7 de julho de 2025

MEUS CABELOS, MINHA VIDA!

 



MEUS CABELOS, MINHA VIDA!

- Taís Luso de Carvalho


       Foi numa quinta-feira, e foi um dia de cão. Nada daquilo estava no meu esquema. Na verdade fui só renovar minha carteira de Habilitação. Coisa básica. Mas é sempre uma tortura tirar uma fotinho sem qualidade nos computadores dos Centros de Habilitação (CNH). Cheia de coragem, olhei para a máquina e...

       — Espera moço!! Posso fazer um sorriso discreto, o rosto ficará mais leve...

       — Não; não pode mostrar os dentes, senhora...

Mostrar os dentes?? Credo, que coisa mais primitiva! Falei que estava pensando num sorriso estilo Mona Lisa, aquela coisa enigmática… e de boca fechada. Rir só com os lábios! Mas a criatura não entendeu nada, deve ter confundido Mona Lisa com marca de bolacha, compota de pêssego… Mas achei melhor deixar assim. Explicar quem foi Mona Lisa confundiria a cabeça do rapaz. Ele não esperou e clicou o botão da máquina, com gosto, sem piedade.

        Olhei a foto…

      - Que coisa horrorooosa!!! — disse isso, e nada mais.

Cheguei em casa e me olhei no espelho sem pena de mim. Talvez meu cabelo, meio comprido, não tivesse ajudado na foto! Ou talvez preconceito com a tal máquina, endureci a cara, sei lá. Odeio fotos 3 X 4 - me roubam 10 anos de vida útil.

No dia seguinte resolvi ir ao Salão para cortar as melenas! Um corte mais curto, de acordo com meu tipo físico.

      - Tens certeza que é esse corte, Taís ? - perguntou a cabeleireira.

     - Sim, igual a esta foto… É isso aí, olha que beleza de corte! 

Notei que ela estava cortando muito rápido, mas eu estava confiando. Acabado o corte, saí do salão pior do que cachorro em procissão: apavorada! 

Não quis discutir com a criatura o tamanho do erro, mesmo porque eu nunca mais voltaria lá. Cheguei em casa, fui ao espelho e desandei a rir… Depois me indignei, pois fiquei com cara de travesti! E não tem outro jeito senão esperar uns dois meses para que o cabelo atinja um tamanho mais ou menos decente, suportável. E tudo num dia de verão - fora da estação.

Mas uma pergunta que não queria calar: como sairei de casa? E a reação da minha família? E a cara dos conhecidos? 

Meu   Deus... Deus meu!!

     Deixei a dramaticidade de lado e pensei nas mulheres de Atenas e suas melenas; pensei nas mulheres de Burca… Eu precisava pensar em alguma coisa mais forte para sobreviver. E encontrei uma solução temporária, embora quente e desagradável: achei no Google um maravilhoso turbante! 

Já menos  ansiosa e mais resignada pensei: bora lá, e seja o que Deus quiser...  

    

          

Foto da Internet / Turbante


 

5 comentários:

  1. Kkkk...

    Antes do boa noite tive que rir do turbante.
    Está até na moda, console-se.
    Amiga, não vou a cabeleira há mais de ano. Elas nunca cortam no tamanho que gostamos.
    Aprendi na Pandemia a me virar e eu mesma dou jeito.
    Adoro seu bom humor nas crônicas.
    Daqui a dois meses, ainda será inverno e dará para usar o disfarce e aquecer a cabeça da friagem que tem feito, querida. Veja pelo ângulo bom.
    Tenha uma nova semana abençoada!
    Beijinhos fraternos

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  2. Pareciera que todas pasamos por un dia como el tuyo,leerlo y como lo cuentas es divertido,a veces enfrentarnos al espejo es algo complicado y mas dependiendo del estado animico,lo bueno es que finalmente terminamos riendonos de esos momentos.Ha sido un gusto leer tu entrada.Te dejo un abrazo!

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  3. Crónica lida
    Nem sei o que te diga
    Mas em dois mil e oito
    Que agora olho
    Olhe!
    Com esse sorriso
    que importa o corte?

    Beijinho de fã

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  4. Estou rindo mas com respeito...como dizia meu pai, tudo que tá ruim tende a piorar!! Meu pai era meio pessimista.
    Ninguém fica legal em fotos 3 x 4, nem nas antigas em papel e nem nas atuais no computador. Deve ser uma lei: É proibido fotos de documentos ficarem boas.

    Mas o que faltou mesmo foi a foto sua com seu cabelo no novo corte estiloso.

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Muito obrigada pelo seu comentário, é muito valioso para mim.
Meu abraço, saúde e paz a todos!
Taís