14 de abril de 2012

O QUE EU LEVARIA PARA UMA ILHA...


Açores / Portugal


          

                          - Taís Luso de Carvalho

Penso que não precisaria ser uma ilha, apesar de ser o lugar preferido quando se fala em paz. Poderia ser uma montanha, um vale, um lugar bem longe das grandes cidades, do núcleo em que vivo. Há lugares lindos, que mais parecem o Paraíso – na verdade não sei onde fica o Paraíso, acredito que seja um “estado de espírito”. Mas vejo lugares de tanta paz que parecem ser de outro planeta. Levaria poucas coisas de uso pessoal.

Iriam comigo, é claro, as pessoas aos quais amo - minha família –, mas com contrato firmado entre as partes de que não alteraríamos a sonhada paz; que não faríamos crítica a ninguém. Isso seria imprescindível para termos sossego total.

Não escutaria notícias sobre catástrofes, sobre assassinatos, corrupção, roubos, mortes, guerras e discursos de políticos que se confrontem com a moral. Não levaria o notebook, para não blogar, não ter de pensar. Levaria alguns livros – mas que não falassem na violência da humanidade. Não gostaria de reler livros sobre a morte de milhões de pessoas em nome de Deus ou de outro interesse qualquer. Gostaria de ficar bem alienada desses interesses e ódios terrestres.

Aproveitaria esse tempo para conviver com a natureza, olhar as árvores, as flores, olhar os desenhos das nuvens e aprender muito com os animais ao redor. Faria um esforço para não pensar na civilização e na evolução da nossa espécie. Não pensaria nem nas conquistas do homem. Não pensaria em viagens, em hotéis caríssimos, nada de luxo. Pensaria no planeta, nas suas belezas e na sua magnitude. E que todos os seres que aqui vivem, são donos iguais. Pensaria na vida.

Não sei qual seria o resultado dessa minha experiência, mas que seria um tempo para meditar sobre esse burburinho louco em que vivemos, não tenho dúvidas. Quando a gente se acostuma com a loucura, ela parece ser normal.

Sinto que muitas vezes perdemos o parâmetro do que seja uma mente saudável. É difícil, onde existe gente, existe confusão.

Depois de algum tempo afastada dessa vida sonhada, quem sabe eu voltasse diferente e descartasse todo esse lamaçal de informações que me oferecem diariamente - a um alto custo - para manter-me informada. Tenho consciência do tanto que é desastroso para nossa saúde mental conviver com tantas notícias ruins.

Quem sabe se depois de algum tempo eu diferenciasse entre dois mundos, o saudável e outro mesquinho e muito louco. Tenho a certeza que optaria em viver de maneira bem diferente. Conseguiria descartar muitas coisas que ainda não consegui.

Mas, isso é apenas um sonho. Mas quem sabe...





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19 comentários:

  1. Vez por outra, é bom que se fique saudavelmente "alienada"... Deve fazer efeito semelhante ao de uma dieta com os famosos "radicais livres"...

    Concordo com você, quanto à bagagem a levar, nessa sonhada viagem...

    Bom domingo, Taís
    Beijos,
    da Lúcia

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  2. Cara Taís,
    Primeiro, parabéns pela pública exposição de teus sonhos de Robson e Crusoé. É muito difícil estabelecermos as prioridades para uma situação limite como essa.
    Em segundo, gostaria de contar que já passei por algo semelhante. Por motivos profissionais passei dez dias internado na floresta amazônica sem quaisquer comunicação com o mundo exterior, sem eletricidade, sem os confortos da vida urbana. Claro que à diferença de uma opção por viver em isolamento, eu sabia que aquela situação era passageira, mas não deixou de tornar-se uma experiência unica que eu vi como integração à natureza. Acho que saí de lá outra pessoa, me apaixonei pela floresta e até já escrevi um texto "A Selva", o qual o publiquei em 10/10/11. Abraços, JAIR.

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  3. Taís, muitas vezes penso em fazer essa tentativa. Acho que ficaria entediado em dois dias, mas como você disse, seria uma tentativa.

    Estou passando por um momento de reflexões sobre o que quero fazer nos próximos anos e infelizmente, trabalhar no que trabalho atualmente definitivamente não é a resposta.

    Acho que vai acabar sendo isso mesmo, porque chega uma hora em que a vida nos oferece pouca margem de manobra, mas sei lá... às vezes dá vontade de ir para a tal ilha, ficar uma semana lá.

    Me afastar de tudo e de todos, para então voltar e olhá-los com outros olhos, amá-los com outro amor.


    (Taís, tenho um conto novo e pra variar gostaria muito da sua opinião).


    Beijão.

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  4. Anônimo21:42

    Taís,
    Imagina o quanto sua pele ficaria linda? Pois, o sono seria íntegro, a comida sem agrotóxico, a vida sem o terror da cidade, a falta de preocupação pelo assalto no sinaleiro, o sequestro relâmpago, o aumento do combustível, a corrupção do político... Voltar seria um tormento, mas a vida continua! Acorda Marcelina!
    E se tiver oportunidade de ir leva o notebook so pra acessar o blog kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk
    Beijokas doces e um bom domingo!

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  5. Olá Taís,
    eu vejo poucos jornais, pulo o noticiário do crime, não me interesso pela vida dos vizinhos, nem dos parentes. Será que isso não é uma fuga? Acho que sim. Mas que mal pode haver em se querer fugir do que nos incomoda?
    Por tudo isso é que eu amo a arte!
    A arte de escrever, pintar, cantar, tocar... Acho que só sobrou isso, ou quase só sobrou e olhe lá.
    Mas resta a esperança...
    Um beijo de todos do atelier

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  6. Oi, Taís. Minha primeira visita aqui e já te seguindo. Gostei, de cara.
    O sonho da ilha deserta sempre nos persegue. E é bom que seja assim.
    Precisamos constantemente reavaliar procedimentos para alcançar nossos objetivos.
    Um bom domingo.

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  7. A ideia não é 'virgem'...mas os resultados são sempre diversos....
    Por experiência....dão algum dos resultados esperados no imediato....mas.......
    Beijo

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  8. Mais uma discussão envolvente - digo discussão pq observo um debate interno entre tuas ideias, conceitos e sentimentos, o que, na minha opinião, é o tempero incomum que encontro nos teus escritos, Tais.

    Desfazer-se do desnecessário, desapegar-se e lidar bem com o imponderável é lição eterna nesta vida...talvez um período assim, afastados de tudo, desprovidos desses supérfluos encontrássemos um antídoto capaz de nos ressarcir de parte da grande perda "sofrida" enquanto se vive.

    Adorei!
    Bom domingo, bjo carinhoso!

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  9. Querida amiga Tais.
    Excelentes palavras. Gosto de pensar que seria assim mesmo como dizes, o aportar, amarar ou pousar, numa ilha deserta ou num ponto qualquer longe desta civilização alienada e caduca. Viver e conviver com a terra. Viver do que ela nos pode dar, já que infelizmente temos dado tão pouco á terra. Excelente.
    Beijinhos
    Victor Gil

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  10. Taís,
    vc aceitaria visitantes nas mesmas condições?
    Muito tentadora tua proposta e a ela me aliei de imediato.
    Nestes tempos insanos, todos precisamos de um refúgio seguro, de uma limpeza mental, de uma volta à natureza em seu estado mais puro.
    Então, vamos nessa???Rsrsrs...
    Bjos,
    Calu

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  11. Tais, eu concordo com Marly Bastos: caso seu 'sonho' se realize, não deixe de levar o notebook pra acessar o blog!!! Pois você terá tido a sorte grande, estará linda e maravilhosa numa ilha paradisíaca... Mas e nós aqui, que além de continuarmos neste mundo maluco, teremos que sobreviver sem seus textos?! rsrsrs

    Adorei a ideia da ilha, minhas pretensões não são muito diferentes das suas quanto ao que levar e o que definitivamente deixar por aqui mesmo.

    Beijos pra você.

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  12. Oi Taís!
    Ahhh se eu pudesse...
    É mesmo um desejo maravilhoso, um tempo de bonaça para nos fazer rever este caos onde vivemos e que vai aos poucos destruindo o nosso íntimo.
    Beijinhos e uma iluminada semana!

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  13. Oi Taís!
    Ahhh se eu pudesse...
    Conseguir vivenciar umaexperiência assim e se reoganizar intimamente para continuar a caminhada é mesmo maravilhoso.
    Beijinhos e uma bela semana!

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  14. Oi Tais,

    acho que todos nós gostaríamos de poder sair fora de tudo isso aqui e vivermos alguns dias num paraiso desses!


    Adorei a reflexão! Acabei pensando no que eu levaria.Eu levaria o coração bem limpo, bem aberto. Para voltar cheio de coisas melhores.

    Beijos Tais, boa semana para você

    Leila

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  15. Taís, Minha querida amiga,
    Também estou com saudades.
    Tenho corrido tanto!!!!
    Mas quanto a sua oportuna crônica digo:- tenho meus limites de sexta a domingo vou pra roça e não levo computador, durmo mais do que a cama, deito numa rede, piloto um fogão de lenha, apesar de ter energia eletrica, saio um pouco da civilização.
    Beijos amiga

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  16. Taís,sempre excelente e inteligente cronica!Eu, como vc, não abriria mão do conforto de um banho quente.Talvez usasse a energia solar...rss...mas a familia teria que ir junto, pois sem eles não sou nadinha!...rss...bjs e meu carinho!

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  17. Boa noite, querida amiga Tais.

    Num lugar onde ainda não foi violado pelo homem, seria fácil talvez, ficar alheia, e se entregar à magia da natureza.

    Eu que já fui contaminada pela vida urbana, sentiria vontade de intercalar os momentos, entre o barulho das grandes cidades e o piscar dos letreiros luminosos, e o cantar das cachoeiras e o piscar dos vaga-lumes.

    Desfrutando-me dos dois lados, ah... Seria bom demais!!

    Beijos.

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  18. Quem dera que pudéssemos encontrar, mesmo que por algum tempo este ninho de paz e comunhão com a vida, a natureza e as pessoas que amamos.Quem sabe até conseguiríamos voltar e viver um meio termo.
    Será que é pedir demais?
    Adorei a tua crônica. Fiz uma bela viagem com você.Bjs Eloah

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  19. Tais.....fiquei muito feliz em te ver no meu blog.

    Parabéns pela tua cronica.

    me fez pensar...

    A primeira coisa que pensei foi no filtro solar..rs

    Para ficar poucos dias, não levaria familia....

    Levaria alguns amigos os quais não vejo a algum tempo e sinto saudades.

    Alguém que soubesse armar uma barraca, acender uma fogueira e
    tocar violão.

    Churrasco de peixe e agua de coco..todo dia...

    Voltaria revigorada!!

    Obrigada por me fazer sonhar!!

    Um grande beijo...

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Muito obrigada pelo seu comentário
Abraços a todos
Taís