- Taís Luso de Carvalho
Gosto
de crônicas do cotidiano por poder narrar fatos que influenciam
nossas vidas; falar de coisas, pessoas, sentimentos, alegrias,
tristezas e que de uma forma ou outra nos fazem refletir. Os fatos
podem ser apenas hilários, mas outros podem mexer com nossas emoções. E hoje não tem nada hilário por aqui.
Há
uns dez dias, estávamos eu e Pedro vindo do almoço, quando um táxi
estacionou no fio da calçada em que vínhamos. Uma senhora, já com
bastante idade, não conseguia sair do carro. O taxista ficou na
dele, sentado, sem prestar um mínimo de solidariedade.
Ao
chegarmos perto dela, olhamos para aquela dificuldade e fomos
ajudá-la. Estava ali para ir ao consultório médico, pois tinha
passado por uma cirurgia do colo do fêmur e fraturado a bacia,
também. Lembrei de minha mãe que há muitos anos passara pela mesma
situação, e o tanto que foi traumático.
Levamos
a senhora até a sala de recepção, e lá lhe perguntei por que ela
estava sozinha… Disse-me que sua acompanhante não viera porque
estava doente, mas ela não poderia perder a consulta.
Caramba,
não quis constrangê-la, não perguntei pelos seus filhos, netos,
vizinhos e parentes. Não era hora.
Acomodou-se
na cadeira e agradeceu muito. Perguntei-lhe como iria embora...nos
oferecemos para esperá-la, mas ela não quis.
– Uma
das serventes pedirá um táxi pra mim, filha, muito obrigada, que
Deus proteja vocês.
Apesar
de doente, percebi nela muita determinação. Mas seu corpo não acompanhava mais sua mente.
E
desde aquele episódio - triste de ver - não houve um dia em que eu
não lembrasse da velhinha; e não houve dia em que eu não pensasse
na solidão. São os caminhos tristes da vida que não têm como
esquecer, não tem como varrer pra baixo do tapete e esconder essa sensação de vazio, de indiferença que se chama solidão - pelo motivo que for.
Várias
situações me fazem lembrar do poeta Mário Quintana quando disse:
'Com
o tempo não vamos ficando sozinhos apenas pelos que faleceram; vamos
ficando sozinhos uns dos outros'.
É
isso. Triste assim.
Me emocionei,Taís... triste mesmo e nem dá pra pensar,não? Chega a doer coisas assim...Vocês fizeram a parte e depois? Coitada e essa é apenas uma...bjs, chica
ResponderExcluirLimerique
ResponderExcluirSolidão mais antiga, a do ninho
E pior, tentar se afogar no vinho
Por mais que compartilhemos
Solitários sempre seremos
Então vivamos a solidão sozinhos.
Boa noite, querida Tais!
ResponderExcluirTriste realidade que se constata dia após dia e cada vez mais...
Solidão fecunda é maravihosa ams o egoísmo é pernicioso demais!
Bjm muito fraterno
Poxa, posemos dar as mão em questão de tristeza.
ResponderExcluirEu perdi meus pais no prazo de 40 dias. Fiquei desesperada, mas meu marido me consolava.
É triste o fim.
Beijos
Minicontista2
Oi Amiga, Taís Luso, boa noite !
ResponderExcluirTua abordagem é muito triste. Porém, espelha
um dos lados da infelicidade.
O isolamento social, chamado de "solidão" é
perverso e, na maioria das vezes, inevitável.
Um carinhoso abraço, querida, e parabéns pelo
texto.
Sinval.
Taís...um estado de alma que dói e corrói quem a vive...quem a vê e muito mas...quem a sente!!!
ResponderExcluirGosto da sua reflexão...bj
http://mgpl1957.blogspot.pt/2016/10/o-amor-nos-tempos-de-colera.html
oi Tais, triste isso. O taxista no início da corrida viu o estado de saúde da senhora e mesmo assim quando chegou no destino não se mexeu pra ajudá-la a descer. Essa indiferença vai além de qualquer falta de gentileza, chega a ser desumano. Não entendo esse tipo de comportamento.
ResponderExcluirQue bom que você estava por perto.
Oi Tais,como deve ser triste a solidão!
ResponderExcluirMuitas vezes essas pessoas ainda tem os filhos mas quem sabe,pensam diferente de nós e não se preocupam com a mãe que está tão solitária.
E esse taxista sem educação,também esquece que um dia será idoso e poderá passar pelo mesmo problema.
Muito triste!
Bjs e um ótimo domingo.
Carmen Lúcia.
Triste realidade esta dos nossos dias em a maioria das pessoas viram as costas ao seu semelhante e mesmo aos seus familiares. O Mário Quintana tem toda a razão.
ResponderExcluirUm abraço e bom fim-de-semana.
Andarilhar
Amiga Taís, muitas vezes vemos casos assim, o triste da velhice é isso, como citastes bem com a frase de Quintana, "...vamos ficando sozinhos uns dos outros."
ResponderExcluirAmei ler, abraços apertados querida amiga!
A insensibilidade das pessoas acarreta-nos um 'freezer' em nossas emoções! Quem presta um serviço, no mínimo, deveria ter o bom senso. Pensar que, um dia, ele poderá se ver nessa situação! Solidariedade, amor ao próximo? Foram esquecidos por muitos, infelizmente!
ResponderExcluirAbraço.
Oi Taís
ResponderExcluirDeparar com tamanha falta de sensibilidade e solidariedade de um prestador de serviços deixa-nos consternados. Situações como esta e tantas outras são corriqueiras nesse nosso mundo individualista onde cada um só pensa no próprio umbigo. E cada mais nos convencemos da veracidade destas palavras de Quintana
Beijos e domingo repleto de sorrisos e amor
Uma excelente crônica abordando um tema tão
ResponderExcluirdorido e real nesta selva humana.
A solidão faz parte da experiência humana e necessária
como momento reflexivo, mas esta solidão de esquecimento
do processo de sentir o outro, nesta irmandade da raça
humana é muito cruel, crú de gestos e ausência de espelhos
na ação da solidariedade.
Bela a solidariedade de vocês dois para com a senhora!
O Mário Quintana, o mestre da Poesia sábia ficou
muito bem na sua crônica.
Um domingo alto astral, querida!
Beijos.
Bom dia, Tais. Infelizmente existem "pessoas" como esse taxista mais do que possamos imaginar.
ResponderExcluirEu me pergunto se o coração das pessoas está cada vez mais endurecido para terem atitudes apáticas assim de não ajudarem o próximo.
Meu avô tem 95 anos,fraturou o fêmur, por essa razão, só anda acompanhado. Minha irmã chega a sufocar meu avô com cuidado, mas compreendo que é para não ocorrer o pior.
Não ter compaixão é uma pobreza de alma sem justificativa.
Que Deus proteja essa senhora e coloque pessoas boas como vocês para a ajudarem.
Quanto aos filhos, não sei se os têm, melhor não, para não sofrer o desgosto com a omissão deles.
Fiquei emocionada ao ler.
Muito real e triste sua crônica.
Parabéns.
Tenha um mês de paz.
Beijos na alma.
Boa tarde Querida Tais.
ResponderExcluirUma triste realidade que infelizmente se tornou algo frequente. Meus pais foram cuidados por mim até o final com amor e zelo. Não comprendi até hoje como pode um familiar, filhos, amigos etc deixar a própria sorte uma pessoa idosa. O relato sobre a atitude do taxista foi desumana. Mas só essa senhora está sozinha mostra indiferença total de todos com ela. Imagino como deve ser triste. Vocês como pessoas sensível que são ajudando sem muitas perguntas o que com certeza so iria constager a senhora.Atitude humana a de vocês. Olho ao meu redor e percebi que o mundo está cada vez pior, a insensibilidade cresce. Uma feliz semana para vocês. Abraços.
Também optei por um tema sério para reflexão, neste fim de semana...
ResponderExcluirÉ preciso analisar estas aberrações do comportamento humano, porque de tanto se tornarem vulgares, podem embotam-nos os sentidos e deixar de nos sensibilizar...
Cada vez mais, a terceira idade está condenada à solidão...
Um facto transversal a todas as classes do mundo civilizado.
Terá sido Deus que vos colocou no lugar e no momento certos?
É bom e acalentador pensar que sim e que a desventura tornou a senhora idosa decidida e lutadora.
Apreciei esta ótima crónica de intervenção cívica, Taís.
Beijos, desejando dias muito felizes.
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Quis dizer, '... podem embotar-nos os sentidos...'
ExcluirAbraço.
Por isso é que eu gosto tanto de a ler amiga Taís.
ResponderExcluirA sensibilidade com que foca todos os assuntos merece sempre a nossa reflexão, mesmo nos seus textos com mais humor.
Dou assistência diária à minha mãe que já tem a bonita idade de 87 anos, mas não vivo com ela pois quer viver sozinha, ser independente.
Embora seja para mim motivo de uma grande preocupação respeito esta sua decisão até ser possível.
Quando vejo idosos na situação que referiu, fico muito deprimida,pois não penso na minha mãe, penso em mim, um dia.
Um beijinho e boa semana
No puedo decir que estoy sola, pues tengo a mi marido y nunca he sentido soledad quizás porque siempre me he sabido ocuparme y distraerme, pero leyendo veo lo triste que es estar solo, pues cuando no se tiene a nadie que puedas acudir para que te ayuden en momentos así es muy triste y creo que cada día la soledad se vive más por el contexto de la sociedad.
ResponderExcluirUn abrazo
Olá maninha realmente a generosidade e a educação se mudaram deste planeta, as vezes presenciamos coisas assim revoltantes, mas Deus colocou a pobre senhora no caminho de vocês por saber que são pessoas solidárias, nada é ao acaso neste mundo. A indiferença das pessoas com relação aos idosos é de se temer, principalmente vindo de pessoas mais jovens, será que pensam que a juventude é eterna? Ou será simplesmente falta de educação? ou são alienados não pensam mais só sobrevivem? Não sei, só sei que seja lá o que for é terrível.
ResponderExcluirSua cronica triste mas ótima amiga, nos faz pensar e até chorar.
beijinhos, Léah
Olá Taís! É realmente triste o que conta, tanto mais triste quando sabemos que é assim com tantos idosos. A solidão na velhice é arrepiante e demasiado humilhante para quem a sofre. Obrigada por esta reflexão.
ResponderExcluirUma boa semana.
Beijos.
E aqui está mais uma prova de que vivemos " num mundo vazio de sentimentos" e mais triste ainda é constatarmos que não há, na falta dos filhos, um vizinho, um parente que se digne acompanhar um idoso ao médico. Sexta passada fui visitar uma senhora de 86 anos, muito amiga da minha mãe( que mora no Braisil) que está bastante debikitada, mas com a cabeça muito lúcida. Tem doze filhos e trabalhou muito para os poder criar, pois ficou viuva muito cedo; vive co uma filha e está muito bem cuidada; olhando o rostinho dela, vê-se que não lhe falta o carinho tanto dos filhos, quanto dos netos. Nem imagina a alegria que senti quando a pus a conversar com a minha mãe pelo WhatsApp; ficaram as duas a recordar tempos antigos e a rirem de casos passados; fez-me muito bem te proporcionado às duas aquele belo momento. Sei que a minha mãe ficou com muitas saudades e tv até um pouco triste, pois tem consciência de que, devido à situação do meu pai, não voltará a ver esta e oitras amigas. Sabes Tais, tenho muita pena destes idosos que vivem sozinhos, muitas vezes esquecidos pelos próprios filhos; por isso resolvi fazer voluntariado neste campo; a idosa que eu visito não teve filhos, mas tem a sorte de não se sentir abandonada pelo resto da familia; sobrinhos e amigos telefonam-lhe e visitam-na também. Não sei o que se passa na cabeça das pessoas, amiga! Mas, uma coisa é certa, quando chegarem a essa idade não vão ter quem lhes faça um carinho sequer. Aqui se faz, aqui se paga. Muito obrigada por este texto que nos deixa tristes, mas que nos faz pensar e mudar a nossa atitude perante os mais incapacitados. Sabes, o ano passado passei 3 meses no Brasil e quando vi como estavam os meus pais, principalmente o pai que nem sempre me conhecia, deu-me " um clic " e a partir daí comecei a visitar pessoas que foram muito importantes na minha infância e que agora estão muito fragilizados; pensei : " que interessa ir ao funeral delas ? Não! Quero vê-las e fazer-lhes alguma companhia enquanto cá estão. E assim tenho feito; ficam imensamente felizes e para mim tb é bom, pois recordo os tempos em que brincava com os filhos delas. Tais, desejo-te uma bela semana e que tenhas sempre a oportunidade de gestos como o que tiveste com essa idosa; tenho a certeza que te fez muito bem.
ResponderExcluirBeijinhos
Emilia
En ningún momento me he sentido sola, será porque tengo siempre alguna distracción en mi mente, jeje...
ResponderExcluirUn placer leerte querida amiga.
Besosssss!!!
Cara e perspicaz amiga Tais, tuas cronicas lembram o inigualável Rubem Braga, pela propriedade com que conduz a narrativa. Este post remeteu-me, não sei porque, a um depoimento do escritor Heitor Cony - 92 anos-, outro dia no Canal Brasil, quando disse que não é bom ficar muito velho, porque no caso a pessoa geralmente fica só, sem conjuge, sem amigos, pois os daquela geração já partiram quase todos...
ResponderExcluirUm abração. Tenhas uma linda semana
Pois é, Taisinha, com aquela senhora pudemos sentir a sua fragilidade e o seu desamparo. Mas também vimos a sua força interior, como que ignorando a fragilidade do corpo. Em mim foi essa força que marcou. Com essa força, ficou à mostra a sua dignidade. Vi nela um extraordinário autorrespeito. Uma bela pessoa.
ResponderExcluirBeijinho daqui do escritório.
Realmente, deparamo-nos com situações que nos mobilizam. É incrível a insensibilidade de algumas pessoas diante de situações de tanta fragilidade. Há pessoas que se vitimizam, esta senhora mostrou gratidão.bjs
ResponderExcluirVoltei, Tais e Pedro; pois a mim também, apesar da distância do evento, marcou-me, ou melhor, fez-me refletir sobre a força interior da senhora desamparada, haja vista, que em muita vezes ficamos surpresos com o desânimo apresentado por pessoas jovens, cheias de vitalidade, que mais parecem mortos-vivos.
ResponderExcluirUm abraço ao casal. Ah, tenham um bom feriado.
Oi, Dilmar, confesso que essa situação deva causar um certo mal estar em todos nós. Aquela senhora não me sai da cabeça. A entrevista que você fala, com Heitor Cony, mostra bem essa preocupação. Se não me engano, foi ele mesmo que falou que quando seu cachorrinho morreu, seu grande companheiro - passou por maus momentos... A solidão assusta, sim, não estamos livres de sua sombra. Obrigada pelos seus 'generosos' comentários, sempre tão bem-vindos.
ExcluirAbraço, amigo.
Querida Tais:
ResponderExcluirLos años pasan sin darnos cuenta, cada uno de nosotros ocupados en nuestros trabajos, pero cuando se llega al periodo final de la vida; cuando las fuerzas flaquean (como a la señora que acompañasteis), es cuando se necesita más la compañía, y tristemente suele suceder lo contrario.
Triste relato que sirve para concienciarnos en ayudar a los mayores, aunque sea con unas amables palabras.
Un fuerte abrazo amiga.
O desamparo na velhice é cada vez maior. A falta de paciência dos mais jovensa se mistura à não aceitação do estado debilitado que a maioria dos idosos teimam em querer sustentar.
ResponderExcluirA solidão é mesmo amarga.
ResponderExcluirCadinho RoCo
Verdade Taís, a solidão - filha do egoismo - assola o mundo contemporâneo. O ser humano hedonista, ansioso, desprovido de valores espirituais (não digo religiosos) não tem tempo para os idosos " velhos inúteis"... É triste!
ResponderExcluirComovente.....Uma realidade muito triste.
ResponderExcluirPor vezes....os idosos têm orgulho...antes
quebrar que torcer....
Adorei ler.
Beijo
E o problema mais grave... será quando desistimos de nós...
ResponderExcluirA senhora mesmo sem poder... e sem ajuda... estava determinada a ir a consulta... poderia simplesmente até ter desistido... mas de alguma forma se arrastou para lá ir...
Mas seu texto apresenta um retrato bem fiel de tantas realidades... e eu conheço casos assim... pessoas que criaram filhos e netos... e agora no fim da vida com problemas de saúde... não têm ninguém que possa perder tempo com eles, por uma razão ou por outra... a vida é mesmo cruel, por vezes, infelizmente... não se compadecendo com os mais debilitados...
Beijos
Ana
É a triste realidade de nossos dias, Tais!
ResponderExcluirBeijos!
Taís as cronicas do cotidiano são sempre carregadas de lição,reflexão e ensinamentos.Este episódio nos leva sempre a um adentramento da cena e posicionarmos. O vazio dizem que é um elemento a nos impulsionar, mas como bem observou, é preciso que outra parte de nós esteja a sincronizar.
ResponderExcluirBom olhar e analise.
Abraços
Sempre gostei muito de ficar só. Não digo só o tempo todo, mas só por algum tempo. Acho que todos nós precisamos um pouquinho de solidão e acho que no fundo até mesmo quem diz não gostar de ficar só, tem um pouquinho de solidão dentro de si. A gente pode ter amigos, pode ter irmãos, pode ter toda a família sempre ali em nossa companhia, mas dia ou outro acorda com aquela melancolia, aquela vontade de ficar só, aquela vontade de não conversar com ninguém, aquela vontade de pensar e pensar, de falar com si próprio, de ser só de si.Tem dias que a gente acorda e tudo que menos quer é encarar o mundo lá fora. Ficar escondido, isolado só por aquele momento seria ótimo... Por que o mundo fechou as postas da complacências para aqueles que ao despertar gostaria de uma mão amiga para ajuda-la.... Tais vc e seu esposo são pessoas que deveriam se multiplicarem pela face desta terra, onde a calamidade esta a nos rodear... big bj em seu coração...
ResponderExcluir