29 de outubro de 2014

UM POUCO DOS ANOS DOURADOS



- Tais Luso de Carvalho


Ainda peguei a época em que os colégios exigiam uniforme. Usávamos saia azul-marinho pregueada, blusa branca com o brasão do colégio, meia branca e um sapatão horroroso para acabar com nossa vaidade e qualquer resquício dengoso. Nem uma meia soquete vermelhinha – para nos diferenciar – era permitido. Mas o único senão do pesado  uniforme, era o sapatão preto. Quebrar a austeridade com um sapatinho legal, tipo scarpin, era tudo que nós queríamos. Mas as freiras eram duras na queda.
Hoje tudo desapareceu – o uniforme, o sapatão preto e as freiras ortodoxas. Eu até gostava daquelas freirinhas. Havia um respeito recíproco. Também havia outros colégios, excelentes, entre eles o Júlio de Castilhos. Esse era o xodó da juventude, era o revolucionário, o liberal, o diferente. E não tinha uniforme. Era o colégio dos alunos mais pensantes e politizados.  Mas esse colégio cheirava ser meio de esquerda. Eu podia ficar um mês chorando que meu pai dizia:

Filha minha NÃO!!
Tá bom, pai. Te acalma. Fico no Sevigné, com as freiras.

A minha geração ainda comparecia às aulas com um contêiner; levávamos todos os livros do dia: o livro de gramática, matemática, história, geografia, inglês, francês etc e tal. E os cadernos correspondentes. Naquela época não havia Google, nem Smartfones. Nada de virtual – era na real. No pesado. Porém, aquela cretina da matemática ralou com quem não queria nada com uma vida exata e sim com uma vida humana.
Lembro de algumas colegas que gostavam da matemática, mas eram inflexíveis para darem uma colinha aos necessitados. Mas levavam muitos puxões nos cabelos das que sentavam atrás – para aprenderem a ser complacentes. Depois nós, as humanas, quebrávamos o galho nas provas de português. Eram muitas cutucadas nas costas. Eu chegava para o lado e deixava colar.
Se algo orgulha minha geração era o respeito e educação com que tratávamos nossos professores, em todos os graus.
As amizades eram diferentes, quase sempre com os colegas de aula que se reuniam nos fins de semana para fazerem os trabalhos em grupo ou reuniões dançantes na casa das colegas, em que as mães ficavam de olho nos guris. Sim, elas se responsabilizavam pelas filhas das outras. Legal, não? Havia uma cumplicidade entre as mães. 
O tal de ficar não existia, nem em Marte. Era outro viver! Mais puro, mais sério, mais encantador. As gurias se jogavam na cama com seu confidencial travesseiro, mas de nada resolvia. Já tinham levado 'o fora'. E dê-lhe lágrimas e músicas de fossa.
A comunicação era no olho. Assim sentíamos a verdade dos relacionamentos: sentíamos o martírio do invejoso, do mentiroso, do falso, do covarde; mas também a bondade do generoso e a cumplicidade da amiga. Tínhamos nossos segredos. Nossos amores eram regados com lágrimas de impaciência e de dúvidas. Nada era muito claro, sempre existiam dúvidas, pois ainda havia recato e timidez.
Só posso amar aquela época! Uma época levada a sério. Tivemos caídas, recaídas, namoricos e noivados que se desmanchavam oficialmente, mas nossos valores eram fortes, nossos sentimentos eram questionados, nossas obrigações nos moldaram, nossa ética nos fez gente.
E deixou saudades, sim. E muito orgulho do nosso passado.



44 comentários:

  1. Tais, conheço bem tudo isso (rss). No colégio de freiras, nem entravam homens. Nas festas juninas, algumas meninas se vestiam de meninos, para formar pares. Os amores pareciam morar no platônico, já que, para entrar no mundo real, exigiam muita determinação e cumprimento de formalidades. Para sair em grupo, uma das mães, necessariamente, teria que funcionar como atenta vigilante. Andar de mãos dadas, só depois de uns seis meses de namoro (kkkkkk). E em cidade pequena, ainda se corria o risco de ficar "falada", o que afastaria os bons candidatos a um relacionamento. Mas nada tenho a reclamar. Assim funcionava e nos enquadrávamos. Os pais "mandavam", literalmente. E ai de quem desrespeitasse um professor! Nossos tempos, com valores que ajudaram a formar nosso caráter. Bjs.

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    1. É, os colégios das meninas e dos guris! Parecia coisa pra tuberculoso. Depois tudo se juntou, evoluíram, evoluímos!!! "Ficar falada" rsssssss
      Adorei.
      Beijão!

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  2. Que lindo te ler e reviver momentos! Foi uma linda época mesmo. Uniformes, saias compridas reviradas na cintura para ficar mais bonitinhas, caras de anjo, mas nem tanto por dentro,sr...

    Adorei.Fiquei voltando no tempo aqui! Valeu cada momento! Sabes que certo dia voltei ao Colégio São José, em SL onde estudei e ali parecia que o tempo tinha parado. Aquele silêncio, tudo tão bom! E quantas aprontadas por lá eu fiz,rs Nem destas me arrependo! bjs, lindo dia! chica

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    1. E como enrolávamos aquelas saias! Lógico, já usávamos mini saia! Acho que esse teu São José era o mesmo das irmãs do Sevigné. Época boa rss, quase morríamos por amor...
      Beijão, Chica.

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  3. Bom dia amiga Taís, amei ler sobre o seu tempo dos Anos Dourados, foram anos que não voltarão jamais, ainda bem que se tem a capacidade de poder relembrar né mesmo?
    Mas o melhor tempo mesmo minha amiga, é hoje, agora, temos de viver o melhor que pudermos!
    Abraços apertados, tenhas um lindo fim de semana!

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    1. Oi, Ivone, todas as épocas são boas, é só saber levar e viver intensamente. Mas recordar faz parte da vida. Sem querer voltar, é lógico. Os anos dourados pegaram os anos de 1960 a 1980. Quem viveu nesse período, pegou.
      Beijão, amiga!

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  4. Esse álbum de recordações morais, físicas, intelectuais também o tenho, Taís! Valores inquestionáveis que nos guiam até hoje. Sem saudosismo, mas era bem melhor... Educação. Respeito. Caráter. Religiosidade. Seio familiar... Pai e mãe eram formadores dentro de um ninho chamado - LAR - [...] Vivo me perguntando onde estão tais orientadores familiares? A questão de se dizer que hoje está melhor, creio que em muitas coisas sim, mas em detrimento de valores morais, infelizmente. Bom senso para equilibrar o ontem e o hoje é a medida certa para uma vida saudável.
    Abraços.

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    1. Lar! Sim, os valores eram diferentes, tenho consciência disso. Em valores morais também concordo com você. Ih... era diferente. Trago aquela época comigo e misturo com a de hoje e de alguma forma sai um prato saudável.
      Beijos, querida Célia.

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  5. Olá Tais,

    Belos tempos, apesar da rigidez da disciplina, tanto no colégio quanto em casa. Pela sua descrição não há diferença entre a sua época e a minha. Tudo igualzinho, desde o uniforme ao contato respeitoso com os professores e as freiras. Também as festinhas eram da mesma forma, no geral 'horas dançantes' e minha mãe sempre por perto.
    Ao compararmos o hoje com essa época chegamos à conclusão de que foi uma época mágica, principalmente com os namoros, sempre regados a timidez, além de respeitosos e na porta de casa.
    Ah... nem me fale em matemática. Sempre foi minha pedra no sapato.

    Beijo.

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    1. Claro que foi uma época mágica, tanto é que todos falam dos Anos Dourados! Vai de 1960 a 1980. Quem viveu uma dessas datas aí, sabe... A matemática foi um caroço, uma pedra no meu sapatão preto! rs Falando aqui pra você, eu quase matava a colega da frente... rsss
      Beijão, Verinha.

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  6. Tais
    Li a tua crónica com muita atenção (e... respeito). Na verdade, na minha educação, até os rapazes eram "freiados", mas tudo é uma questão de cultura de cultura e a cultura depressa transmudou, como é sabido. Temos de aceitar a que há agora, muito permissiva. Porém, vive-se melhor, temos de convir, se ver os ambos os lados da questão.
    Abraços

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    1. Olá, Daniel, essa época atual nos dá maior conforto, mas penso que os valores morais eram mais fortes, as famílias eram mais estruturadas, não havia as drogas que geravam a violência que hoje é o mal do mundo.
      Abraços, querido amigo.

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  7. Taís! Bom dia amiga! 0/
    Nossa, eu viajei aqui... Meu sonho foi sempre usar estes uniformes que a gente vê nos filmes europeus principalmente e vocês não gostavam, veja só como é! huahuahua!
    Engraçada a coincidência que ontem eu vim seca aqui para comentar no post da leitura que tu me passou o link que nem percebi que tinha post novo. O.o Mea Culpa!
    Mas a coincidência foi eu ter dito que tu podia escrever um livro sobre essa tua trajetória em colégio de freiras e tu JÁ TINHA escrito um post a respeito sem que eu me tivesse dado conta.
    Carai... apesar de todas as vantagens citadas aqui, por outro lado não parecia ser nada fácil também, principalmente para as pesquisas. Sem Google a vida não faz sentido! hahahaha!
    Sobre Humanas vs. Exatas até hoje existe essa rivalidade e essa arrogância por parte de quem domina as exatas. Eu percebo isso direto sabe? Minha irmã é professora de Inglês e Espanhol e, portanto, ela é de Humanas e as coordenadoras e até diretoras respeitam muito mais os professores de Física, Matemática... tipo, estes tem mais "autorização" para negativar um aluno ruim, as de Humanas tem que "relevar" muitas vezes. Como se fosse menos importante, quando na verdade, não é assim.
    Quando tu visita um lugar ou precisa preencher um formulário, tu não paga mico ao abrir a boca ou ao escrever com erros sofríveis (porque olha, não é para dizer não, mas conheci professores de Matemática que mal sabiam se expressar falando e escreviam pior que as pérolas do ENEM. É sério!), ou seja, nosso conhecimento é visto a olhos nus, os deles não fica tão evidente assim.
    Viver sem ficar, levando tudo a sério devia ser bem sofrido também, as decepções deviam ser extremadas, até pela mentalidade do povo né?
    Ainda bem que muita coisa mudou, mas que muitos valores ainda, por mais difícil que seja, persistam em alguns.
    Amei essa crônica, pensa na ideia do livro. ;)
    Beijos e um ótimo Halloween para ti.

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    1. MI...
      É claro que sem o Google é impossível viver - rsss. Que avanço! Quanto aos uniformes... Usávamos saia curta, mas com freira... tínhamos que manobrar o negócio, enrolar na cintura. Ontem dei de cara com umas alunas do colégio Militar daqui, todas de uniforme!!! Um barato. Fiquei olhando, achei lindo...
      Tínhamos português, inglês e francês. Só não peguei a época do latim, graças a Deus. Aí seria de morrer. Fui horrorosa em matemática, mas quando tirei um 4, entrei em desespero e na prova seguinte consegui um 9. Essa época durou bastante, quem cursou o colégio entre e pegou entre 1960 e 1980, viveu algo engraçado, e fez história. Foi uma época boa, não achei ruim, não. Claro que a atual tem seus pontos muito positivos.

      Beijo grande!

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  8. Que bom que eu também sou dessa época!
    Meu uniforme ainda incluía uma infame gravatinha... até no verão!
    As pessoas eram bem mais unidas e confiáveis. Éramos muito mais.. gente!
    Amei ler, pois lembrei de coisas boas...

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    1. Oi, Ana, o meu também tinha a tal gravatinha... no verão a gente tirava depois de passar no portão! rs
      Beijo, amiga, obrigada pela sua presença aqui

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  9. Oi Tais!
    As suas lembranças nesta postagem me fizeram voltar lá na década de 1960.
    O uniforme que eu usava parecia uma farda cáqui com camisa branca e gravata bordô.
    Os sapatos que você diz, era o passo-doble Vulcabrás, certo? Eles perdiam a cor, mas nunca acabavam.
    E os doces (quebra-queixo) vendidos na porta da escola?
    A garota - baliza da fanfarra?
    A gente fazia "parede" quando tinha um bom filme em cartaz! Naquele tempo não tinha a semana de saco-cheio.
    Enfim, como dizem os gaúchos: "Barbaridade, tchê, viajei na tua"!
    Abraços e bom fim de semana!

    vitornani.blogspot.com


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    1. rs, pois é, não lembro desse detalhe do passo-dobble, mas só sei que o desgraçado não acabava nunca! Doce quebra-queixo? . Garota da baliza? Não lembro...rs
      Que bom que fiz muitos recordarem, viajamos!
      Abraços!!

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  10. Olá, Tais!
    Vivi um pedaço desse tempo, e lembrei que dentre toda a inocência da época, uma das maiores perversões de alguns meninos, era a de por um espelho no rosto dos sapatos, para ver sabe-se lá o que, pois além de ser um espelho bem pequeno, precisava-se ser muito bom de geometria para encontrar o ângulo certo, e até que isso funcionasse, seus truques eram logo descobertos... rss.
    Boas lembranças. Abraço!

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    1. rs, coisas de meninos, ingenuidade da época...
      Trazemos ótimas lembranças que permanecerão pra sempre.
      Abraços, Tito!

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  11. A verdade, é que apesar do sapatão preto.......,
    hoje dão graças a Deus pela educação que tiveram......, Não?????
    Mais tarde....o valor é reconhecido...
    Beijo

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    1. Claro, Andrade, não conheci ninguém, mesmo de gerações anteriores, que não falam das lembranças vividas na sua época. Minha mãe falava muito na dela. Meus filhos falam de sua infância e adolescência.
      Pois é, aquele sapatão me traumatizou... rsss
      Beijo!

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  12. Taisamiga

    Sou do antigamente, do tempo em que era preciso pedir licença para se levantar da mesa onde comia toda a família, do tempo em que os automóveis não traziam cinto de segurança, do tempo em em Lisboa havia eléctricos (bondes) abertos dos dois lados, sou, ainda, do tempo em que se telefonava de um aparelho de manivela e se pedia por favor à operadora para me ligar à minha tia Lurdes.

    Um dia já há uns anos, contava isto tudo aos meus quatro netos e à minha neta (estabeleci com eles uma cumplicidade de que me orgulho e tenho pena de o não ter feito com os meus três filhos, por falta de tempo e bla, bla, bla) que são bem comportados e bons alunos e me ouviam com atenção.

    Foi quando o Vicente que então tinha quatro anos (agora vai fazer 16) disparou: "O avô é mesmo muito velho..." Calei-me e nunca mais lhes contei coisas dessas,,, rrrsss

    Qjs & abç ao Pedro

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    1. Pois é, Henrique, não fale muito que você se entrega!!! rsssss
      Mas é muito bom recordar. Estamos todos vivos pra contar, graças a Deus rss. Temos história.
      Beijos!

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  13. Poxa, estudei em colégio de Freiras também, no tempo que se cantava o Hino Nacional antes de entrar nas salas de aula, nas filas. Usava farda: bermuda azul e camisa branca com o logotipo da escola no bolso. Era terrível em matemática feito tu, ainda sou, odeio. Em vez de Google, internet, dessas comodidades de agora, fazia pesquisa na Biblioteca Publica do bairro. Maior viagem tua crônica, Tais. Ótima!

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    1. Poxa... o Hino Nacional! Hoje cantam Funk. Sobre a matemática, ainda bem que decorei a tabuada melhor do que ninguém, hoje sou uma calculadora. Mas só nas 4 operações rs. O Google vale a época, o século com todos os prós existentes. Hoje os alunos têm vida bem mais fácil.
      Todos viajamos um pouco, né Fábio? Que bom.
      bjus.

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  14. Taís, durante o ginásio estudei num colégio interno, de freiras...O uniforme era como você descreveu, mas, aqui ainda usávamos gravata. E o uniforme de ginástica? Deixa pra lá rsrs... Inglês, francês...esqueceu do pavoroso latim rs?
    Foi muito bom. Que educação e respeito, que hoje já não existem.
    Querida Taís, adorei a sua crônica.
    Beijos!

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    1. rss, eu falei para a Ana Bailune ( mais acima) da gravatinha. Depois de passar pelo portaria eu tirava. Passava colocando e tirando aquela gravata asquerosa. Quanto ao latim... pois é, não peguei rss graças a Deus já tinha caído. Acho que eu partiria para um suicídio rsss. Bons tempos, saímos vivas!

      Beijos, Shirley!!

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  15. Amiga Tais, velhos tempos, belos dias...Podes me chamar de frouxo, mas lacrimejei ao ler este texto MARAVILHOSO..
    Acho que jamais voltarão aqueles tempos. Aquilo era viver. Impossível não concordar com tudo que disseste aqui.

    Estou colando aqui, a letra da música do Nelson Coelho de Castro, para a gente matar a saudade.

    Aquele Tempo de Julinho
    Nelson Coelho de Castro


    Aquele tempo do julinho, né?
    Eu jamais vou me esquecer.
    Eu pensei que era um filme, ne?
    Eu jamais irei me ver.
    Eu tenho um picho pra cair.
    Eu tava afim dum futebol.
    Eu voltava a pé do centro.
    Tu tá ficando é pirol.
    Vamos lá na mesma boca.
    Pra mim o tempo não passou.
    Eu não me lembro mais de nada.
    Mas foi aqui que começou.
    Vamos armar uma jogada, neh?
    Vamos virar o mundo então.
    A saudade nos matou de vez.
    E engordou meu coração.
    Olha ai vou dar uma banda.
    A gente espera por aqui.
    Eu vou transar um lance agora.
    De repente eu volto aí.
    Mas a vida continua.
    Eu não me lembro que sonhei.
    De paixão eu morro sempre.
    E eu sempre me enganei.
    Já tamo até acostumados, né?
    Com as linguas do país.
    É muito trolha na jogada, né?
    Ainda penso em ser feliz.
    Mas como o Zé tá demorando.
    Minha cabeça vai doer.
    Olha ai tão escutando.
    Tem um triller pra se ver.
    Tá baixando o pau na esquina.
    E são dez pra cacetiar.
    Tão demulindo aquele cara.
    Vamos assisir assassinar.
    Olha lá que é o Zé meu deus.
    E ele já nem grita mais.
    E nós estamos aqui parados, neh?
    E esse choro pelo gás.
    E tá pintando aquele medo.
    Vamos nós fazer o que?
    Tá subindo aquela raiva.
    Dá obriga por correr.
    Adeus pavor, vamos brigar.
    Até o fim, até se dar.
    Adeus pavor, vamos brigar.
    Até o fim, até se dar.
    Vamos la, vamos nos,
    o desespero ainda resta bonito, Ze,
    Vamos brigar vazando fel.
    Vamos brigar com a raiva toda Zé.
    Fica olhando ai do ceu...
    Aquele tempo do Julinho, ne?
    Eu jamais vou me esquecer.
    Eu pensei que era um filme, ne?
    Eu jamais irei me ver.....


    Um abração. Tenhas uma excelente 4ª feira.

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    1. Meu bom amigo Dilmar, tens a sensibilidade dos poetas e amei teu comentário! Me sinto recompensada, já que conheces o nosso 'Julinho' e podes te situar nas coisas que falei, dos colégios que conheces etc. Adorei a letra aqui deixada!
      Obrigada, Dilmar, tua presença aqui é de muito valor.
      Grande abraço!

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  16. Olá querida Tais,é para sentir orgulho deste tempo que digo ter sido maravilhoso, eu usava uma gravata que meu pai tinha que dar o nó todo o santo dia, até que certa vez ele resolveu para sempre fez o nó e depois minha mãe colocou um botão escondido atrás rsssssssssssss, o uniforme para fazer educação física, nem queiram saber como era rsssssssssssss Tenho saudades, pois foi um tempo de muita responsabilidade. Belíssima sua crônica. Grande abraço!

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    1. rss, a gravata!! Eu colocava na portaria, depois tirava. Vinha a freira e colocava... que luta! A minha, o nó vinha pronto. O uniforme de educação física? rsssssssss credo. Marli, os colégios ainda existem, mas não dá mais para reconhecê-los! Ai, amiga... nós temos histórias!
      Beijo grande, meu carinho.

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  17. Taís: Amei ler o teu texto são recordações do nosso passado Lindo texto gostei.
    Beijos
    Santa Cruz

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    1. Olá, Santa Cruz, que bom você aqui, amigo! Pois é, quantas histórias temos guardadas, não?
      Um grande abraço, atravessando as fronteiras e chegando aí nesse teu lindo Portugal.

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  18. Anônimo12:39

    Minha querida amiga Tais,em que planeta tu vivias ? rsrs...brincadeira, sou de um tempo parecido com o que colocas no texto,muita nostalgia diante do que nos choca todo dia,na área coportamental, nessa geração tão autosuficiente e tão perdida, da liberdade,dos valores verdadeiros, do olho no olho, como falaste e não um ser fake. Eu também credito, o ser que sou hoje graças a uma educação que se passava de pai para filho...eu não tenho filhos ,mas tenho sobrinhos, e tento dizer, orientar, mas prefiro ser um tio legal, deixo sempre a última palavra para eles, afinal eles é que viveram suas vidas, como eu fiz e faço com a minha. Adorei o diálogo rs, imagina hoje essa gurizada com respostas prontas e desaforadas na ponta da língua,e o dizem com a maior naturalidade, cadê o respeito, guri ? eu ouviria, se não me comportasse com meus pais ou qualquer outro ser, com ou sem a presença de meu pai (meu falecido e sempre lembrado e amado pai).
    Não pude deixar de ler o comentário de nosso amigo e blogueiro Dilmar, apesar de ter minha vida infantil e jovem no interior,sempre amei e visitei Porto Alegre, e o Julinho sempre foi meu sonho de consumo, e amo a música que acompanhou o comentário de nosso amigo. Querida Tais, impressionante como consegues tocar tão profundamente com uma crônica ? eu respondo: tem muito sentimento e verdade nas tuas palavras, e uma intimidade para juntá-las e nos proporcionar sempre este turbilhão de emoções. Parabéns sempre minha amiga,é muito bom estar aqui e alimentar a alma.
    ps. Carinho respeito e abraço.
    ps2. blog do jair ou histórias de músicas e pessoas

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    1. Meu bom amigo Jair!! Pois é, nesse mundo atual é que eu não cresci, rss, escapei. Tive infância, juventude, tudo ao seu tempo. E que bom que não tinha essas tralhas informatizadas. Lógico, é bom tê-las agora, com cabeça já feita, mas melhor foi ter crescido sem elas. Sentimos a vida em todas as suas nuances. Hoje vejo bem o que você falou, respostas desaforadas, foi-se o respeito. Tudo é meio que largado. E o ensino? Orgulho foi lá atrás, entre os anos 60 e 80 - uns mais novos, outros mais maduros. Só agradeço por ter escapado do latim. Já não havia mais.
      Amei também teu comentário (olha eu usando o nosso 'TU' - não uso na escrita, mas agora faço questão! rss)
      Obrigada, amigo, meu carinho.

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  19. Belos tempos! Se não me engano, no fardamento, além das peças que descreveste, em alguns colégios era exigida, também, uma pequena gravata ou um laço. Morava em Recife, tinha uma namorada que estudava num colégio no próximo ao centro da cidade e, como a mãe dela era metida a besta, não permitia o nosso namoro porque eu era de origem humilde. Daí, eu ia esperá-la na saída do colégio e voltávamos a pé, pois assim, demoraria mais a chegada em casa e teríamos mais tempo para os arroche e os beijim. Rsrs. Lindo texto amiga. Me fez retornar aos velhos e bons tempos.

    Abraços,

    Furtado.

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    1. Furtado, bom amigo, achei tão lindo esse seu comentário...Sua namoradinha estava bem de mãe, heim?? Mas vi que valeu a pena. O bem ficou na lembrança. Eu também tinha a tal gravatinha, era moda universal!! Falei nos comentários de algumas. Esqueci dela, mas como passávamos calor...
      Grande abraço, Furtado.

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  20. Muito linda esta lembrança de um tempo de feliz idade e de entrega aos estudos e ao respeito total aos paramentos da educação em toda sua extensão. Lembro bem dos uniformes escolares,assim se falava na Minas daquela época dos anos 60. Adorava ver o distintivo na camisa e as meninas bem arrumadinhas com suas saias plissadas pelas ruas da cidadezinha.
    Lembro que tinha de tomar bênção aos mais velhos independente de parentesco.
    Que bom recordar Tais!
    Um lindo fim de semana a você com paz e muita luz em seus dias e família.
    Abraços.
    Beijo de paz amiga.

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    1. Olá, Toninho, o que gosto de ver é que cada um conta um pouquinho lá de seus anos dourados. E o que contam foram as coisas boas que ficaram, as ruins... não valem a pena guardar.
      Bjus, um ótimo fim de semana pra você.

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  21. Cara Tais

    Não sei se aqueles tempos foram melhores ou piores, mas me deixam saudades e, ao menos a certeza de que a educação, embora rígida e conservadora tinha um norte bem definido. Havia pequenas coisas que se perderam como respeito ao mais velho e à hierarquia e a pequenas palavrinhas que hoje sabemos tudo o que representavam como: bom dia, por favor, obrigado.

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    1. Olá, Bernardo, como está você?
      Olha, naqueles anos 'duros' também tivemos muitas coisas que marcaram, mas éramos jovens e o que ficou em mim foram as lembranças particulares e muito do tempo de colégio - um tempo que marca bastante, como a nossa infância também marca. Você fala em boas maneiras, o bom dia, por favor e obrigada... Nossa, quando escuto isso até me emociono!!! rs
      Grande abraço, adorei sua visita.

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  22. Este artigo fez-me lembrar os tempos em que em Portugal também era assim. E será que não eram bem melhores ?????

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    1. Olá, Jorge, olha, pelo que estou vendo, tantos os amigos de Portugal como os brasileiros estão dizendo que sim... Nem tudo, é claro. Mas muito.
      Grande abraço pra você e outro a esse seu lindo Portugal.

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Muito obrigada pelo seu comentário
Abraços a todos
Taís