17 de julho de 2021

OS CICLOS DA VIDA - IMIGRAÇÃO


                   

                         - Tais Luso 


"Estou pensando seriamente em deixar o Brasil ou me mudar de região!"

Não; não é nada comigo! Na verdade, essa frase corre o Brasil inteiro, dita por pessoas aposentadas e que buscam uma vida tranquila. Também dita por jovens com ótima saúde e sonhos mil. Mas para os que gostam de aventura, o Brasil é o lugar certo! É adrenalina pura! 

Tenho acompanhado, pelas inúmeras Lives que assisto, a imigração de muita gente que sonha com Portugal, Itália, Alemanha entre outros países. Vejo que essa mudança não é fácil. Vejo muitas surpresas, pois a adaptação é difícil, a língua, a cultura, os costumes e as regras sociais são outras. Certamente os imigrantes levam junto um eterno lembrete: esse país não é o meu, não estou em casa! E aí começa a bater a saudade e a certeza que "galo em terreiro alheio não canta". Sinto muito isso na narrativa dos brasileiros.

Também sonhei, há muitos anos, em morar noutro lugar, no interior do meu Estado, cidade serrana linda, tranquila, segura, junto à natureza. Um sonho mais perto... Mas ficou no sonho. A família crescendo, a vida me amadurecendo, hoje não penso em sair de onde moro, apesar das coisas no meu país não estarem nos trilhos. Mas eu sei, e muito rápido, onde estão as coisas e as pessoas; onde nossa vida acontece. E como ela funciona. Isso é muito importante!

O amadurecimento nos dá, entre tantas coisas, uma boa estabilidade emocional. Pelo menos se presume que assim seja. Chega um tempo que a vida deixa seu recado:

"Ou você amadurece ou vai se danar!"

E o primeiro sinal desse amadurecimento aparece nesse sossegar. Amadurecer é querer o necessário, é largar as fantasias e os fricotes. Sonhar, sim, mas com o possível, com o realizável. Mas chega um tempo em que há de se respeitar os ciclos da vida.

Não acho ruim que os mais jovens busquem outra vida, tentem um outro lugar, pode dar certo, sim. Estão com tempo para novos projetos, para guinadas ousadas. E se necessário for, haverá tempo para um recomeço, seja onde for. 

Vejo nas Lives gente saindo, e gente voltando. Então, deixar um país é muito relativo. Há muito para pensar, mas é bom ir com a imagem de que o trabalho noutro país, não é leve e nem cai do céu!

Conversando com uma amiga sobre isso, dois de seus filhos mudaram-se com suas famílias para outro Estado, resolveram tentar numa cidade pequena e calma da costa brasileira. Achei que ela e o marido também iriam, tal a insistência dos filhos. Mas ouvi dela palavras que me surpreenderam:

Taís, nós não vamos, nosso lugar é aqui, árvore madura não se transplanta! Tudo tem seu tempo certo. O nosso trabalho é aqui.

Fina sabedoria.




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41 comentários:

  1. Que lijndo e bem pensados cada parágrafo,Tais! Nós temos filhos que moram no eterior e os netos, filhos deles, por sua vez, já fizeram o mesmo caminho. è difícil, há que estar muito preparado psicologica e monetariamente pra posspiveis demoras de empregos,coisas assim. Eu, como tu, também sonhei, com a aposentadoria do Franco ,para irmos morar na praia. Ela veio, mas acompanhada das doenças e agora, só podemos morar perto de recursos... Assim, estamos como tua amiga...Não podemos mais ser enxertados.rs... Adorei te ler! beijos, lindo domingo! chica

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  2. Devemos mudar quando não conseguimos mudar o que não está bem!!!... Bom domingo!

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  3. Olá, Tais!
    A vida está difícil, complicada, confusa, não só no Brasil mas em toda a parte. Embora aí no Brasil, esteja porventura mais difícil. Aqui em Portugal há muitos imigrantes. Um pouco de todo o lado. Inclusive, muitos brasileiros. Principalmente jovens.
    Uma realidade cada vez mais intensa e complexa.

    Excelente crónica, amiga Tais!

    Beijinho e bom fim de semana!

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  4. Boa noite de sábado, querida amiga Taís!
    Já morei noutro pais por quatro anos e a saudade foi grande. Até que numa pracinha com filhos pequenos, encontrei uma senhora de Brasília cujo marido fora transferido para lá a fim de trabalhar na Embaixada do Brasil. Foi meu refrigério quando nos vimos falando em português. Tivemos muitos encontros e almoços cujo prato principal foi o nosso brasileiríssimo feijão com arroz de todo dia.
    Depois, há do doze anos, novamente noutro país fronteira e aí sim foi horrível. Não tinha mais filhos pequenos e pude sentir na pele, pela primeira vez, o gosto do fel da saudade.
    Interessante que hoje cedo, meus pensamentos se voltaram para agradecer a Deus por estar onde estou. Sou tão agradecida por morar aqui.
    Foi uma coincidência você abordar o tema em sua crônica, pois está latente e fresca minha decisão de perseverar por aqui.
    Portugal seria minha opção, se tivesse que me afastar daqui.
    Que você tenha um domingo abençoado!
    Beijinhos carinhosos e fraternos de paz e bem

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  5. Queria tanto dizer alguma que não fosse um simples aplauso, haja vista que a sua crônica é tão autêntica, tão pé no chão, tão verdadeira e recheada de ditos populares que conferem ainda mais autenticidade ao que você. Fica primeiro o aplauso, justo, justíssimo.
    "Daqui não saio, daqui ninguém me tira", parodiando a música do carnaval, digo-lhe que a essa altura do campeonato não arredo o pé daqui ainda que o presidente da república queira impresso o gol de DI MARIA para legitimar o título da Argentina, risos!
    Cuide-se, minha amiga Taís e aproveite o final de semana!
    Um beijo,

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  6. Oi Taís
    Gosto das suas crônicas que vem sempre com temas presentes nas nossas vidas. Minha filha mora na Suiça e sou feliz por ela estar num país sem violência e educando as filhas em ótimas escolas e gratuitamente. Isso e muito mais que poderia citar, mas todos sabem _é outro mundo e melhor. Realmente, é difícil a adaptação e depende em que condições se mudaram .No meu caso especifico a reclamação é da falta do sol rs que por lá só dá as caras no verão. Se pudesse também iria rs mas tenho quem ainda precise de mim ,por cá. Amo minha terra, mas realmente do jeito que estamos os jovens que puderem ir ,logico com condições para sobreviver aos problemas, e indo legalmente, eu recomendo rs
    Claro que você tem razão, a medida que amadurecemos nossos planos cabem aqui dentro do País apesar dos governantes . Estou bem cansada, Tais. É muita falcatrua pra todo lado.rs e parece que não tem conserto mais. Ainda bem que temos um lindo País e manhãs de sol ,um povo maravilhoso. Falta quem nos governe bem, em todo o território ( não é culpa só de um) são todos ruins rs Vamos crer que pode sim ,um dia, quem sabe melhorar !
    meu abraço de domingo, amiga
    Fica bem!

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  7. A mí me gusta viajar por diversas partes de mi país, pero soy de costumbres fijas y me gusta residir en donde siemppre he tenido mi casa.

    Besos

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  8. Teu escrito aparece no momento preciso pois está a decorrer em Luanda. a 13ª cimeira da Comunidade de Países de Língua Oficial Portuguesa. O encontro fica marcado pelo acordo de mobilidade entre os países da CPLP. Mudar de território, pode ser uma escolha, uma opção ou uma necessidade... seja qual for a motivação, a partir de agora fica tudo mais fácil...

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  9. Texto perfeito, Taís, absolutamente nada a acrescentar, parabéns!
    Há uma frase que diz: "Lar é Onde seu Coração Está", e não é mesmo?
    Vendo as coisas que acontecem no mundo, não existe lugar seguro em lugar nenhum, somos frágeis, seja pela economia, segurança, condição sanitária, natureza reagindo velozmente aos ataques humanos...
    Adorei a leitura, abraço e bom domingo!

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  10. Marido da minha filhota foi transferido para a Alemanha.
    Karol diz que sente saudades, até, dos vendedores de rua aqui do Brasil...rs
    E eu não saio do meu país por nada.
    Gostei muito do que lí, Taís querida.
    Te desejo um feliz domingo.
    Beijinhos
    Verena.

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  11. Me encanta leer tus relatos porque cuanto termino, siempre estoy de acuerdo contigo.
    Yo ni siquiera de joven me habría marchado de mi España, ni siquiera por amor, sería también que hija única, y nunca habría dejado a mis padres.
    Pero si comprendo la gente que emigra de sus países porque quizás tengan situaciones insostenibles y quieren mejorar en otros a costa de lo que sea.
    Me ha encantado la frase de tu amiga: árbol maduro no se trasplanta", y que cierto es.
    Un placer la lectura Taís.
    Un abrazo y buen domingo.

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  12. Bom domingo, Taís.
    Uma crônica que me fez pensar e refletir. Moro em Brasília desde que casei, gostava muito de Recife. Enraizei-me por cá e ficarei até o fim. Amo viajar, tanto no Brasil como fora, mas, nada de mudanças, principalmente na fase em que já nos encontramos.
    Boa semana. Bjs

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  13. Como nos dices el trasplante de una planta crecida no es lo mismo que una nueva.

    Saludos.

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  14. Querida Taís,
    Respeitar os ciclos da vida.
    Quanta sabedoria neste frase, aparentemente simples.
    Os jovens devem ousar, sem dúvida, e escolher o lugar onde se sintam bem acolhidos.
    E o amadurecimento e envelhecimento, devia proporcionar serenidade, e estabilidade.
    Felizes o que isso alcançam !
    Mas quando se chega ao amadurecimento, e há ainda assuntos pendentes, filhos desempregados e saúde comprometida, fica complicado ter a sabedoria certa.

    Um beijinho , muita saúde e feliz semana minha amiga.


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  15. He leído con la mayor atención su entrada que está planteada con la mayor claridad y sensatez. Creo que la cuestión está en que los humanos siempre deseamos una vida mejor y caemos, frecuentemente, en el error de creer que estamos en el peor país para ser felices. La realidad, con frecuencia, difiere de esa expectativa. No siempre, es la verdad porque hay lugares en los que es imposible salir de la amarga pobreza, donde la vida carece de valor, donde la esperanza es una flor seca que no florecerá. Así, arriesgan su vida y la de sus hijos: la muerte no les asusta tanto como la vida que tienen. No hablo de Brasil, naturalmente. La Humanidad necesita no olvidar una sencilla regla: "Ama a tu prójimo como a ti mismo amas". Todo sería diferente.
    Magnífico tema, ha sido un placer que lo comparta. Un abrazo.

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  16. Os brasileiro estão a investir fortemente no imobiliário em Portugal, são essas notícias que me chegam.
    Bjs, boa semana

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  17. Concordo com a sua excelente crónica minha Amiga Taís. O nosso lugar é o chão onde crescemos e vivemos e nos fizemos gente. Quase nunca ir à aventura compensa. Gosto sempre de a ler.
    Cuide-se bem.
    Uma boa semana.
    Um beijo.

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  18. Já existe em Portugal uma grande comunidade de brasileiros e eles são bem vindos.
    Um abraço e boa semana.

    Andarilhar
    Dedais de Francisco e Idalisa
    O prazer dos livros

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  19. Ciertas decisiones a cierta edad cuestan mucho de tomar amiga Taís. La gente cuando es joven muchos marchan, pero con la idea fija de un día regresar a su país de origen. A cierta edad, ya es más complicado, las raíces están firmemente aferradas y ya es muy complicado salir a otro país, en todo caso, a otra zona del país más tranquila con arreglo a los tiempos que nos toca vivir.
    Un fuerte abrazo y esperemos todo se normalice amiga.

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  20. Da maneira como as coisas andam... começo a achar que só já mudando de planeta! Já ninguém pode achar que está/ficará realmente bem/melhor, em lado algum, com algum grau de convicta certeza... ainda estou sob o choque das imagens da Alemanha e Bélgica... onde tudo a água levou, após chuvas de Verão... supostamente a época onde desastres com cheias, fazem menos sentido na Europa!
    Não sou contra as mudanças... apenas noto, que a instabilidade a vários níveis, está cada vez mais presente em todo o lado, nesta fase estranha que o mundo atravessa... começo a achar que as leis do deserto, em que estamos a tornar este nosso mundo, cada vez mais se nos aplicam... quanto mais nos mexemos... mais nos enterramos...
    Beijinhos, Tais! Cuidem-se ao máximo... vacinas?!?! Todas registando perda de eficácia acentuada perante as novas variantes, Delta e Lambda... Confirma-se em Israel... e confirmaremos daqui a umas semanas quando o Reino Unido, voltar a fechar com um número de contágios, de novo impensável... já que decretaram a normalidade por lá, a partir de hoje... mesmo com os internamentos escalando, assim mesmo... só para verem no que dá... que será certinho como a chuva... novos contágios pela Europa fora, com a adopção, destas atitudes... altamente desaconselhadas pelas classe médica... e certamente com mais umas mutações como novidade... para todos nos entretermos de novo, por largos meses, mundo fora...
    Saúde e cuidados no máximo! Tudo de bom!
    Ana

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  21. Parece triste alejarte de tu país y buscar suerte en algún otro. Pero algunas veces hay que hacerlo.
    Me gustó mucho leerte.
    Un beso.

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  22. Muchas gracias por tu voto amiga Taís.
    Un fuerte abrazo desde el levante español- Alicante.

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  23. Boa tarde Taís!
    Vivemos numa eterna mutação com os pés fincados neste chão. Sonhos pululam nossa mente e aos poucos se desfazem na poeira do tempo e da realidade. Vivemos com olhar no quintal do vizinho, onde crê-se há mais paz, mais vida e descobrimos, que a vida é aqui e agora. O meu cantinho num interior a muito deixou de visitar meus sonhos, pela violência que imigrou para estes cantinhos, como vimos no recente caso de Goiás. A violência dos dias roubaram meu sonho de menino de interior.
    Perfeita crônica e que seja um alerta, para os mais afoitos, que se atiram ao terreiro que não é seu e se arrependem e muitas vezes o voltar nem é possível.
    Uma semana maravilhosa para você e Pedro que anda como eu sonhando com uma manhã de folia.
    Beijo amiga.

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  24. Querida amiga Taís,
    Olha, eu lhe digo uma coisa e com propriedade, pois, já residi em alguns países a trabalho. A vida fora da nossa pátria, para quem consegue desenvolver bem idiomas (e eu falo vários), já não é simples, imagine migrar para “tentar conquistar o Mundo,
    ao Deus-dará?”
    Quando alguém pensa em morar fora do “Brasil” ou de qualquer País que seja, aquilo que vem na cabeça primeiro, é viver o sonho de começar de novo em um lugar diferente, que por algum motivo, foi planejado minunciosamente. Mas, este “viver longe de casa”, faz a vida familiar fica bem restrita, pois, não poder estar perto de quem se ama e dos amigos, proporciona tristeza e medos. Quem mora no exterior, vive com receio que algo ruim aconteça na família e não possa voltar em tempo de acompanhar os acontecimentos.
    O texto ficou mais uma vez muito bom.
    Beijos e como diria “Ibrahim Sued”... “Ademã, que eu vou em frente!!!”

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  25. Tais,
    Eu me mudei a infância toda,
    pois meu pai trabalhava em
    um ramo que exigia mudar
    com a família junto.
    Foram mais de 25 mudanças em
    25 anos de casamento, isso
    com família de 6 filhos.
    Já casada me mudei de casa ugada para a casa que construimos.
    Porém a vida, a violência
    e Deus nos mandaram para a terra que vivo já há +15 anos.
    Já me convidaram para
    mudar de país e minha
    resposta é não. E só mudo
    de Estado ou de lugar se
    Deus me empurrar.
    Mudarei de apartamento em breve,
    mas é só por mais conforto
    pra mim e pro meu esposo.
    Adorei seu texto, ajuda
    quando ouvimos pensamentos próximos ao nosso.
    Bjins de boa semana
    CatiahoAlc.

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  26. Boa tarde Taís,
    Uma excelente crónica que aborda o tema de forma sublime!
    Para mim emigrar é um ato de coragem! Admiro muito quem sai do seu País à procura de uma vida melhor e/ou de paz e segurança!
    Nem tudo são rosas, mas pelo conheço ainda se encontram recantos onde se pode viver mais tranquilo.
    Tudo tem seu tempo e concordo plenamente com você, a idade madura nos dá o discernimento como diz aqui «Amadurecer é querer o necessário, é largar as fantasias e os fricotes. Sonhar, sim, mas com o possível, com o realizável. Mas chega um tempo em que há de se respeitar os ciclos da vida.»
    Sua amiga tem razão. Sábia, mesmo!
    Beijinhos e continuação de boa semana.
    Ailime

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  27. Como sempre uma excelente crónica.
    Tudo tem realmente o seu tempo. Há uns anos atrás, eu também sonhava viver num outro local bem mais tranquilo, hoje não me vejo a mudar para mais lado nenhum. É quando somos jovens que devemos/podemos procurar novos rumos, é o caso da minha filha e da sua família que foram viver para Macau.
    Beijinhos

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  28. Olá Tais!
    Passando por aqui, relendo esta sua excelente crónica, na qual me revejo.

    Votos de continuação de ótima semana.

    Beijinhos!

    Mário Margaride

    http://poesiaaquiesta.blogspot.com

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  29. Olá, Tais! Mudar para o exterior e começar do zero num país desconhecido é uma das experiências mais desafiadoras e, ao mesmo tempo, aterrorizantes. A vida que conhecemos irá mudar – e, não estamos só falando de endereço e marcas de detergente, etc etc. Tudo mesmo! Na atual condição do pais , muitas pessoas dizem querer ir para outro pais, mas não é assim tão simples... Uma bela crônica com alto teor de reflexão. Decido ficar por aqui mesmo! Grande beijo.

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  30. Querida Taís, como sempre, uma crónica pertinente, numa epoca em que vemos um fluxo cada vez maior de pessoas que, por motivos vários se arriscam para outros lugares, não pensando noutra coisa a não ser ter uma vida melhor e, em muitos casos, para fugir das guerras e consequentes fome e miseria. Também eu e a minha familia, sentimos necessidade de deixar Portual, felizmente, não por motivos muito sérios, mas, sim, somente pela dificuldade de arranjarmos emprego; Imagina, Amiga, tinha eu 24 anos, acabada de casar e com uma barriga já bastante grande , saio do meu pais e vou, alegre e com muitos sonhos para o Brasil. Isto, em 1976, depois de ter acabado a ditadura e de termos conseguido a tão ambicionada liberdade; mal entendido o conceito de liberdade, empresas tiveram que fechar e os jovens sem esperanças de um emprego digno; incentivados pelo meu pai que já tinha duas irmãs nesse pais e que já o tinha visitado , lá fomos nós e, confesso, ainda bem! No Brasil, querida Amiga, os portugueses não se sentem estrangeiros ( pelo menos foi essa a nossa experiência), porque a lingua é a mesma, costumes e gastronomia muito semelhantes; além disso, dificilmente encontramos brasileiros que não tenham as raizes aqui, no meu pais. Foi e tem sido um enorme prazer para nós levar amigos nossos do Brasil a conhecer parentes que aqui têm, mas há um caso que recordo com muita saudade e com grande satisfação;um amigo nosso veio cá e mostrou vontade de ir a uma aldeia pequenina, aqui, bem no norte de Portugal para conhecer o lugar dos seua antepassados; claro que o levamos lá, mal sabendo nós que ele estava muito doente e teria pouco tempo de vida; nem a mulher dele sabia; até hoje lembro a felicidade dele por ter pisado aquela terra; já não havia ninguém vivo, mas, o facto de ter conhecido o lugar onde tinha as suas raizes já foi o bastante. Pouco tempo depois de ter voltado para o Brasil, o Luis faleceu; ele sabia que não mais voltaria cá. Sabes, Tais, agora, com a idade que tenho, não sairei para qualquer outro lugar, nem sequer para uma outra casa; quero sossego, quero este meu cantinho até que a vida me leve para um outro lugar; nada de mudanças, Amiga! Em 76 emigrei, sem grandes bagagens, mas com o coração cheio de sonhos, para um pais que me recebeu de braços abertos, que me deu dois filhos maravilhosos, que me enriqueceu como pessoa e onde conquistei Amigos maravilhosos que visito sempre que aí vou. Considero-me luso - braileira com muito gosto e tenho de agradecer ao meu pai o esforço que fez para que aceitassemos esse desafio. Portugal viu os meus pais nascerem, mas foi o Brasil que lhes permitiu dar uma vida melhor aos seus filhos e netos. Em Portugal nasceram, no Brasil morreram, no Brasil ficaram! Obrigada, Brasil, obrigada, povo brasileiro! Um beijinho, querida Amiga e, como não podia deixar de ser, a tua escrita, emocionou-me, mas....agradeço-te essa emoção, essa saudade maravilhosa. 🙏 🌻 🇧🇷 🇵🇹
    Emilia

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    1. Amiga querida, o final do teu comentário foi de pura emoção, e, adivinha... o meu pobre coração falou através dos olhos. Estás grata à minha Terra e isso é lindo. Tua vida passou como um filme pra mim, as pessoas chegam em outras Terras com muita esperança e muitos sonhos, e dá certo, apesar das saudades. Mas outras não, é difícil.
      Sim, minhas raízes estão aí, em Portugal, por parte de pai e de mãe. Talvez um dia, quando for a Portugal, passarei por várias emoções, já pensei nisso.
      Um beijinho, saúde - cuide-se!

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    2. E estarei aqui, para, contigo, viver essas emoções acompanhando-te às tuas raizes; seria um gosto enorme, querida Amiga! Obrigada pela resposta tão carinhosa. Um abraço carregadinho de amizade
      Emilia

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  31. Anônimo08:45

    Olá Thaís, gostei muito da sua crônica, realmente eu nunca penso em sair do Brasil,
    acho aqui um país feliz, alegre e cheio de vida. Ainda mais aqui em MG. Povo acolhedor, de bem com a vida. Eu amo Minas Gerais e não saio daqui por nada.
    Aqui é meu lugar, Deus escolheu o lugar certo pra mim.
    Amei seu texto, um grande abraço amiga e bom fim de semana!

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  32. É o sonho de muitos. Eu já morei no interior do Estado do Rio, após casamento, mas fui com pé no chão, meu emprego garantido. Foi ótimo estar numa cidade do interior, próxima a natureza tendo filhos pequenos. Porém, adaptações não são fáceis e sabia que não gostaria de ficar para sempre, pois também sou muito urbana, gosto de cinemas, teatros,livrarias, passeios diversos. Hoje, gostaria de continuar minhas viagens, pequenas e maiores, interrompidas pela pandemia. Não tenho vontade e nunca tive de morar em outro país, apesar de tudo que enfrentamos por aqui e ter avós portugueses e espanhoís, Bjs

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  33. O ser humano é inquieto por natureza. Há muitos anos atrás vivi durante seis anos em África. Eu adorava África, a sua imensidão a beleza das suas paisagens o encanto dos pores do sol, a alegria das suas gentes. Mas eu morria de saudades do canto onde nasci, apesar da vida miserável que tinha vivido até casar e sair do lugar.
    Hoje vivo a uns 300 metros do sítio onde nasci e tenho imensas saudades de África.
    Abraço, saúde e bom fim de semana

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  34. Querida Taís

    Nesta sua bela Crónica trata este tema focando o que todos nós sentimos, as dúvidas, as saudades, a insegurança, quando se trata de deixar o torrão natal e seguir para outras paragens. Por vezes terras onde já temos familiares, mas noutras em que não se conhece nada nem ninguém. Nestes casos, trabalha-se no que aparece e em áreas que nada tem a ver com o que sonhávamos. As pessoas vão-se adaptando porque tem de ser e porque precisam.

    Realmente, são ciclos de vida. Em novos temos aquele espirito de aventura com a vontade de conhecer mundo novo, outras culturas, quando não se trata tão-somente de tentar uma melhoria de vida. Com a idade avançando já queremos é paz e estabilidade e sair apenas para passear e passar férias.

    Na sua escrita dinâmica e apelativa faz sempre retratos da vida real de que nos sentimos parte integrante. Obrigada, querida amiga.

    Bom fim de semana.
    Beijinhos
    Olinda

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  35. Olá Tais!
    A imigração, em todos os contextos, faz parte da nossa realidade. Uns saem do seu país, outros entram, procurando noutras paragens uma vida melhor.
    É a realidade que temos que enfrentar.

    Votos de um excelente fim de semana amiga Tais!
    Beijinhos, de carinho e amizade.

    Mário Margaride

    http://poesiaaquiesta.blogspot.com

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  36. "Fina sabedoria" mesmo, querida Taís. Ou lutamos pelo nosso espaço, ou o melhor é desistir. Mas como? Adoro a luta, sempre gostei! Somos nós que tiraremos o Brasil da lama, da obscuridade, da molecagem e outros males!
    Amei sua postagem! Beijo,
    Jorge

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  37. Crónica inteligente, perfeita, querida amiga!
    Quando pensar mudar... eu te espero aqui querida, no meu Portugal, lindinho, pobrezinho, sossegadinho!!!
    Beijo,

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  38. Lutando por melhores condições de vida, houve tempos em que o sonho era o Brasil. Assistimos, agora, ao sonho europeu. A vida é feita de mudança.
    O planeta tornou-se mais pequeno já que a juventude pode, através do programa Erasmus, conhecer outos países e tomar opções com dados mais alargados. Há testemunhos entusiasmantes. Mas "chega um tempo que a vida deixa seu recado". Significa que é preciso estabilizar. É bem verdade, querida Taís! O nosso cantinho torna-se primordial.
    Gostei muito desta reflexão.

    Um abraço apertadinho.

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Muito obrigada pelo seu comentário
Abraços a todos
Taís