento ao fitar o embrulho e porque não dizer o choque
    Se fosse hoje com certeza você não iria se desfazer do vestido mas em plena adolescência rsrs. Lembranças que se tornam crônicas incríveis com o toque e sua personalidade.
    Desejo melhoras amiga. Se cuida viu?
    Beijos e um lindo final de semana

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  5. Primeiro que tudo espero que já esteja bem de saúde.
    Segundo gostei do texto. Imagino que a surpresa tenha sido horrível naquela idade. Mas tem razão, o tempo tira todo o drama às situações passadas
    Um abraço e bom fim de semana

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  6. Taís Luso, boa noite !
    Ah... vaidade feminina !
    Custo entender, mas respeito.
    Meu grande amigo estava
    vestindo uma camisa com a
    mesma estampa da toalha do
    restaurante. Quase morri
    de tanto rir...
    Um carinhoso abraço, minha
    amiga.
    Sinval.

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  7. Eta surpresa frustrante. Depois de tanto gosto se sentir como num pacote de embrulho. Mas as recordações podem resignifica muitas situações. E já aconteceu de eu ver alguns vestidos com tecidos que me lembram cortinas (tipo brocado).
    Espero que esteja bem.
    bjs

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  8. Tais, desejo que esteja ótima!!! Mesmo com mal estar você ainda foi buscar uma lembrança do passado que, com o tempo, assumiu outra vestimenta (rssss). Muitas vezes não conseguimos lidar, bem humoradas, com os acontecimentos. Tempos depois, no entanto, eles nos fazem rir. Eu nunca imaginaria uma cena dessas e dei uma boa risada com sua narrativa. Grande beijo!

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    1. Que amor!! você voltou à blogosfera depois de tanto tempo, Marilene! Espero que veio para continuar o seus blogs, escreva!!
      Um beijão pra você, obrigadíssima!

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    2. Ainda não, querida Tais, mas eu lhe sou muito grata pelo constante carinho. Bjs.

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  9. Olá Tais,
    Que interessante sua história.
    Mas veja como você aprendeu e entendeu
    umas das lições da maravilhosa vida.
    É isso que viemos fazer aqui passar nas provas.
    Parabéns pelo belo texto. 👏🏻👏🏻👏🏻👏🏻
    Bom domingo

    Bjinho

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  10. A vida é repleta de novas experiências e pode ver, sempre calcada no que já presenciamos ou vivemos... Nossos rompantes se acalmam à medida que contemplamos vida plena e útil - sem futilidades...
    Saúde, Taís!
    Abraço.

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  11. Todos os mitos têm seus pés de barro, não é Tais? rss
    e, por vezes mais, que os pés - até mesmo a "a roupagem" com que se vestem

    Excelente (pontuação máxima rss), minha amiga

    beijo

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  12. Cara amiga cronista Tais, que tu escreves bem eu e a torcida do Flamengo sabemos, mas a leveza, a sutileza, a psicologia aplicada aos vocábulos produz uma sensação agradabilíssima ao leitor que desembarca na tua escrita. Ao ler "morrer cheia de ideias" comecei a rir, porque lembrei de um episódio contado por Chico Xavier, ocorrido durante uma turbulência, dentro um avião, quando ele começa a gritar junto com a tripulação nervosa. Ela gritava: socorro, meu Deus! Então aparece Emmanuel, o mentor espiritual do Chico e pergunta o motivo do banzé. Então diz, não vês mas vamos morrer todos,agora, aqui neste avião? Emmanuel tenta acalmar Chico, mas diante da dificuldade de êxito, o mentor dispara, "então morra com educação". No fim da narração o próprio Chico brinca: que não teria ficado claro o que seria morrer com educação...
    Peço desculpa por ter me estendido.
    Voltando ao texto, o tempo tem o poder de minimizar a tristeza, a angústia, a dor a ponto de transformar pitorescos desagradáveis em saudosa memória.
    Um abração. Tenhas um bom domingo e uma linda semana.

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    1. rssss, será que mereço esse elogio de toda a torcida do flamengo, DILMAR? Adorei, eu que me ri aqui. Obrigada, é elogio de amigo!!

      Aproveito para agradecer pelo carinho da
      CHICA
      RELTIH
      JAIR LOPES
      GRACITA
      ELVIRA
      SINVAL
      NORMA
      MARILENE
      ALEATORIAMENTE
      CÉLIA
      MANUEL VEIGA e a todos que passarem por essa página.

      Estou quase normal, beijo a todos!

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    2. Peço desculpas por trocas de vocábulos e pela omissão de outros, que ficaram no pensamento, mas não foram grafados, e como não revisei o comentário antes de postar, o mesmo ficou estranho. Percebi os erros, agora, ao voltar aqui.
      Um abração. Tenhas uma linda semana.

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    3. Não vi erro algum, Dilmar, me diverti com teu comentário, com a torcida do flamengo e com a história do Chico Xavier. Tudo Ok, perfeito amigo!rs
      Abraços.

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  13. Seria engraçado se não fosse trágico Taís!
    Ninguém merece ter a estampa de um vestido igual ao papel de presente,mas por outro lado foi bom você lembrar dos tempos da juventude e que talvez agora não daria esse vestido por não gostar,mas sim para agradar como presente para a filha da sua empregada,fazendo-a muito feliz.
    Adorei a crônica.
    Bjs-Carmen Lúcia.

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  14. Nos pasan cosas así en nuestra juventud, que no encontramos el modelo que esperamos, pero con el tiempo las cosas se ven distintas e incluso se aprecia lo que no hemos amado.
    Un feliz domingo.

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  15. Taisinha, por vários motivos gostei muito desta tua excelente crônica. Um dos motivos diz respeito à história escrita do vestido, que a ouvi logo que casamos. Ficou diferente da história contada. Acho que ficou mais compreensível assim, escrita. Com ela também tive a minha quota de recordações, justamente daquele tempo que a ouvi pela primeira vez. Tempo muito bom, cheio de projetos e de esperanças no nosso país, hoje a nossa maior decepção.
    beijinho daqui do escritório.

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  16. Espero que estejas melhor do mal estar.
    As lembranças, às vezes nos salvam, nos salvam do tédio, nos salvam das loucuras da vida.
    A leveza da tua narrativa com certeza reflete a leveza do seu viver.

    Beijos e ótima semana!

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  17. Oi amiga como estás esses mal estares estragam o humor mas não o seu, achei muito engraçado "morrer cheia de ideias", não nada de morrer, que tá na hora não, se boba...
    Papel de presente com a estampa do vestido, traumatizou, não há 16 anos de idade que aguente isso! É quando somos a mais linda, a mais poderosa, a mais que mais, e acontece isso!? Sinceramente eu nesta situação aos 16 anos morria, eu era tão boba o quanto era possível ser.
    Amei de montão, se doentinha fazes uma crônica dessas quando estas bem ninguém segura !!!
    Espero estejas recuperada, mil beijinhos,
    Léah

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  18. Boa noite Tais.
    Espero que estejas bem. É amiga quando a coisa fica dificil o primeiro pensamento é que não é justo sair da vida assim de repente rsrs. Na sexta- feira um colega brincou dizendo que eu não temia a morte, foi uma brincadeira, mas eu fui logo dizendo eu tenho filha e solteiro aqui só tem voce. E uma brincadeira que começou por ele virou uma coisa seria. Ele tem tanto medo da morte, que se descontrolou tanto que não conseguir conter a gargalhada rsrs. Creio que ele ficou a pensar na morte rsrs. Que pena a coisa do vestido, se lembra ate hoje deve ter lhe marcado. Um absurdo fazer a mesma estampa de um vestido igual ao papel de presente. Me lembrei que um dia que ganhei uma blusa linda com o papel de uma loja cara, amei a blusa e um dia na rua vestindo a tão blusa vejo ela em uma loja popular, e a minha filha só fazia da risada. Tem cada coisa que acontece, o bom é que sabemos levar tudo na esportiva. Uma feliz semana amiga, lembrança ao Pedro. Abraços.

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  19. Olá Taís posso imaginar seu espanto diante do embrulho,kkk.
    Mas são estas lembranças que alimentam belas humoradas cronicas, como voce sempre tem nos ofertado nesta bela página.
    Uma linda semana para vocês com paz e harmonia.
    Bjs de paz amiga.

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  20. Posso bem imaginar o seu desapontamento com o vestido. Pode até ser uma metáfora aplicada às nossas escolhas. A primeira coisa que nos encanta pode não ser a mais adequada... Gostei da sua simplicidade formal naquilo que escreveu.
    Espero que já esteja bem da sua saúde.
    Uma boa semana.
    Um beijo.

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  21. Amiga Taís, antes de comentar o seu texto, fiquei rendida à beleza e delicadeza da pintura de Márcia Marostega, já a fui pesquisar e guardei nos favoritos :)

    Realmente a mente prega-nos partidas, lembra-mo-nos por vezes de coisas aparentemente sem importância, como foi o caso da estampa do seu vestido.
    Numa idade em que tudo nos marca imagino a sua frustração :)

    Um beijinho

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  22. Espero que você tenha melhorado. Também não usaria um vestido com uma estampa assim. Beijinhos!

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  23. Oi Taís
    Adorei seu poema. É o mesmo que comprar um lindo vestido ir ao baile e encontrar sua alma gêmea, tive que trocar.
    Beijos no coração
    Amanhã tenho surpresa.
    Beijos no coração
    Lua Singular

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  24. ....de certeza que eu não usaria nunca , um vestido nessas condições....,
    mas garanto que é do coração, que desejo as suas melhoras rápidas, pois sei muito bem o que isso é....'safa'.....
    Beijinho e melhoras.

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  25. Olá Tais,

    Essa de "morrer cheia de ideias" foi ótima-rsrs.
    Pois é, quando ficamos de 'molho' o nosso pensamento viaja. Afinal, que resta fazer, senão pensar?rsrs. Boa oportunidade para navegar através de acontecimentos que, se outroram trouxeram aborrecimentos, hoje é motivo de riso e até de piada.
    Eu também não usaria mais este vestido. Sair vestida de papel presente, e ainda de loja de departamento, não dá, né?
    Ótima e divertida crônica! Adorei ler.
    A obra que ilustra a postagem é linda.
    Espero que já esteja completamente recuperada.

    Bela semana!

    Beijo.

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  26. Essa estampa é boa, pois o tempo não a dissolveu e voltou a passar pela tua janela, cingindo-a, para o espanto do teu corpo e para a alegria do nosso espírito e de toda a torcida do Flamengo, como asseverou Dilmar, que sabe das coisas, porque transformada numa bela crônica. Basta uma estampa "chorada" para que as palavras jorrem.
    Um beijo, Taís!
    E melhoras! Aliás, a escrita te fez melhor, te faz melhor sempre! sempre!

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  27. Sorprendida, asombrada y decepcionada con el vestido, es lógico.
    Cuando tenemos todo el día para pensar, abrimos la caja de los recuerdos y salen a la luz, algunos nos sorprenden, pues creíamos haberlos olvidado.
    Como ya has vuelto a la computadora, me alegro de tu mejoría.
    Agradezco también tus letras en mi espacio, ha sido una grata sorpresa tu visita.
    Cariños en abrazos.
    kasioles

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  28. Queridos amigos, volto em novo grupo para agradecer os votos de melhoras, já estou bem e me divertindo com os comentários de vocês! rs
    Beijos a todos.

    Carmen Lúcia
    Mari-Pi-R
    Pedro Luso (rss - cuidou de mim)
    Ariana
    Léah
    Mirtes
    Toninho
    Graça Pires
    Fernanda Maria
    Érica
    Lua Singular
    Andrade
    Vera Lucia
    José Carlos Sant Anna
    Kasioles

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  29. Espero que estés recuperada de tu enfermedad.
    Es curioso ver cómo cambian nuestra visión sobre las cosas después de muchos años.
    Encontrarte con que otra persona lleva una prenda parecida a la nuestra siempre es motivo de risa o de enfado. ¡Una vez vi en televisión que el jefe de gobierno español llevaba una camisa igual que la mía (era una imagen del presidente en vacaciones) ¡y nunca más me la he vuelto a poner! Jajajaja.
    Beijos.

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  30. Cheguei tarde, perdi o rasto ao 'post' e não percebo qual foi a razão...
    Congratulo-me por saber que já se encontra recuperada, pois esse problema é um tremendo incómodo.
    Nunca ouvi uma história assim! A desenhador/a de tecidos vendeu o padrão ao fabricante de papel! Por aqui ficava para sempre descredibilizado/a!
    E a deceção e espanto foram tão grandes que o episódio tornou-se inesquecível e com toda a razão!
    Eu recordo factos e peripécias do passado, quando estou com insónia... São horas consecutivas de 'filmes' antigos vistos e revistos...
    Querida amiga, agradeço os momentos de bom humor...
    Uma semana especialmente terna e amorosa...
    ~~~ Beijos ~~~

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  31. OI TAÍS!
    ACHO QUE FOI PORQUE, AOS 15, 16 ANOS, TUDO É MUITO INTENSO E RI MUITO PENSANDO NO MOMENTO EM QUE TE DEPARASTE COM O PAPEL, KKKK.
    MAS É ASSIM, COISAS QUE HOJE NOS PARECEM INSIGNIFICANTES NA ÉPOCA NÃO O ERAM E FICAMOS COM ELAS NA CABEÇA, MAS QUE É BOM RECORDAR, ISSO É, NÉ AMIGA?
    COMO SEMPRE ME DIVERTI MUITO VINDO AQUI, FORA SABER QUE ESTIVESTE ADOENTADA, BOM QUE JÁ PASSOU.
    ABRÇS
    http://zilanicelia.blogspot.com.br/

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  32. Como eu te compreendi, amiga.
    Em 1990, viajei para Moçambique para me encontrar com o meu marido e festejar com ele o Natal e a passagem de ano.
    Ele na altura era Director de Pessoal de uma grande empresa portuguesa, que alojava os empregados e familiares. Era muita gente!
    Pois bem, para a passagem de ano comprei um vestido preto belíssimo e decotadíssimo (como eu gosto).Vestido que me custou “os olhos da cara”. Na altura pensei: é caro, fica-me bem, não vou encontrar lá nada igual, "bora" comprar.
    Na dita noite entrei numa sala repleta de gente impecavelmente vestida mas mesmo assim senti-me “única”: vestido coleante (pesava eu 49,5 kg, por onde andam agora…), cabelo apanhado, ombros à mostra, maquilhada, saltos altos, meias da cor da pele, enfim, nos trinques. Entrei pela mão do marido e ao lado do único casal que eu conhecia. Olhei em volta e o meu vestido era mesmo único. Bem, foi único apenas durante os 30 minutos que demorei a cruzar-me com um exactamente igual. Eu via que era igualzinho. A minha amiga achava que não. Isto porque quem o usava pesava mais 20ks do que eu, usava meias pretas, saltos rasos e um colar sem graça no pescoço.
    Sentei-me e nada nem ninguém me animava. Queria apenas desaparecer num buraco. Nunca tinha passado por nada igual.
    Eu, que “adoro” dançar e não resisto a ritmos africanos e sul-americanos, estava colada à cadeira.
    Mas descolei… aos primeiros acordes de uma música mais mexida, dei por mim a pensar «estou aqui para me divertir» e logo saltei da cadeira e dancei e não mais parei. Soube depois, que também encantei. E esqueci o vestido preto.
    Lembrei-me dele quando contei o sucedido em Lisboa à amiga que me ajudou a escolhê-lo. E ofereci-lho. E ela amou.
    A tua crónica levou-me até ao meu país do coração. E lembrei pessoas queridas que conheci. E senti “saudades” do vestido preto que agora não conseguiria vestir, mas isso não interessa nada... E sorri, depois de ter deixado cair algumas lágrimas no
    vestido preto (que me comprometeu) no último dia de 1990.

    Sei que já estás bem. Continua assim.
    Beijo.

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  33. Viajei no fio condutor imagético do teu texto! Sensacional!

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  34. Fico imaginando a sua cara de surpresa e decepção ao ver o tal papel de embrulho.Com 16 anos e o sangue fervendo nas veias, ninguém suportaria mesmo usar uma estampa tão inusitada e ao mesmo tempo tão popularizada. Bjs

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  35. Imagino o desapontamento, Tais!...
    Mas pelos vistos isso continua acontecendo, ontem espreitei um artigo hilariante sobre situações do género, num jornal britânico... onde um vestido de uma senhora tinha o mesmo padrão de um tapete de chão... as meias de um jovem tinham o mesmo padrão de uns cortinados de hotel... e por aí continuava...
    Talvez seja uma forma hilariante da vida nos mostrar... que temos bom gosto... e nos confirme isso, na forma de objectos, que surgem nos nossos caminhos, nas mais variadas circunstâncias... :-D
    Adorei seu texto, Tais!
    E fazendo votos de que se encontre bem melhor!...
    Beijinhos! Rápidas melhoras!
    Ana

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  36. Entrando novamente e finalizando meus agradecimentos aos queridos amigos (as) pelo carinho nesta postagem:

    Dyhego
    Majo
    Zilani
    Teresa Dias
    jasanf
    Anabela
    Ana Freire

    Beijo a todos.

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  37. Não será esta a última vez que digo como muitos dos teus textos me deliciam e me contagiam, largando um rasgado sorriso. Este é um deles.
    Não admira a surpresa e deceção. Passados anos, por vezes nem passam assim tantos, o olhar é, naturalmente, diferente pois a vida encarrega-se de outras perspetivas.
    Bjo, Tais.
    Obrigada pelos votos deixados no meu cantinho.

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Muito obrigada pelo seu comentário
Abraços a todos
Taís