- Tais Luso de Carvalho
Revelo que aprendi a gostar de poesia através de Mário Quintana. E como é delicioso ler seus poemas quando estamos tristes e amargas... Por sermos acarinhadas e envoltas por doces palavras, a tristeza vai se dispersando e a alma vai ficando leve...
Quando leio Quintana, sinto um poeta que entendeu a vida de uma maneira única, que falava da solidão, da bondade e da felicidade com a mesma tranquilidade que falava na sua doce prometida – a morte.
Falava com a sabedoria de quem não apenas passou pela vida; mas deixou que a vida passasse, que rolasse e que esperneasse... E seguia ele com suas musas, com seus sonhos e quem sabe com seus devaneios.
E que delícia são seus poemas que falam de tudo, de uma maneira translúcida, com uma deliciosa ironia e um sarcasmo ferino! Mas assim era ele; dava a impressão de que brincava com a vida.
Já andei esbarrando com muitos escritores nos shoppings, em livrarias, na Feira do Livro e nos eventos culturais de Porto Alegre, e olhava ali... olhava lá... Via todos, falei com alguns, mas nunca vi o meu poeta. Nunca pude dizer: olha ali o Quintana!!
Mas não sei se ao vê-lo não ficaria muda e paralisada! Sim, porque quem conheceu o poeta – ao menos pela televisão – lembra de sua ironia refinada e surpreendente. Dava seu recado sem tradução, e a gente que se virasse, que aprendesse a captar o espírito da coisa.
Aprendi com ele a ver as belezas de Porto Alegre, suas ruas antigas, suas ladeiras, a beleza do vento numa tarde de outono. Aprendi a amar a nossa gente. Aprendi como é linda a simplicidade. Aprendi que é na simplicidade que conseguimos tocar todas as almas. E ele conseguiu. E como conseguiu!
Quando leio o seu poema O Mapa, lembro que também passei pelas mesmas esquinas esquisitas, talvez as mesmas moças eu vi... E caminhei pelas mesmas ruas que ele caminhou. Também já pensei, se no dia em que eu for poeira ou folha lavada, também farei parte do nada?
Seus poemas consolam. Aprendi que um dia, quando a morte chegar de mansinho e disser: Anda, vem dormir... Talvez eu já esteja preparada.
Levarei a mágoa de nunca ter visto o poeta de perto, ou talvez a pretensão de ter feito parte de seus eternos e belos rabiscos, por ter andado, também, nas ruas de Porto Alegre, e nunca ter sido vista.
Mas depois de ter lido muitos de seus poemas até já perdi minha aflição: que eu passarei e todos passarão, é certo: só não se repetirá o que aconteceu no dia em que Deus o levou: fez dele um PASSARINHO!
POEMINHA DO CONTRA
Todos esses que aí estão
Atravancando meu caminho,
Eles passarão... Eu passarinho!
Taís, a tua descrição de Mário Quintana é realmente maravilhosa. Assim era o poeta que com sua humilde ironia....eles passarão...Eu passarinho.
ResponderExcluirOlá Tais!
ResponderExcluirQue bela homenagem ao poeta que nos encanta a cada nova leitura.
Ele, que "...queria ser menino de novo...", merece todas as homenagens, sempre!
Parabéns pelo, sempre, maravilhoso texto!
Beijos
Lia♥
Blog Reticências...
Tais,
ResponderExcluirO Mário Quintana é um dos meus prediletos. Lembra a minha infância, as aulas de poesia no colégio. Uma delícia!
O Quintana me faz lembrar o Rubem Alves, que apesar de não ser exatamente um poeta, traz em sua prosa poética muito desse doce lirismo, dessa ingenuidade inteligente que adoramos.
bj
Cesar
Ah, Tais!
ResponderExcluiresqueci de dizer que eu e ele temos em comum (veja que audácia! querer ter algo em comum com um mestre da letras!) essa fixação pela morte. Espero que a minha demore a chegar...
Quanto a mim, nunca encontrei nenhum escritor pela cidade... só artistas de TV (que desvantagem!)
bj de novo
Cesar
Lindíssima homenagem a um grande homem e grande poeta.
ResponderExcluirBeijo.
Que bela homenagem!
ResponderExcluirDelícia poder testemunhar as linhas do poeta com teus próprios olhos não?!
Obrigada por compartilhar com a gente =D
Boa semana!
Acho que se o Quintana pudesse ter lido a sua crônica ele a elogiaria, dizendo que você fez uma poesia em homenagem a ele. E que linda! Abraçoos. Paz e bem.
ResponderExcluirTais,
ResponderExcluirboa noite! Primeiro, quero dizer que fazer uma referência, citar e até mesmo comentar a poesia do Quintana no blog foi uma ideia genial e um presente para seus leitores.
Respondendo ao seu comentário no meu blog digo que tenho pensado nisso com frequência e cada vez que penso fico mais convencido de que as coisas estão realmente mudadas. Concluo também que hoje não há só inversão de valores, mas, o que é pior, valor nenhum. Ou seja, as pessoas perderam qualquer referência que possa ajudá-las a conduzir a vida em sociedade. Não sei se estamos mais sozinhos, mais individualistas, mais isolados em nossa própria solidão, mas de uma coisa tenho certeza: estamos mais perdidos do que nunca. E sem referências existenciais significativas e profundas fica impossível viver de maneira harmoniosa e feliz.
Olá Tais
ResponderExcluirComeçou bem pois Mário Quintana é fantástico. Sua crônica está ótima Parabéns.
Beijos
Bom dia, Tais.
ResponderExcluirMe identifiquei com uma frase no seu perfil. Umas das minhas sedes de escrever, foi a certeza de não ser interrompida.
Ouvir é uma arte, que infelizmente é difícil de ser encontrada.
Já era difícil antes... ainda mais agora,com tantos meios de comunicação. O diálogo físico ficou praticamente impossível.
Parabéns pelo seu lindo blog.
Um grande abraço.
Fiquei preso pela sua descrição...
ResponderExcluirÉ mesmo de 'apaixonada'.....
Vou ver o Blog que indicou.
Beijo
A menos que me calem os anjos da noite,
ResponderExcluirterei eu sempre uma palavra de amor para distribuir,
não que seja eu a dá-la de mim a outros corações,
posto que não seria eu capaz de tal proeza,
porem estou certo de que Deus fala por mim,
não por ser eu digno de tal distinção,
mas por ser Ele, aquele que sempre me busca!
Santaroza
Boa Tarde.......Beijos & Flores!!
Lindo demais o que escreveu:
ResponderExcluir"E que delícia são seus poemas que falam de tudo, de uma maneira translúcida, com uma deliciosa ironia e um sarcasmo ferino! Mas assim era ele; dava a impressão de que brincava com a vida."
Quintana era tudo isso. Só posso acrescentar que "Quintana é para Sempre".
Obrigada Taís.
Bjs.
Estela
Nunca encontrou, de fato, Quintana, mas é possível ver em suas palavras algo eternizado.
ResponderExcluirAlgo tão forte dele para outras, que grudou em você.
Senti nesta conversa, algo de Quintana em suas letras, não do assunto, mas das formas, da ginga de escrever.
Tem um poema dele que gosto especialmente.
"A vida é o dever que nós trouxemos para fazer em casa.
Quando se vê, já são seis horas!
Quando se vê, já é sexta-feira...
Quando se vê, já terminou o ano...
Quando se vê, perdemos o amor da nossa vida.
Quando se vê, já passaram-se 50 anos!
Agora é tarde demais para ser reprovado.
Se me fosse dado, um dia, outra oportunidade, eu nem olhava o relógio.
Seguiria sempre em frente e iria jogando, pelo caminho, a casca dourada e inútil das horas.
Desta forma, eu digo: Não deixe de fazer algo que gosta, devido à falta de tempo, pois a única falta que terá,
será desse tempo que infelizmente não voltará mais"
Um mestre.
Beijos
Excelente o seu comentário!
ExcluirGostaria de publicar aqui o Poema original (sem erros)
Seiscentos e Sessenta e Seis – Mario Quintana (sem erros)
Publicado em 2 de dezembro de 2015, em Citações Selecionadas.
Seiscentos e Sessenta e Seis
A vida é uns deveres que nós trouxemos para fazer em casa.
Quando se vê, já são 6 horas: há tempo…
Quando se vê, já é 6ª-feira…
Quando se vê, passaram 60 anos…
Agora, é tarde demais para ser reprovado…
E se me dessem – um dia – uma outra oportunidade,
eu nem olhava o relógio
seguia sempre, sempre em frente…
E iria jogando pelo caminho a casca dourada e inútil das horas.
( Mario Quintana )
(Poema publicado originalmente no livro Esconderijos do Tempo, conferido e digitado por mim mesmo de Poesia Completa – Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 2005, p. 479) http://www.poesiaspoemaseversos.com.br/seiscentos-e-sessenta-e-seis-mario-quintana/
Bom dia Tais.
ResponderExcluirMuito obrigada pelo carinhoso comentário, adorei. Me fez lembrar de uma frase que certa vez ouvi e agora não me lembro quem a criou mas é também curta e objetiva "A mão que balança o berço é a mão que Governa o Mundo", quando leio lembro de todas as mães do mundo e a responsabilidade que cabe a nós na formação de um ser humano.
Beijos e um feliz 9 de maio.
Renata
Olá amiga! Passando para retribuir a visita e apresentar minhas desculpas pela minha ausência. Infelizmente, motivos alheios à minha vontade me forçaram a isso. É que perdi uma parte viva da minha história, mas a vida continua. Espero mais uma vez, contar com a sua valiosa compreensão.
ResponderExcluirAbraços e fique com DEUS.
Furtado.
Taís, que texto lindo! Ainda ontem, fui conhecer o novo blogue do Pedro e deixei registrado por lá meu amor incondicional por Quintana. Poeta genial, que não canso de ler.
ResponderExcluirAgora,... que título é esse? Seu poeta?! Ah, nós vamos brigar... rsrs
Adorei essa sua homenagem.
Bjs, Taís, e inté!
Tais querida
ResponderExcluirUma vez mais aqui registo que tive o privilégio de falar com o Mario Quintana. Disse-me que era assim que assinava, sem acento, porque se haviam esquedido de o pôr no Registo, quando nascera.
Um Homem sublime, de que gostei logo, mal começámos a conversar no seu quarto do Porto Alegre Residence. Foi em Novembro de 1986, numa tarde quente e ensolarada.
Falámos e falámos durante quase quatro horas, eu embevecido, ele irónico como sempre. Sobre Poesia, sobre Portugal onde tinha muitos amigos, sobre as Academias dos dois países irmãos.
E quando lhe perguntei o porquê de não ter entrado na ABL contou-me que já escrevera a esse respeito. E disse-me, salvaguardando, «se não me esqueci» foi mais ou menos isto:
«Ela só atrapalha a criatividade. O camarada lá vive sob pressões para dar voto, discurso para celebridades. É pena que a casa fundada por Machado de Assis esteja hoje tão politizada. Só dá ministro...»
Boa Amiga
Gosto muito deste teu texto - porque também gosto muito do Quintana. Das coisas mais simples. Por isso, permito-me registar aqui o poeminha «Da felicidade».
Quantas vezes a gente,em busca da ventura,
Procede tal e qual o avozinho infeliz:
Em vão,por toda parte,os óculos procura
Tendo-os na ponta do nariz!
Obrigado Mario, sem acento.
Qjs
Taís, é uma alegria abrir o seu blog e encontrar o poeta Mário Quintana em carne e versos. Os versos (a poesia!) são a alma do poeta. Imagino Quintana com o seu sorriso sábio nos lábios, com a alegria que é uma das faces da poesia - mesmo quando fala da dor, da morte -, talvez a mais forte.
ResponderExcluirBeijos.
Brandão.
Puxa vida amiga,que bacana a maneira como descreveu tudo e fiquei conhecendo um pouco mais dele.Primoroso seu texto.Me envolvi até o final. Ah! sobre meus posts dos dias da semana, são todos inspirados naquele assim: Hoje é domingo, pé de cachimbo...Sabe?rs...Mas gostei de ter te lembrado da garota de Ipanema.Montão de bjs e abraços
ResponderExcluirtais querida, obrigada pelas gentis palavras no meu blog.
ResponderExcluirsuas paginas são lindas.
bem eu amo mario quintana devoro tudo dele a muitos anos.
ele é meu poeta superlativo.
hoje postei sobre sua morte.
da uma passadinha por la.
seus blogs de muito bom gosto.
abraço com carinho.
Oi, lindona!
ResponderExcluirQue belo post: nosso Quintana é demais e será sempre em nossos corações!
Bjkas, muitas!
Oi Tais,
ResponderExcluirLinda e merecida homenagem ao poeta da simplicidade, Mario Quintana,que muito nos encanta. Um grande abraço!
Revelo que aprendi a gostar de poesia através de Mário Quintana.
ResponderExcluirHoje ler esta sua frase do seu texto, foi sim o melhor desta noite aqui por New York...ADOREI.
Venho deixar meu abraço pela passagem do dia das MÃES
Pois ou temos, ou tivemos ,ou somos uma Mãe,
afetuosamente,
Efigênia Coutinho
Poucas vezes vi alguém falar dele assim, Tais.
ResponderExcluirEmocionou-me...lembrei de parte de um poema que nunca esqueci...
"Eu escrevi um poema triste"
"Eu escrevi um poema triste
E belo, apenas da sua tristeza.
Não vem de ti essa tristeza
Mas das mudanças do tempo,
Que ora nos traz esperanças
Ora nos dá incerteza..."
Engraçada essa sincronia...acabei de receber uma mensagem com uma frase dele...depois dessa, vou até postar...rs
Bom fim de semana, bjo!
Querida amiga que linda homenagem, aproveito para desejar um excelente fim-de-semana.
ResponderExcluir“A glória da amizade não é a mão estendida, nem o sorriso carinhoso, nem mesmo a delícia da companhia. É a inspiração espiritual que vem quando você descobre que alguém acredita e confia em você.” (Ralph Waldo Emerson)
Bjs do tamanho do infinito
Maria
Amo!!!!!!!!!!!!
ResponderExcluirTais, logo que conheci seu blog descobri que tinhamos isso em comum... Quintana foji meu primeiro contato com a poesia. A primeira poesia que li em minha vida foi "Rua dos Cataventos II" e ela mecheu em minha alma como nenhuma outra desde pequenoa recito de cor. As vezes penso em Quintana, e como diz uma amiga minha, A vontade é de agarra-lo e beija-lo muiiitooo... Rsrsrs
ResponderExcluirAdorei a homenagem ao meu poeta favorito!! Bjs!!!!
Roubei-o para o Cultura Brasileira!!! rsrsrs. Bjs!!
ResponderExcluirÉ dos meus diletos e prediletos. Aprendi muito sobre poesia (e, principalmente, Poesia) com esse gênio meio meninote.
ResponderExcluirObrigado, Quintana!
Obrigadinho, Taís!
"E como é delicioso ler seus poemas quando estamos tristes e amargas... Por sermos acarinhadas e envoltas por doces palavras, a tristeza vai se dispersando e a alma vai ficando leve..."
ResponderExcluirPerfeito Taís!
Abraço